2/10/2005

LARGUEI A PÁ POR UMA NOITE E FUI AO OITA

Entre mim e o Manel houve sempre uma pequena divergência: Eu acho que cinema não é igual a teatro, ele acha que sim. Claro que se chegarmos a ir a meças, quem fica com a bicicleta é ele e muito bem. É mais velho e supostamente percebe da poda, já que passou a vida a fazer filmes (embora me pareça que depois do Aniki Bobó deu uma pancada com a cabeça e nunca mais foi o mesmo). Também está mais que visto que nenhum intelectual nem nenhum crítico se vai arriscar ao descrédito total defendendo uma padeirita que ainda por cima tem empregadas ordinárias que passam a vida a fazer olhinhos aos clientes. Compreende-se.
Apesar disto tudo confesso que o rapaz me consegue tocar o coração. Porque no fundo eu sou uma padeira sentimental, é o que é.
Ontem fui ao Cinema Oita, o meu preferido aqui no burgo por não ter que levar com o pessoal da pipoca, dos risos imbecis e da coca-cola que se sorve até ao gelo, e vim de lá sem saber muito bem se dizer bem se dizer mal, o que numa rapariga terra a terra como eu constitui um problema existencial de contornos graves.
Este filme, no fundo, não é mais que um texto (excelente) de José Régio. Ou será que é? Talvez seja. A banda sonora de Carlos Paredes serviu-lhe na medida certa. Os actores, irrepreensíveis. A fotografia cria o ambiente adequado. O tema (que foi o que realmente me levou lá), é um dos mais debatidos (precisamente porque dos mais interessantes) da nossa história. O nosso grande mito, o nosso Rei Artur mas do avesso, a nossa pedra no sapato... ainda à espera de uma manhã de nevoeiro.

Bem, mas que diabo estou eu para aqui a dizer? Vou mas é cozer uns cacetes. Olhem, no fundo era só isto: Podem ir ver que não dão por atirados fora os 4 euros. Pronto.

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