3/01/2005

SEM TÍTULO

Quando havia vinte e cinco tostões no bolso poupados aos pequenos-almoços na escola, passávamos pelo carrocel a caminho de casa para uma voltinha. Íamos sempre nos cavalinhos de fora porque são os que andam mais e nós sabíamos isso porque nas aulas de atletismo corríamos sempre na pista de dentro.
A música misturava-se, em compassos desajustados, com o chocalhar da maquinaria do carrocel: "Eras tu, eras tu, oh Madalena! Eras tu, eras tu, oh meu amor!"
A Madalena, miúda franzina e sardenta com o cabelo curto mal aparado em casa, emocionava-se sempre: - "Estão a ver? Madalena sou eu! Esta música é para mim!" - e tinha dois minutos da mais pura felicidade por vinte e cinco tostões na feira do Rossio.

E porque diabo o programa de ontem à noite na RTP me fez lembrar isto?

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