8/03/2007

FATUM


Conheci em tempos uma cigana. Quando eu digo conhecer, quer dizer que foi conhecer mesmo, do tipo passar por ela na rua e dizer boa tarde dona não sei quê, o que, deixemo-nos de tretas, não é habitual. Mas aquela, por motivos que não vêm ao caso, posso mesmo dizer que era uma conhecida minha.
Essa cigana tinha, como é tradição, muitos filhos. Sete, para ser mais precisa. Depois do desmame do sétimo, e sob a influência das senhoras que conhecia, descobriu que a vida não tem que ser toda passada necessariamente com um ou mais catraios agarrados às saias e resolveu, numa atitude quase revolucionária, parar por ali. Efectuadas as necessárias negociações familiares, com a devida autorização do macho (que primeiro se certificou que o processo não inviabilizaria o poder “servir-se” da sua mulher como era seu direito), com a tolerância da sogra e do resto do clã, apresentou-se no Hospital D. Pedro V para se submeter a uma laqueação de trompas, o que foi prontamente considerado “razoável” pelos doutores encarregados de analisar o pedido.
A intervenção (que naquele tempo e nos serviços públicos de saúde se limitava a um corte que separava as trompas do resto do equipamento) teve lugar e a vida continuou como de costume, apenas no caso dela com menos uma gravidez a seguir a outra.
Só que um belo dia, decorridos que estavam uns dois anos, ela apareceu um pouco mais larga que o habitual.
- Então?
- Ai D. ****! Não é que estou outra vez de barriga?
- Mas como?!
- O doutor já me explicou! A natureza não se dêxou enganar… e ajuntou-me outra vez as partes cá em baixo! Aiii!!!

2 comentários:

Alf disse...

Ajuntar as partes de baixo dá nisso...

Didas disse...

Lol!