8/30/2012

Sim, eu também ando na gritaria

Ouvi hoje um senhor do PSD classificar de "gritaria desnecessária" a indignação dos que já viram que este governo ultrapassou todos os limites e está a levar o país para o caos. Vi e passou-me pela cabeça, de repente, a imagem do que eu acho que o autor de tal afirmação merecia. Não a posso aqui reproduzir fielmente (andam muitas crianças na net), mas posso adiantar que essa imagem inclui cadeia, duche colectivo, sabonete que cai ao chão e alguns indivíduos de etnia africana, em número não inferior a vinte e de preferência de grande porte. Podiam até ser da mesma nacionalidade dos que vão comprar a RTP. Se vêm ao nosso porque não irem também ao dele? Para lhe ensinarem o que é gritaria.

8/29/2012

O menino que coleccionava tiquets

Era fim de tarde. O puto de mochila às costas e casaco à cintura saiu do carro e correu para o parquímetro. Meteu um euro e recolheu o tiquet de estacionamento. Enquanto isso, a mãe tirava sacos de compras do porta-bagagens, alheia a tudo. Com o mesmo entusiasmo com que tinha corrido para o parquímetro, o garoto correu de volta para junto da mãe.
- Olha! - disse ele orgulhoso enquanto mostrava à progenitora a sua mais recente aquisição.
- Tu gastaste o euro que eu te dei a tirar um tiquet de estacionamento??? - respondeu-lhe ela entre o estado de furiosa e o de incrédula - Tu estás bem da cabeça???
Numa última tentativa de justificar o acto que tanta satisfação lhe tinha dado, o miúdo ainda argumentou:
- Eu já tenho muitos!...
E eu assistia da minha janela a este momento fatídico em que uma mãe morta de cansaço dum dia de trabalho e de super-mercado, a sair dum carro estafado, descobria que o filho gastava todas as suas moedinhas a tirar dos parquímetros tiquets de estacionamento que coleccionava como se fossem cromos da bola.
- Anda para dentro que já falamos! - foi a última frase que ouvi antes de ambos entrarem no prédio, ele derrotado de cabeça baixa, com aquele ar com que as crianças ficam quando descobrem mais uma crua realidade daquelas que lhes vão remendando os bocados que farão delas adultos.
Neste caso, a de que um parquímetro não é um brinquedo mas um inimigo a evitar. Paciência, é assim a vida.
Fui para dentro também.

8/25/2012

Esclarecimento

E já agora aproveito para esclarecer os maledicentes que andam para aí a dizer que não entendem a decisão de concessionar a RTP.
Quem pensa que o governo vai concessionar a RTP porque esta já está financeiramente estável e que isto não passa duma jogada para favorecer os amigalhaços que mais tarde lhes irão garantir o pãozinho quando este povo burro se fartar de votar neles é mentira. Quem acha que mais tarde ou mais cedo irá ver alguns inúteis que nem capacidade tiveram para tirar licenciaturas sem favores em grandes cargos fictícios na dita RTP ou em qualquer outra empresa do mesmo grupo (vulgo, de angolanos), está a ser mesquinho e má-língua.
Ora, como todos podemos ver, a concessão da televisão pública obriga o concessionário a continuar a prestar serviço público, o que é muito bom! Assim, podemos estar descansados pois continuaremos a ter futebol com força (não do campeonato nacional mas esse também só funciona à força de fruta), concursos fantásticos, o Sozinho em Casa no natal, a vida de Cristo na páscoa e quem sabe se é desta que finalmente vamos ter um programa da astróloga Maia!
Claro que vamos continuar a pagar 2 euros e tal por mês para sustentar isto mas que diabo, um maço de tabaco é mais caro e há quem compre todos os dias!

8/19/2012

E já agora mais um lugar comum: É o que temos!

Já conheci muitas pessoas que justificam a sua própria boçalidade com a verdade. São os que dizem que os outros não os gramam porque eles "só dizem as verdades". É um síndrome muito comum entre os básicos que não conseguem parar um segundo para pensar se as suas verdades serão, na realidade, as únicas possíveis e se será legítimo o insulto fácil e gratuito. Por isso não me espantou nada ver o cacique da ilha da Madeira a usar esse argumento. Da mesma forma que não me espanta nada ver 70% de simplórios a votar nele consecutivamente.

8/13/2012

E não chove nem nada!

Acho que desde que lavei o carro pela última vez a aranha que vive no meu espelho retrovisor fez obras em casa. Aliás, a avaliar pelo tamanho a casa já tem anexos e churrasqueira e eu dificilmente consigo ver quem vem atrás, o que é sempre perigoso mas muito mais nos tempos que correm.

8/11/2012

Um 2 em 1!

E ao governo eu dou uma ideia ainda mais à frente: Além de extinguirem a fundação Paula Rego aproveitam a nova lei contra o vandalismo e, só à conta deste painel, vai tudo parar à esquadra!

8/05/2012

Goodbye Norma Jean

Fez hoje 50 anos que morreu Norma Jean, abandonada por todos os que a bajularam, ganharam dinheiro à sua custa ou com ela se deitaram. Transformada em Marylin num tempo em que as estrelas não podiam ter nomes humanos foi, dizem, o verdadeiro ícone da mulher fatal. Na verdade estas mulheres ditas fatais, ingénuas ao ponto de se convencer que detêm um poder que é falso, sempre foram mais fatais para si próprias do que para os outros. Toda a gente sabe que as sonsas se safam muito melhor.

8/01/2012

Não há solução

Se isto fosse um país normal eu até era capaz de estar um bocado deprimida por causa da judoca melhor do mundo que levou nos fagotes logo ao primeiro combate, com os nadadores que só faltou irem ao fundo em plena prova, com a brasileira que só se lembrou que estava grávida uns minutos antes da prova, com os tipos de ping pong que vieram embora com as bolas entre as pernas e com isso tudo. Mas na verdade estou-me a borrifar.
Estou-me a borrifar para isso tudo porque no dia em que foi aprovado reduzir o salário a todos os desgraçados que já ganhavam mal e tinham que fazer horas a mais para pagar a creche e a conta do gás, o ministro dos pastéis de nata foi às notícias chamar a isso "reforma estrutural".
Estou-me a borrifar para isso tudo porque vi gente do povo dizer para as câmaras que o palhaço que nos representa com os votos de 23% dos portugueses merece mais ter umas boas férias do que nós.
Estou-me a borrifar para isso tudo porque o político que tem os maiores índices de popularidade entre os portugueses é o mesmo que se meteu em negociatas para nos impingir uns submarinos do ferro-velho e toda a gente sabe e acha normal.
Quanto vale cada hora (não digo de trabalho porque trabalho é uma palavra demasiado forte para essa cambada) em que os inúteis que nos desgovernam se juntam a combinar tirar-nos o que nos resta de dignidade?