2/29/2012

O mistério dos aviões que se desmancham no ar

Depois de mais um incidente com a TAAG em território nacional tive curiosidade e fui ver. Quem é que deixa estes gajos andar pelos seus céus a largar peças? Não são muitos não senhor, mas mesmo assim são estes: Portugal, Brasil, Cuba, China... alguns países africanos e alguns europeus. Portugal percebo porquê, eles estão a pagar. China também, se cair uma porta, um trem de aterragem, aquilo é mais chinezinho menos chinezinho. Cuba... deve ser por simpatia. África por fraternidade. Agora, o Brasil e os restantes europeus não vou lá. Porque é assim, de Angola para cá, se caírem peças do céu é em pleno deserto (ex-ministro dixit) porque eles não passam de Lisboa! Mas por exemplo, para chegar até Paris dá para fazer uma data de estragos!

2/27/2012

E desta feita na livraria...

Hoje, durante a minha voltinha higiénica da hora de almoço, voltinha essa que dou habitualmente com o radar ligado na potência máxima, entrei na livraria do shopping. Uma senhora, enrodilhando-se à volta dum dos infelizes empregados, insistia:
- Eu sei que é um livro que conta a história dum rapaz que fazia viagens!
E ele, paciente, que "minha senhora, há muitos livros de viagens!" Ao que ela rematava sem deixar a bola cair: - "Mas este mete umas coisas sobre a Pérsia ou lá o que é isso! Não chega lá assim?"
- Se a senhora me der o título completo é mais fácil!
- Ainda há bocado estive a ver na net mas esqueci-me de apontar o nome!... - caramba, lá tinha a mulher que se esquecer de apontar a coisa mais importante! Ela bem sabia pormenores, mas não sabia que para apreciar a vista tem que subir o estore! Só espreitar pelos buraquinhos não dá!
Vim embora e deixei o desgraçado a dar-lhe o número de telefone da livraria. Quando a senhora souber o título basta ligar e nós dizemos-lhe se temos! Ou seja, não voltes cá oh chata do caraças!
É dura a vida, chavalo!

2/26/2012

Não é tudo mau

Hoje li que a taxa de mortalidade infantil em Portugal é uma das mais baixas do mundo. É bom. Não sabemos muito bem para o que nascemos neste país para além da certeza de irmos pagar muitos impostos e recebermos pouco dinheiro. Mas pelo menos nascemos rijos e sadios. Ainda bem!

2/24/2012

Da rotina e de como ela pode ser, às vezes, surpreendente

A senhora à nossa frente na fila do super-mercado era uma senhora como as outras todas. Vamos chamar-lhe, para fixar um padrão reconhecível por todos, "mãe de família". Aquela que imaginamos  a empurrar a bicicleta da criança, com rodinhas atrás, ao sábado à tarde no jardim. Aquela que não dá nas vistas, nem para o bem nem para o mal. Nem precisa. A vida dela é dela.
Começou a pousar as compras na caixa e a empregada começou a passá-las pelo leitor de códigos de barras. Até que, no meio de pacotes de esparguete, fruta e detergentes, passou a embalagem de preservativos com sabor a morango pela qual ninguém daria conta a não ser que... a empregada resolvesse chamar a atenção de toda a gente para ela. O que efectivamente fez.
- A senhora sabe os cuidados que deve ter a usar este tipo de artigo? - atirou ela para o ar com a embalagem na mão, que naquele momento se assemelhou a uma bandeira do PNR no meio duma festa africana, pelo menos a mim que nem tinha nada a ver com isso.
- ... Sssssei... balbuciou a senhora que de certezinha nunca tinha imaginado quaisquer "cuidados especiais", nem mesmo os de evitar que toda a vizinhança soubesse que usava preservativos com sabor a morango.
- Muito bem! - continuou a despachadíssima empregada de caixa - Mas também não faz mal perdermos um bocadinho de tempo e eu vou-lhe explicar muito sucintamente.
A partir daí foi um festival de explicações em voz bem alta, para que se soubesse que não era nenhuma analfabeta do latex, sobre a fragilidade e a toxicidade dos produtos que conferem sabor, bem como a necessidade de usar um tamanho adequado ao recheio que a senhora estaria a planear meter lá dentro porque "Está a ver, não leve a mal, eu nem conheço o seu marido!". Já eu e o meu, sei que nos virámos um para o outro e fingimos conversar sobre o ponto de cozedura do pão que estávamos a comprar e outras banalidades para poupar a cliente da frente a mais embaraços do que os que já estava a passar. A senhora ia dizendo que sim a tudo, embora fosse visível que a única coisa que lhe apetecia fazer naquele momento era entrar numa máquina de teletransporte que a pusesse em Marte em menos de três segundos. No fim da tortura, a empregada rematou com um "Sabe que nós temos obrigação de informar os clientes!" e pediu desculpa por aquele bocadinho que lhe tinha roubado, embora não por lhe ter estragado o dia e possivelmente a queca do fim-de-semana. Deve ter sido esquecimento.
E é assim que uma simples ida ao super-mercado dá um post.

2/23/2012

De cavalo para burro

Miguel Relvas, o ministro com cara de vendedor de carros usados em estado impecável, concluiu brilhantemente que a decisão de não dar tolerância de ponto aos funcionários públicos no carnaval foi um êxito sem precedentes que terá que repetir-se para o ano. Concluiu ainda que obrigar a malta a ir trabalhar nesse dia é a receita infalível para sair da crise e que para as câmaras municipais sobre-endividadas, isso, então, é como xarope de cebola para a constipação. Pôr a malta a fazer ofícios e editais, bem como a gastar água, luz, assentos das cadeiras e papel higiénico no dia de carnaval é a solução. Tão simples e ainda ninguém (tirando o sr. Aníbal que de qualquer modo desistiu logo da ideia) se tinha lembrado! Eu se fosse a ele até fazia mais: Em vez de acabar com os tachos nas empresas municipais deficitárias, com as derrapagens nas obras públicas e ninharias desse género, decretava carnavais todas as terças-feiras daqui até ao fim do ano e punha o pessoal a trabalhar em todas! Aquilo era um ver se te avias a pagar as dívidas todas aos fornecedores e a prosperar até não saberem o que haviam de fazer a tanto guito!
O governo anterior era um desastre mas este é uma catástrofe natural. Que Deus nos valha se souber como porque nós, obviamente, não sabemos.

2/22/2012

Buracos no tecto, pilhas e rebarbadoras

Porque me sinto profundamente angustiada quando não percebo uma m*rda qualquer que aparentemente até é simples, preciso com urgência que alguém me explique a lógica daquela anúncio da Maxmat em que um bacano está sentado em casa e lhe começa a pingar do tecto duma maneira que assim à primeira a gente até pensa que o homem está no duche. Nisto vem-lhe à cornadura a imagem duma rebarbadora e o gajo parece que lhe nasce uma alma nova apesar da racha no tecto que deixa passar a chuva, que é um momento em que, quando muito, a gente pensaria num balde ou num alguidar e em mudar o sofá uma beca para o lado. Mas para complicar ainda mais o tipo pensa numa embalagem de pilhas e então é que sim, é o delírio!
É que nada disto faz sentido para mim. Assim de repente consigo pensar em pouquíssimas coisas que nos façam ficar felizes com uma rebarbadora, especialmente numa altura em que acabámos de constatar que temos o telhado todo f*d*do. Já para as pilhas ocorrem-me algumas situações de possível satisfação, mas mesmo assim!...
Haverá para aí alguma agência de publicidade que me queira contratar? Prometo que não faço tão mal.

2/21/2012

Meu Deus, os nomes!

O problema dos gregos não é só a crise. É os nomes. Deve ser um fardo enorme uma pessoa chamar-se Papademus durante toda a vida. Mais, como é que a gente se dirige a alguém chamado Papademus sem se rir?  Eu sei que nós também temos Possidónios e Hermengardas mas é naquela, são poucos!
Em comum com a Grécia nós só temos uma coisa: Os submarinos alemães. Só que nós temos dois e eles têm seis. Pelo que se conclui que quanto mais submarinos alemães se tem (para pagar) mais depressa se vai ao fundo. Além dos nomes...

2/20/2012

DAH!

Eh pá, a sério, parem de mandar aquela bujardada mais do que batida de que o carnaval é o divertimento com data marcada. Não que eu ache qualquer piada ao carnaval. Não acho. Aliás, poucas coisas são mais imbecis do que sair para a rua em Fevereiro a  fazer de conta que não está uma rapa de racha-pessegueiro e a debitar as piadas mais secas, capazes de ganhar qualquer campeonato mundial de piadas secas. Agora, sejamos justos, acusar o carnaval de ser uma altura em que se convenciona que temos que estar divertidos e patati patatá, é mais cretino ainda do que o próprio carnaval! Pensem bem: Se queremos fazer figura de parvos, se sentimos mesmo necessidade de fazer figura de parvos e se isso é importante para a nossa vida, é bom que nos combinemos todos e o façamos ao mesmo tempo, não? Ora pensem lá!

2/19/2012

E nós com cara de ursos...

A propósito do Urso de Ouro ganho por João Salaviza no festival de cinema de Berlim, já li várias vezes em várias notícias que o chavalo tinha ganho o prémio para a melhor curta. Assim. Isto leva-me a pensar, não que tenha havido também um prémio para o melhor na categoria das compridas nem que o rapaz tenha efectivamente alguma coisa mais curta do que o tamanho normal. Até porque graças a Deus e apesar de simples padeira ainda sei que neste contexto, curta é curta-metragem. O que me leva a pensar é que nas gentes que (acham que) se movem nos meios artísticos há dois tipos de tiques: Os que acham que o mundo acaba na porta do quintal da sua casa e os que acham que o mundo acaba MESMO na porta do quintal da sua casa. Os primeiros são os que não acreditam mas querem fazer de conta que acreditam que a vida é um filme gigante, os segundos (em maior número) são os que acham que quem não dominar o tema não é digno de passar da porta do quintal deles para dentro.
E parabéns ao João Salaviza que não tem nada a ver com isto.

2/18/2012

Complicar para quê?

Há muita gente que se pergunta como é que se faz aquelas fotografias dos anúncios do antes e o depois para vender comprimidos, cintas, maquilhagem, cremes de baba de repteis vários e outras m*rdas dessas. É fácil. Primeiro tira-se uma fotografia a uma gaja, depois tira-se a outra!


Pessoal, tenho que dizer isto: A entrevista que o novo cardeal português, Monteiro de Castro, andou por aí a dar hoje tocou-me profundamente. O homem parece que adivinhou os meus pensamentos, carago! O maior problema em Portugal (diz ele) é as mulheres não poderem ficar em casa. É assim, na verdade ele é um radical, eu sou mais moderada. Claro que adorava ficar em casa de manhã a consumar a relação afectiva que tenho com os meus lençóis e o meu edredon em vez de apanhar a porcaria do autocarro cheio de povo a feder a sovaco e passar os dias a meter carcaças no forno e a aviar brioches quer me apeteça quer não. Claro que adorava poder levantar-me ao meio-dia e dar uma voltinha pelas lojas. Mas isso, senhor cardeal, não é o maior problema de Portugal. O maior problema de Portugal (cheira-me) é haver tantas mulheres que não só podem como têm que ficar em casa porque não há onde trabalhem. Aliás mulheres, homens e "something in the middle", está tudo a ficar em casa de castigo e sem ter um chavo para pagar a renda e os precisos. De resto estou consigo querido, o meu sonho era ser dondoca, assim Deus o ouça. Já agora, se me quiser adoptar para que eu possa seguir a minha vocação já sabe, é só aparecer por aqui a tomar o pequeno-almoço.
Resta-me desejar-lhe uma magnífica cerimónia cardinalícia onde o santo papa lhe há-de entregar o anel e os barretes. Dos grandes!

2/15/2012

E aqueles que por obras valerosas...

Do homicida de Beja dizem os vizinhos e conhecidos que nunca esperavam tal pois era uma pessoa impecável. A única coisa que tinha feito antes, que se soubesse, era um desfalque. Claro que não pretendo, nem de longe, insinuar que matar a família toda à catanada é menos grave ou mesmo tão grave como um desfalque. Mas não deixa de ser curioso que para o portuga o autor de desfalques possa ser um gajo porreiro que não nos importamos de ter por perto. E quem diz o que faz o desfalque diz o corrupto, o chico-esperto, o desonesto em geral. Só nos gera desconfiança o que não vai todos os dias à mercearia do bairro contar a vida toda. Pobre povo este.

2/13/2012

E entretanto continua-se a discutir se haverá um pacote capaz de salvar a Grécia.

Pois eu acho que nós, se um dia dependermos de um pacote para nos salvar vamos safar-nos lindamente. Se há coisa que este país tem são pacotes robustos, pacotes com vida própria, pacotes capazes de parar o tempo por instantes. Tenho dito.

2/12/2012

Porque se isto resulta, está claro que o defeito só pode ser meu

Nos tempos em que via a minha bisavó a falar com a televisão ainda não me interrogava sobre isto porque nesse tempo, do alto dos meus 6 anos de idade, sabia que era impossível alguma vez me acontecer o mesmo. Não o falar com a televisão, claro, pois esse era um objecto que eu dominava completamente. Nem sequer vir a achar estranho que ela ganhasse cores ou um número impressionante de canais para escolher. O que eu só muito mais tarde me comecei a perguntar foi quando é que a vida nos ultrapassa. Qual é o momento em que sentimos que alguma coisa está irremediavelmente fora da nossa compreensão. Aquele primeiro momento em que caminhamos para actos que farão os mais novos olhar para nós como peças de museu que vivem num tempo distante e a preto e branco.
Acho que esse primeiro momento me aconteceu recentemente com o conceito das "presenças pagas". Compreender a lógica que leva alguém que é ignorante, boçal até, que não tem qualquer talento nem sabe que a África não é um país a ser contratado para estar numa discoteca com um copo na mão a fim de atrair clientes está decididamente além da minha capacidade de compreensão. A partir daqui vai ser sempre a descer. Penso eu de que...

2/11/2012

Foi bonita a festa pá

A CGTP realizou hoje com grande sucesso a festa de debut de Arménio Carlos, na qual compareceram cerca de 300.000 figurantes apenas a troco duma viagem de camionete, pelo que o evento ficou muitíssimo em conta. Dizem as estatísticas que, nas próximas eleições, pelo menos 75% desses figurantes irá votar no partido do poder ou noutro equivalente ou, em alternativa, irá à Costa da Caparica comer um arroz de frango, por conta própria e tendo que pagar o bilhete na carreira do seu próprio bolso. Mas sempre foi um passeio bonito à capital.

Quando for grande quero ser bailarina


2/09/2012

Carta aberta (não temos envelopes)

Hoje é só para dar umas palavrinhas ao Dr. Aguiar Branco porque pronto, nós aqui na padaria somos amigas e isso.
Dr.
Queria lembrar-lhe que, para além da malta da tropa, toda a maralha anda para cima de f*dida com a fomeca, a começar aqui pela empregada que já me anda a ameaçar com greves de braços caídos e com caganitas de ratazana na farinha do pão e sei lá mais o quê. Só que a maralha normal como nós não tem como se ir a eles (vocês). Não está organizada, não fez recruta, e só alguns é que têm umas caçadeiras que de resto só servem para caçar uns coelhos mas dos piquenos, vá, daqueles fofinhos que aparecem nos PPS's e que até é uma pena dar-lhes uma chumbada. Já a malta da tropa é outra conversa. Esses gajos têm pistolas a sério como a gente vê nos filmes e, mais grave ainda, tem para lá uns tipos malucos que de vez em quando se passam e lhes dá uns vaipes. Há quem diga que é dos treinos, de andar lá com as fuças na lama mas também há quem ache que é da comida das cantinas nos quartéis, o que para o efeito tanto faz. A verdade é que já não é a primeira vez que um gajo desses tem uma travadinha e consegue levar uns poucos atrás e depois vão por ali adiante sempre a cortar a direito. Não sei se o dr. se lembra mas eu lembro, duma vez em que isso aconteceu e no entanto também era suposto a tropa ser sossegadinha e obediente e andar ali com aquela vocação como se andassem com umas sotainas em camuflado. Foi daquela vez em que até os cravos marcharam e andou o povo por aí todo maluco de dedos no ar e durante uns tempos ninguém os segurou. Está lembrado dr? Por isso, encha-se de cuidados. Nunca é demais.
Com muita amizade
O staff da padaria

2/08/2012

E sem pieguices!

A Duquesa de Alba é o exemplo acabado da velha gaiteira que eu gostava de vir a ser: Em ruínas, a mijar-se toda, já sem conseguir dizer uma palavra atrás da outra mas cheia de maquilhagem, a dançar sevilhanas e a papar putos. Aí Caetana!!!


2/07/2012

Piegas sim, mas piegas com motivo!

Se há coisinha que ninguém pode negar é que o primeiro-ministro tem razão: Os portugueses são piegas. Se estiver um belo dia de sol é certinho que vem por aí chuva. Se já estiver a chover ainda bem porque é bom para as batatas e para os nabos mas já lhe estão a doer os ossos todinhos! Aliás, os ossos dos portugueses detectam a chuva com meses de antecedência. A chuva e a desgraça. Cada português tem uma doença pior que o próximo, a pior espondilose, as artrites mais dolorosas, o reumático mais persistente, as hemorróidas maiores. Todos os médicos de todos os portugueses são testemunhas do seu sofrimento atroz e já todos lhes disseram que nunca tinham visto um quadro clínico como aquele. Um português nunca está feliz, vai andando. Um português nunca vive porque gosta mas porque tem que ser. Já todos os portugueses tiveram desgostos que chegam para uma casa de família, desde perder um guarda-chuva novinho a  terem ido ao restaurante e já não haver dobrada que era mesmo o que lhes estava a apetecer. Já todos os portugueses escreveram um poema com a palavra "dor" e a interjeição "Oh!". Os que não escreveram devem ter ascendência estrangeira. Os portugueses inventaram o fado, que é como quem diz cantar a choramingar e fizeram do acto de sentir a falta de alguém ou de alguma coisa um substantivo. E toda a gente sabe que um substantivo tem vida própria ao contrário das outras palavras que são apenas auxiliares. Os portugueses já nascem com o verdete da humidade das lágrimas entranhado em todas as pregas do corpo e da alma. É verdade, o primeiro-ministro tem razão.
Mas o primeiro-ministro não está contente. É um criativo. E quer criar uma nova espécie de piegas. O piegas que não tem emprego. O piegas que não tem comida para os filhos e tem que ir para a fila das instituições buscar uma lata de salsichas e um pacote de massa. O piegas que tem que escolher entre ir ao médico ou jantar. O piegas que manda o filho para a escola para ele almoçar e não o pode mandar depois para a universidade ainda que lhe paguem os propinas. O piegas que tem que se sujeitar a trabalhar à jorna e a recibos verdes. O piegas que trabalha de borla na esperança que que lhe venham a pagar um dia embora não muito. O piegas que tem que emigrar e ir depenar frangos com gripe A em Londres. O piegas a quem cortam a água e a luz e o gás porque não teve dinheiro para pagar a conta. O piegas que tem que entregar os pais ao hospital porque não ganha para um lar decente. O piegas que usa roupa velha oferecida pela paróquia. O piegas que tem muito mais mês do que dinheiro. O piegas que não pode gozer férias nem na praia mais próxima porque o bilhete do autocarro é caro. É esse o novo piegas português.
Isto faz lembrar aqueles tempos politicamente incorrectos em que eu era criança e quando fazíamos uma birra vinha um adulto com a colher de pau e dizia: "Ai choras sem motivo? Então agora já tens motivo!"

2/06/2012

Homem, essa criatura misteriosa.

Andava eu enganadinha a pensar que os homens só têm dois temas de conversa (gajas e respectivas peças  e carros e respectivas peças) quando hoje descobri que há um terceiro: baterias e respectivas peças.
Hoje no shopping, mesmo na mesa ao meu lado, três belíssimos (porque bem alimentados) exemplares da espécie experimentavam uma espécie de clímax dialogante. Ao princípio só reparei que um deles esbracejava e pensei que era um ataque de vespas. Afinal ele estava a fazer demonstrações dos ritmos que sacava da bateria, usando pés e braços e mãos, tudo acompanhado de onomatopeias e sem esquecer os nomes de todas as traquitanas que compõem o barulhento bicho. Bumba bumba, pum pum pum, tchk tchk... enquanto os outros acompanhavam a explicação verdadeiramente embevecidos.
Ele que aproveite enquanto está rodeado de tipos porque quando sair com a namorada, um dia, sei lá... não lhe aconselho mesmo nada a puxar do assunto. Nem sei porquê...

2/05/2012

Eles sabem o que fazem que eles têm estudos!

Continuando na dura saga de contrariar a má-vontade do povo contra este governo, o staff da padaria chegou a mais uma brilhante conclusão:
O que o governo anda a fazer não é a matar a economia, nem o aparelho produtivo nem nada disso! Não anda a desmotivar os portugueses nem a matá-los aos poucos! O que o governo anda a fazer é altamente científico e tem um nome, chama-se criogenização! Consiste em baixar a temperatura dos corpos gradualmente com a finalidade da sua preservação. Como o executivo já concluiu que não vai conseguir fazer nada mesmo, congela a choldra toda. E pode ser que daqui a muitos anos alguém nos faça voltar à vida só para estudar os espécimes, o que visto desta forma seria bem provável! E a prova de que o governo está a fazer bem é que até o S. Pedro está a contribuir com o fdp do frio que mandou cá para baixo. Até porque, como se sabe, os santos têm sempre razão. Quanto a nós só falhou com esta história de acabar com o feriado do carnaval porque pelo menos as gajas que têm a mania de desfilar por aí de biquini em Fevereiro iam já andando para o laboratório.

2/03/2012

E eles sempre preocupados com a gente!

O primeiro-ministro, Passos Coelho, anunciou hoje que o Governo não dará tolerância de ponto aos funcionários públicos no Carnaval, argumentando que "ninguém perceberia" que tal acontecesse numa altura em que o Executivo se propõe acabar com feriados. É bonito ver como o nosso primeiro se preocupa com a capacidade de entendimento do povo e com as consequências que teria na nossa moleirinha não percebermos qualquer coisa que eles fizessem. Até porque até ver tem sido tudo claríssimo. Ainda bem, graças a Deus!

2/02/2012

Escárnio e mal-dizer... é o que é

A prova acabada de que o povo português é mal intencionado e sobretudo difamador são os recentes boatos sobre a contratação que o ministro Paulo Portas terá feito dum motorista brasileiro, massagista de profissão, de 21 anos de idade e ao que dizem com tudo no sítio, a ganhar à volta de 2000 euros por mês. As más-línguas chegam ao ponto de afirmar que, depois contratado, foi preciso esperar alguns meses até que o tal motorista pudesse iniciar funções porque... ainda andava a tirar a carta.
Ponham-se no lugar do senhor! Se por acaso vocês fossem ministros e contratassem um motorista sem carta de condução deixavam-no conduzir? Não, está claro que não! Está certo que provavelmente contratariam um que já tivesse carta mas é assim, uma pessoa também não se pode lembrar de tuuudo! Especialmente uma pessoa ocupadíssima e com tantas preocupações! Não sabemos exactamente quais, mas dizem que os ministros têm carradas de preocupações. Pronto.

A Princesa e a Ervilha

Era uma vez um tipo, que por acaso até era um príncipe e por isso usava collants por baixo duns calções de folhinhos e uma capa, que andava à procura duma gaja para casar, mas como era muito esquisito só queria uma que tivesse certas qualidades. Ao contrário dos outros homens todos (talvez por ser príncipe), não queria uma que soubesse cozinhar, nem uma que tivesse boas pernas, nem uma que lhe dissesse que sempre que sim. Este gajo queria uma mulher que conseguisse adivinhar que no meio duma porrada de colchões estava uma ervilha, assim do nada e sem ninguém lhe dar nenhuma pista. À volta dele toda a gente parecia perceber a lógica daquilo, ou pelo menos agia como se percebesse. Talvez porque naquele tempo dos collants e das capas fosse perigoso dizer a um príncipe que estava passado dos cornos. Quem estava a ler a história, no entanto, não percebia nada e até lhe apetecia ir à loja trocar o livro por outro que fosse mais giro.

E foi assim que eu percepcionei a história "A Princesa e a Ervilha", talvez o maior flop de Hans Christian Andersen, quando a li aos sete anos de idade.

2/01/2012

E agora para um pequeno momento de ciência

Há frequências imperceptíveis ao ouvido humano: São estes os infra-sons, abaixo dos 20Hz e os ultra-sons, acima dos 20000Hz.
Também há frequências imperceptíveis ao ouvido humano feminino: São estes os barulhos no motor ou na carroçaria dos carros.

Dica da semana!