4/28/2012

Já nas Bancas

É preciso ensinar a juventude a safar-se no futuro sem emigrar! E nada melhor do que os bons exemplos!

4/27/2012

Obrigada mas aqui não obrigada

Queria informar o(a) senhor(a) da sociedade de advogados Carretolages (ou quem usou uma das suas folhas timbradas), que nos meteu isto na caixa de correio que:
1. Aqui em casa não há nenhum Diogo;
2. Nós não conhecemos nenhum Diogo;
3. Mesmo que conhecêssemos, não nos aquecia nem arrefecia que ele fosse gay, hetero, extra-terrestre, uma couve penca ou outra coisa qualquer.
A Padeira

4/26/2012

Já percebemos pois!

O nosso muito irrequieto ministro Vítor Gaspar disse hoje que os portugueses entendem muito bem o que o governo está a fazer com a economia nacional. É assim, sr ministro, todos todos não sei, mas muitos asseguro-lhe que já entenderam. Só que é uma palavra muito feia começada por F e nem nós queremos dizê-la aqui porque isto é uma padaria de família nem V. Exª deve dizê-la pois ganha bem demais para usar linguagem de bairro.

4/25/2012

E apesar de tudo comemorei Abril


E apesar de tudo e tudo e tudo, 25 de Abril sempre!

Quando foi o 25 de Abril de 1974 eu tinha acabado de fazer onze anos sobre o planeta azul. Era boa aluna embora me metesse em alhadas de vez em quando e já tinha dito na escola que não queria ser da mocidade portuguesa nem morta. Não sabia bem porquê mas pelo menos o hino daquela coisa causava-me arrepios maiores do que quando tocava "O mar enrola na areia" no acordeão à força de levar com a cana nos dedos.
Nas escolas todas, não tardaram em explicar-nos o que significavam todas aquelas palavras que até aí não podiam ser usadas como "democracia", "fascismo" e "sindicalismo". Disseram-nos que ia passar a haver eleições para as pessoas poderem escolher quem iria mandar e isso pareceu-me bom. Apareceram vários partidos políticos e eu achei que o mais giro de todos era o PPD porque era cor-de-laranja e dizia que era social-democrata e eu pensei que era a querer fazer de Portugal uma coisa assim daquelas que há mais lá para o norte onde mesmo que um maluco pare numa ilha a matar pessoas ninguém se põe aos gritos e a desgrenhar-se à porta do tribunal. Era desses que eu queria ser. Aos onze anos. Depois fui para o liceu onde se consumia haxixe e outras porcarias que fazem rir e eu depressa me bandeei para o MRPP e comecei a usar umas botas com atacadores como as da tropa. Não sabia de todo o que andava a fazer mas pelo menos tudo passou a ser a cores e mais divertido (excepto a televisão que continuou a preto e branco até 1980). Todos, mas todos mesmo, acreditávamos no futuro. Claro que, como sempre nessa idade, a visão de nós próprios com mais de trinta anos de idade era uma coisa desfocada e quase irreal, mas acreditávamos que havíamos de ser felizes e não haveria pobres, nem chás de caridade, nem chavalos a ir para a escola descalços e sem terem comido nada, nem pessoas que iam chegar a adultas sem saber ler.O que ninguém nos disse foi que muitos anos mais tarde os portugueses continuariam a emigrar sem saber ler nem escrever para serem explorados como cidadãos lava-pratos apesar de já haver escolas por todo o lado. Que muitos se recusariam a aprender fosse o que fosse e se limitaria sempre a um vocabulário de 50 palavras das quais 40 fariam parte do léxico do futebol.  Também ninguém nos disse que muitos anos mais tarde continuaria a haver gente que andava na rua com palitos na boca e a escarrar no chão, boçais incapazes de distinguir uma carroça de bois duma nave espacial. Nem que muitos anos mais tarde a maior parte das pessoas andaria a tentar safar-se à custa da tal democracia. Como se diz em português, "desenrascar-se". Os menos capazes apenas com pequenos subsídios de invalidez e sobrevivência e mais o que fosse preciso para poder passar os dias na tasca a emborcar vinho tinto rasca e não fazer nada, os mais espertos da escola das jotas com grandes subvenções estatais e vencimentos de assessores que lhes permitissem ter grandes carros e apartamentos e contas offshore também sem fazer nada. E que seriam os restantes a pagar tudo isso. Outra coisa que nunca nos disseram foi que a tão aclamada liberdade iria servir apenas, não para exprimir o que se pensava mas sim para estacionar em segunda fila, atirar lixo para o chão e para reservas naturais e cometer crimes vários que ficariam sempre sem castigo. Nem que toda essa confusão levaria a que este pobre e triste povo elegesse como maior português de sempre o maior de todos os mentecaptos e corruptos e tolhidos mentais que este país, apesar de tudo, já viu.
Apesar de tudo e tudo e tudo, muitos (onde eu me incluo) continuam a acreditar no 25 de Abril. Claro que já não é como no início, não. Agora é quase como se acredita no pai natal ou num conto de fadas. Como quem acredita que um dia o Peter Pan passará na nossa janela e nos levará para a terra do nunca. Mas há pessoas que são assim, acreditam sempre!

4/21/2012

E já agora, a empresa é A Vida é Bela e o hotel é da cadeia Turim em Lisboa

Se precisarem de comprar um presente para o dia da mãe, para o aniversário do chefe ou para fazerem as pazes com a cara-metade, aconselho-vos a voltar à tradicional peúga do Natal. Ou vá lá, uma panela de pressão ou um ramalhete de rosas, que impressiona sempre apesar de custar um c*lhão de massa principalmente se quiserem alinhar naquela fatelice de comprar uma por cada ano.
Bem, o que eu não vos aconselho mesmo nada a comprar é um daqueles caixotes com, dizem eles, experiências. Primeiro, porque essas chamadas experiências se resumem habitualmente a uma dormida num hotel onde vos põem no quarto dos fundos ou um jantar de restos. Segundo, porque na verdade, aquilo é o que se chama uma treta. Posso-vos assegurar que acabei (agora mesmo, ainda está fresquinho) de ter o momento que vos vou contar:
Munida dum pacote da empresa A Vida é Bela (aqueles que parecem um boomerang mal parido), telefonei para um dos hotéis indicados a fim de fazer a reserva, ao que me responde a mocinha do lado de lá que "Não estamos autorizados a fazer marcações através da vida é bela!". "Mau!" - pensei eu - "Esta m*rda vai aquecer!", e devo ser uma medium do c*ralho porque aqueceu mesmo!
- Então e explique-me lá quem deu essas ordens! - perguntei.
- A administração!
- E porquê?
- Porquê não sabemos, só sabemos que temos essas ordens!
- Então e diga-me uma coisa, algum cretino dessa tal administração está aí para falar comigo ou deram a ordem e deixaram-na sozinha para levar com os bichos?
- Não! A esta hora não está ninguém! - como se isso me espantasse muito...
- Então para a semana eu vou aí fazer uma reclamação no vosso livro!
- Não pode! - diz a chavala, e esta sim, foi de gritos!
- Eu depois mostro-lhe se posso ou não!
E, depois de mais alguma troca de galhardetes sobre quem pode ou não escrever no livro durante a qual a imbecil explicava que só pode quem é hóspede do hotel (há coisas fantásticas não há?), acabei por lhe dizer boa noite (sou uma gaja educada) e desligar a porcaria do telefone.
E pronto, pelo menos duma coisa não me posso queixar: Tal como é prometido na caixa de plástico, eu tive mesmo uma experiência. E foi uma experiência de tal maneira radical que já tomei um calmante e vou para o segundo.

4/19/2012

Na areia



Jorge Amado traz-me de volta as férias em família da minha adolescência, passadas no Algarve. Traz-me de volta o som do mar na praia enquanto lia os livros de bolso que comprava nos quiosques e o sol me torrava a lombada. A minha, não a dos livros. Traz-me de volta o cheiro da areia amarelada e os mundos para onde eu viajava enquanto lia. Foi nesse tempo que descobri um Brasil enternecedor diferente do das novelas. Ainda que tivesse que passar à frente as expressões que não entendia. Jorge Amado traz-me de volta a minha adolescência, a minha pochette de palhinha e o meu bikini castanho. E também as personagens de Jorge Amado que se moviam à minha volta na Meia Praia. Tudo ao mesmo tempo.

4/18/2012

Antero, o alucinado

Hoje comemora-se Antero de Quental, poeta que ouvia vozes dentro da cabeça e que, curiosamente, se suicidou com a idade que eu tenho agora. Esta é pelo menos a história oficial porque naquele tempo não havia televisão nem séries da FOX e portanto as pessoas não sabiam que ninguém se consegue suicidar com dois tiros. Ou que pelo menos é coisa para se desconfiar.
Quanto a mim e apesar de a vida não me andar a correr de feição, não tenho ainda planos para cometer um acto de tal monta, até porque o mais que me podia acontecer era ser notícia do Diário de Aveiro no dia seguinte. Daqui a cento e tal anos não ia ser de certezinha tema de abertura do google, ainda que só aqui na choldra.

4/16/2012

Chicken Little

Portugal pode ter que abater centenas de milhares de galinhas poedeiras por as gaiolas em que estas se encontram não cumprirem as directivas europeias de conforto. Ora aqui está uma ideia muito à frente e que, aplicada à espécie humana, pode resolver num instante o problema da pobreza! Só há que ter em vista dois princípios orientadores muito importantes: Primeiro, não seguir a metodologia do Hitler, que tentou fazer o mesmo há 70 anos mais ou menos mas adulterando o processo pois primeiro punha as galinhas nas gaiolas merdosas e depois é que as abatia. Segundo (e não menos importante) é preciso nunca pedir a opinião às galinhas. É muito possível que elas (conhecidas como bicho estúpido) prefiram continuar nas gaiolas sem condições.
Mas reparem, queridos clientes, que a ideia não deve ser estúpida de todo pois os próprios norte-americanos (povo evoluído que se farta), também só limpa o sebo aos condenados no corredor da morte se estes se encontrarem em perfeitas condições de saúde! OK... acho que aqui não é nem a mesma coisa. Mas é muito à frente na mesma!

4/12/2012

Uma questão de semântica

Eu acho que o governo devia explicar o que é que quer dizer com essa história de "procura activa de emprego". Bem explicadinho, assim tipo numa portaria mas escrito por alguém que não tivesse a mania que é o cagalhão atacado das letras e soubesse alinhavar duas palavras seguidas numa frase, ou seja, por ninguém que tenha escrito leis até hoje. Porque vai que uma pessoa pensa que anda a fazer procura activa de emprego e afinal anda a fazer procura passiva de emprego? Assim do nada, sem saber? Porque os termos activo e passivo são mais ou menos pacíficos em certos campos semânticos não é? Por exemplo, a gente sabe qual é o que leva no pacote e qual é o que deixa levar, mas assim aplicado à procura de emprego não estou a ver...
E depois pode acontecer que um gajo, além de já ter tido o azar de ficar desempregado, de repente descobre que anda a fazer procura passiva de emprego e ainda lhe cortam a esmola a que eles chamam subsídio de desemprego por causa duma questão de pontos de vista! Por exemplo, os tachistas do governo, quando andaram a fazer por serem escolhidos para o tacho, fizeram-no duma forma activa ou passiva? E como é que se faz? Isso é que era de valor eles explicarem para a malta saber!
A não ser que seja de propósito para de hoje para amanhã nos lixarem como fizeram com o segredo da proibição das reformas antecipadas. Mas eles não eram capazes! Pois não?

4/01/2012

Animemo-nos!

Amanhã é segunda-feira e continuamos a saber que vamos trabalhar pagando a gasolina mais cara da Europa. Vida de luxo é outra coisa!