6/28/2006

INGLÊS NO 1.º CICLO


Balanço do 1.º ano.

OLHA-ME ESTES GAJOS!...

Andam ali a fazer reportagem pelas ruas de Lisboa a perguntar às velhotas se sabem ir à Internet consultar a nova lei do arrendamento. Tadinhas!...
Ainda se fosse às de Canhestros, que agora já têm banda larga!...
Agora as de Lisboa, tadinhas...

6/26/2006

OS MELHORES NOMES DO MUNDIAL 2006

Em 3.º lugar ex aequo:
PORRAS da Costa Rica e AMÉLIA da Itália

Em 2.º lugar:
JUNINHO PERNAMBUCANO
do Brasil
(Se a selecção portuguesa tivesse um assim seria qualquer coisa como Joaquinzinho Minhoto ou Manelinho Algarvio, lindo!)

Em 1.º lugar, um colectivo:
TODA A SELECÇÃO DA COREIA DO SUL, que apenas em 23 gajos, consegue ter cinco LEEs e oito KIMs, ou seja, treze cromos repetidos em 23, é obra!
Chatoooooooos!

Pois é queridos, eu sei, a moca do futebol continua mais uns dias mas a vidinha também continua. E é preciso tratar das questões práticas. Por isso hoje resolvi deixar aqui um pequeno glossário com traduções para linguagem corrente, de expressões utilizadas nos anúncios de imobiliárias.
Muito útil para quem anda à procura de casa, que é o meu caso, embora com a porcaria de ordenado que tenho já vi que vou para um T0 aí nos arrabaldes a pagar a 50 anos e já não é chita. Depois ponho lá um cartaz daqueles a dizer “Aqui vou ser feliz” e pode ser que me convença.
Mas vamos ao que interessa:

A QUINZE MINUTOS DO CENTRO: No cu de judas. Quinze minutos sim, mas de avião a jacto.
BOM PREÇO: Andamos à procura dum trouxa que pague o dobro do que esta merda vale.
EM BOM ESTADO: Tivemos isto alugado a uns estudantes que espatifaram tudo… mas a porta ainda abre e fecha.
ESPAÇOSO: Se não forem muitas pessoas nem muito gordas, nem estiverem todas em casa ao mesmo tempo.
ACABAMENTOS DE LUXO: Pusemos aqui uns fios aos quais chamámos pré-instalação de alarme e de aquecimento central para podermos vender isto mais caro aos saloios.
VENHA VISITAR: Por favor, já não sabemos o que fazer para conseguir apanhar cá alguém.
COM MUITA LUZ: Se quiser estores ponha-os você.
MAGNÍFICO DUPLEX: Havia um sótão por cima e fizemos umas obras clandestinas, com uma escada manhosa em caracol, para dar uma sala. Cuidado com as cabeças!
IMPLEX: Havia uma cave por baixo e fizemos umas obras clandestinas, com uma escada manhosa em caracol, para dar uma sala. Cuidado com a falta de oxigénio!
RÉS-DO-CHÃO COM MAGNÍFICO TERRAÇO: O gajo que lá morava estava farto de levar com o lixo dos vizinhos de cima e está a vender.
WC DE SERVIÇO: Uma das casas de banho é uma nojice impraticável.
TOTALMENTE REMODELADO: Velho como o caraças, mas comprámos umas cenas no Aki e aplicámos para disfarçar.
MUITO BEM SITUADO: Cuidado com a vizinhança!


Não agradeçam.
Beijinhos da Rosarinho e até para a semana.

Chuac!

6/23/2006

A TRADIÇOUN JÁ NUM ÉI O QUI ÉIRA

Os idosos e idosas do Porto num se cánsam de se quêixar cu Som Juon já num éi o qui éira dántes, que já num teim piada ninhuma, que dántes é que se daba muntas márteladas, agora já num se dá...
E a parva da repórter de serviço, com cara de quem não está nem aí:
- Então mas diga lá, as pessoas já não dão marteladas como antigamente, é?

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Olhem... nem sei que diga...
Bom fim-de-semana!

6/22/2006

ANDO-ME MESMO PARA AQUI A ESTRAGAR!

Estes, meus senhores, são os trinta e cinco (Sim! Trinta e cinco!) melhoramentos que fiz a esse enjoado quadro tão injustamente famoso: A MonaLisa.
Penso que posso considerar este o fim da minha primeira fase artística a que vou chamar a "Fase Parva". A próxima é que vai ser boa.
Entretanto, em jeito de balanço, aqui deixo à vossa consideração a minha infinita pachorra.
Os quadros estão todos aqui, podem lá ir votar. Em mim, claro, senão não vale a pena.
Ah! E para votar é no 1, não é no 5!
Beijinho e bom fim-de-semana!

MARIJUANA
LOVE IS IN THE AIR
FEMME FATALE
LADY FERRARI
JUNKIE STAR
WHAROL MONA LISA
PRISIONER NUMBER 624...
IF LEONARD WAS A CHILD
LISA AND RONALD
LISA’S BIRTHDAY
SHE’S GONE!
COMIC MONA
MIRÓ LISA
TUGA MONA
LISA READING
LISA SOUTHPARK
FAMILY PORTRAIT
PIN UP MONA
MERMLISA
VERY COOL GIRL
THE IMPORTANT THING IS THE SMILE
UPSIDE DOWN
PUPPET LISA
SURE COULD USE SOME MAKE UP
CAN’T A GIRL SLEEP IN PEACE?
OOPS!... SHIT!
LISA AND HER LITTLE FRIENDS
GONE WITH THE WIND (eu sei, enganei-me na porra do filme)
SEXY LISA
PUNISHED
UNLUCKY WOLF
A GIRL’S PARTY
AUNT MONA
VERY COOL GIRL – PART II
BOWLING FOR LISA

NÃO PERCEBO

Até há uns tempos atrás ninguém falava do pessoal de Elvas a não ser que lá caísse um asteróide ou que lá tivesse nascido um futebolista famoso (O que acho que, de qualquer modo, nunca aconteceu).
Agora que os putos de Elvas começaram a ir nascer a Badajoz é só notícias nos telejornais: Um bebé que nasceu de pernas, um que nasceu careca, um que nasceu com uma unha encravada...

Eu já tinha desconfiado, mas só agora é que tive a certeza. Isto para se chegar a ser alguém na vida não se pode mesmo nascer em Portugal. Por isso é que aqueles dois gajos, por exemplo, um tal de Picasso e um tal de Miró, que só faziam riscalhada que ninguém entendia, para já não falar de outros, ficaram famosos no planeta inteiro. Se têm nascido em Elvas bem se f*diam.

6/20/2006

QUAL É A VOSSA PREFERIDA?

Estive a olhar bem para elas todas e cheguei a uma conclusão. A minha bandeira preferida, de toda as que pertencem aos países que estão no mundial, é a do Brasil. Pelo menos é a mais conseguida do ponto de vista humorístico. Já viram bem o que eles lá têm escrito? "Ordem e Progresso"! LOOOL! LOOOL! LOOOL! LOOOL!
É que "progresso", pronto, é naquela, tudo progride, até na aldeia do meu avô já sabem o que são lâmpadas. Agora "Ordem"??? LOOOL! Era o mesmo que nós escrevermos na nossa qualquer coisa como "Honestidade", "Trabalho"... ou até mesmo... "Ordem", como eles! Não era giro?

E por falar em bandeiras, vamos cá testar a cultura geral da nossa clientela. De que países são estas quatro, tendo em conta que:
a) São todas de países que estão no mundial;
b) São todas de países cujo nome em português começa por uma vogal;
c) Estão todas ligeiramente aldrabadas por mim.

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O primeira que acertar todas e disser onde é que eu aldrabei, tudo certinho, ganha um cacete com quinze dias.
Se não souberem também não se atrapalhem. Eu antes de fazer isto, assim à primeira, também só era capaz de reconhecer duas delas.

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E ora então cá estão elas sem aldrabices:

EQUADOR


IRÃO


INGLATERRA


UCRÂNIA


Parabéns ao Bagaço! Só com muita bebida se consegue saber coisas destas!

6/19/2006

OU É PARA A MOCA OU NÃO É PARA A MOCA!

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Acho muito bem que esta cena do mundial sirva para o pessoal andar todo mocado durante uns tempos, como se a vida fosse bela e isso tudo. Porrada já nós levamos de sobra e bem merecemos um estado de graça de vez em quando. Pelo menos este já está garantido até ao dia 24 de Junho. Só quero reclamar aqui contra o boicote a esta moca temporária, ou seja, tudo aquilo que, no meio da euforia, nos faz acordar abruptamente para a realidade. Tá mal! Assim, quero aqui deixar peremptoriamente a minha exigência de que, enquanto a selecção nacional se conseguir manter sem cair, sejam proibidas as seguintes exibições públicas:

1. Jogadores de futebol a articular duas frases seguidas para a comunicação social. Toda a gente sabe que basta uma para esgotar todo o seu vocabulário.
2. Personagens como a Lili Caneças ou afins a arrotar postas de pescada como aquela do “dez por cento é um em cada vinte cinco!”.
3. Transmissões directas ou diferidas de marchas populares, especialmente com som. Por cada saloio que gosta daquilo há pelo menos nove portugueses que se estão a cagar, que não suportam peixeironas aos berros de mão na anca ou que simplesmente nem sequer fazem a mínima de quem sejam esses tais de santos populares nem têm direito a feriados municipais por conta dos ditos. Há que somar também os que não suportam o fedor da sardinha assada.
4. Fãs da selecção com bigodaça suada, banhas a rebentar para fora das camisolas de nylon ou falta de dentes, a agitar cachecóis e bandeiras compradas no chinês.
5. Políticos de qualquer espécie a articular duas frases seguidas para a comunicação social. Toda a gente sabe que embora possuam vocabulário suficiente para um número incalculável de frases, esgotam toda a sua filosofia antes de acabarem a primeira.
6. O Durão Barroso a dar entrevistas em inglês.
7. A chunga Floribela e respectiva banda sonora.
8. Os D’zrt e a cambada toda dos morangos.
9. As piadas cada vez mais brilhantes do Tio Herman (mal por mal mais valia contratar-me a mim para escrever aquilo).
10. Jornalistas portugueses sempre a insistir nas perguntas sobre Portugal nas conferências de imprensa das várias selecções presentes no mundial. É tipo, estão a ver o Cristo Rei? Pois. Não tem nada a ver.
11. Informações sobre o índice de desemprego, de acidentes na estrada, de níveis de corrupção ou da inflacção.

E pronto. Acho que não estou a ser demasiado exigente.
Quem quiser pode assinar em baixo.

Fiquem com um beijo da vossa

Rosarinho

6/14/2006

POST SEM PONTA POR ONDE SE LHE PEGUE

Sem assunto? Sem meias para pontear? Sem cão para chutar? Sem sudoku para fazer?
Esta padaria, sempre na vanguarda, acabou de inventar uma brincadeira nova.
Trata-se de:
1.Abrir o google imagens
2.Digitar uma palavra qualquer inventada na hora
3.Fazer enter

Quase todas as palavras que conseguimos inventar correspondem a qualquer coisa que existe numa língua qualquer.

Conselho: Evitar palavras com muitas letras. Diminui as possibilidades.

Aqui vão alguns exemplos bem sucedidos:

Ai que me deslocaste o Gumite!!! Cabrão!


O Bretal é o bacano ou o pau do bacano?


Eu tenho este ar enjoadinho porque sofro de Hoxu.


Um frasco de Merdum. Não funciona.


Olá meninos e meninas! Eu sou o Nijok!


Qual deles é o Hoope?


Uma loja que vende Lasper.


Estes Pilaus são verdes, desconfio que os há noutros tons.


E quem não gostava de ter uma Quaqua na varanda ao lado das alegrias do lar?


Agora inventem as vossas mas não contem a ninguém aí em casa para não vos mandarem internar, nem no trabalho para não vos despedirem com justa causa. Contem só aqui à Didas nos comentários.

QUEREM VER O QUE É UMA SOCIEDADE MULTICULTURAL?

Isto é uma sociedade multicultural.









6/11/2006

Olá queridos clientes, cá estou eu mais uma vez, cada vez com uma overdose maior de bola. Mas, pelo menos, continuo a melhorar em grande escala a minha cultura geral. Vejam só o que aprendi hoje:

1. A selecção não jogou uma merda com Angola. Foi o que se costuma chamar ganhar à paiada, ou então bater em mortos, ou as duas coisas… Esta cena promete vir a ser uma dor de cabeça daquelas. Para aquilo que a gente lhes paga não está mal…

2. Mas há pessoal muito à frente que não vai em futeboladas. Isso sim! A RTP passou ainda há bocadinho um apontamento (parece que é isto que se chama agora a uma porcaria feita em cima do joelho para encher chouriços) em que entrevistava pessoal que, em vez de se pôr ao lado da saloiada toda a ver o jogo, preferiu ir ao cinema. Foi aí que eu aprendi, pela boca dum cachopo barbudo e de óculos redondinhos (aposto tudo em como estava de sandálias e tinha bedum entre os deditos dos pés), que Portugal teve cinquenta e tal anos de ditadura e não quarenta e oito como eu estava convencida até agora, e também que um jogo de futebol dura 120 minutos e não 90. Foi o que ele disse: “Vou ver um documentário sobre o Estado Novo porque é muito mais importante saber o que se passou em cinquenta e tal anos de ditadura fascista neste país do que o que vai acontecer agora durante duas horas entre vinte e duas pessoas”. E fez muito bem em ir, o querido, porque bem falta lhe faz, bem falta lhe faz!...

3. Mas não se pense que todo o pessoal que vai à bola e agita cachecóis é inculto. Longe disso! Pelo menos esta tarde eu ouvi numa estação de rádio qualquer que não sei qual era, uma entrevista com um cozinheiro português na Alemanha que aquilo foi um colosso! Um manancial de cultura! Senão vejam: o rapaz tinha acabado de inventar um prato em homenagem à selecção, ao qual deu o nome de “Moelas Pauleta”. Só por si o nome já sugere quase um poema épico, como podem ver. Mas quando o repórter lhe perguntou o porquê da opção ele começou logo por avisar: -“Eu vou explicar, mas isto é uma lógica muito complexa!”. Avisados que estávamos, tratámos logo de afinar o ouvido e o cérebro para que da intrincada filosofia moelar nada nos escapasse. E ele explicou – “É que como todos sabem, as moelas vêm da galinha. A galinha é uma ave. O Pauleta vem dos Açores, que devem o seu nome ao açor, que também é uma ave!”

E é assim queridíssimos clientes, daqui a uma semana quando cá voltar, já vou ter aprendido tantas, tantas destas, que já só quero que me tirem deste filme.

Uma beijoca redonda da vossa

Rosarinho


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6/08/2006

GANDAS MALUCOS!


A Carris anunciou hoje no meio de grande alarido o seu plano de apoio à selecção nacional no mundial de 2006.
Decidiram pôr uma bandeirinha portuguesa em cada autocarro. Quem se lembraria de tal?
Estava toda a gente parva com tal nível de imaginação e originalidade.
Um dia destes, sei lá... lembram-se de pendurar uma bandeira na janela do escritório. Eu já espero tudo.

6/07/2006

Acreditem. Há alturas em que eu até penso que estou num programa qualquer de “apanhados” e me ponho a olhar em volta à procura da Câmara escondida.

Exemplos:

1.
Velhinha com ar simpático –
Eu venho cá pedir cópias dum projecto aprovado dum apartamento que eu tenho.
Eu – Muito bem. Para que efeito são?
Velhinha com ar simpático – Sei lá! Eu cá só quero levantar a renda! Não sei mais nada!
Eu – Pois... Mas, quem lhe disse para vir tirar as cópias?
Velhinha com ar simpático – Ninguém! Eu vim por minha livre vontade!
Eu (já a ver a minha vida a andar para trás) – Sim. Mas são para entregar onde?
Velhinha com ar simpático – Em lado nenhum! Não faço queixas de ninguém!

2.
Cavalheiro com ar simpático – A minha loja é... de produtos vários.
Eu - Sim. Mas mais especificamente, que tipo de produtos?
Cavalheiro com ar simpático – Variadíssimas coisas.
Eu – Como por exemplo...
Cavalheiro com ar simpático – É tudo coisas que não fazem mal à saúde!
Eu – Siiiim?...
Cavalheiro com ar simpático – Pronto. É, como se diz?...
Eu – Uma farmácia?!..
Cavalheiro com ar simpático – Não. Não é uma farmácia porque não tem nada que faça mal à saúde!
Eu – Vá. Então é o quê? Temos que preencher aqui este espaço!
Cavalheiro com ar simpático – Digamos que é aquilo que se chama vulgarmente uma sex-shop.

3.
Cavalheiro com ar inteligente –
Eu queria saber o que é necessário para construir condomínios temáticos.
Eu – Temáticos?!
Cavalheiro com ar inteligente – Sim. Por exemplo, só para vegetarianos, só para idosos, só para cultivadores de pleurotus...
Eu – Ah…

6/06/2006

666

E parece que hoje está a ser o Dia da Besta.

É estranho... bastante específico... digo eu que não percebo nada destas máquinas nem do amor que se pode criar por elas... mas pelo menos serve para as más-línguas deixarem de criticar os deputados do PSD que querem criar o Dia do Cão.

Todas as cidades têm um rio. Em movimento perpétuo.
E isto pode não ser absolutamente verdade, mas é uma ideia bonita.

Hoje fui ao cinema e vim contente.

6/05/2006

Olá queridos clientes. Cá estou eu como de costume para partilhar convosco a minha superior capacidade de análise e reflexão. Aliás, por algum motivo eu sou empregada de padaria. Se fosse uma ignorante qualquer já tinha para aí um tacho numa empresa pública, num canal de televisão ou numa direcção geral… quem sabe se já não seria uma estrela dos morangos com açúcar.
Hoje venho aqui mostrar algumas das coisas que já aprendi com o Mundial 2006, umas sobre futebol outras nem por isso. Mas o que interessa é estar sempre a aprender.

1. Afinal, o fatito de treino em estilo “Feira do Pinhal Novo” que o povo usa para ir passear ao fim-de-semana já não é fatela. Se estiveram atentos ao Portugal-Luxemburgo, naquelas partes em que mostraram o banco, sabem bem do que estou a falar. Se não estiveram, não percam o próximo. Porra, vou começar a tratar os meus vizinhos com mais respeito!
2. Ainda sobre o Portugal-Luxemburgo, concluí que o futebol é como o boxe. Senão, porque é que eles iam fazer jogos de preparação com Cabo-Verde e com o Luxemburgo? Só pode ser naquela base dos senhores do boxe, que treinam a bater em sacos que não se defendem. Tem as suas vantagens, porque aumenta a auto-estima. Mas, na volta, pode ser uma surpresa depois ver que o adversário se mexe! Veremos!
3. O Figo é médio. Pronto. Nem curto, nem avantajado. Médio. Não sei para que serve esta informação porque se trata de um pormenor que só pode mesmo ser importante para a Helen, mas no último jogo que eu vi fartaram-se de dizer isto, vá-se lá saber porquê. É chato entrar assim na intimidade das pessoas… eu acho…
4. Os portugueses conhecem-se pelo cheiro. Isto porque vi hoje um senhor emigrante na Alemanha a dizer à reportagem que haviam de assar tanta sardinha, mas tanta, que a uns 4 ou 5 kilómetros toda a gente havia de saber que estavam ali portugueses. Lá se vai o mito da Mariazinha e do bacalhau…
5. Pode haver pelo menos uns três campeões neste mundial. Isto porque vi também um cachopo a ser entrevistado e a dizer que Portugal vai ser campeão e que o Brasil e a Alemanha também.
6. Para os alemães perceberem os nomes dos jogadores da selecção eles têm que ser ditos com sotaque espanholado. A menina da SIC que andava na rua a perguntar às pessoas “Do you know Rônaldô? And Figô?” é que sabe. Pelo menos tem estudos para andar a fazer aquilo, deve saber.

E pronto, se para a semana já souber mais qualquer coisa, venho cá partilhar convosco. Uma beijoca semanal da vossa

Rosarinho

6/02/2006

E AINDA A PROPÓSITO DO POST DE ONTEM


A professora ditava pausadamente e nós reproduzíamos as suas palavras sem lhes dar sentido: -“...uma menina muito tímida e modesta...”. A preocupação era não sair da linha nem errar. “Tímida” leva acento? Os erros estavam hierarquizados e nós calculávamos mentalmente o risco. Pontuação, uma reguada. Acentuação, duas reguadas. Ortografia, três reguadas. Caligrafia, à consideração, dependendo da gravidade da falta. Erros muito graves como verbo “haver” sem “h”, que Deus nos valesse.
A Olga era “burrinha”. Dava sempre muitos erros e não havia maneira de aprender a fazer contas. A professora atirava-lhe a cabeça contra o quadro com muita força e ela, porque já sabia que isso ia acontecer, urinava-se sempre antes de chegar ao estrado para receber os trabalhos corrigidos. Nós não tínhamos pena e ríamos à socapa. Ficávamos muito atentas à cena e não perdíamos pitada. Cá fora no recreio chamávamos-lhe burra e porca e ela chorava. Era a mais fraca. Era o destino dela, não havia nada a fazer. E esta era uma das nossas brincadeiras. Quando ficávamos fartas jogávamos à apanhada, à macaca, ao lencinho e outras coisas básicas das quais apesar de tudo eu não recordo as regras.
A Paula era rica. Mas não queria que ninguém soubesse porque ser rico era sinal de desrespeito a Deus, como muito insistia o nosso Livro de Leitura e a catequista aos domingos. Ser pobre era bom, mas também ninguém queria ser pobre porque toda a gente preferia almoçar e jantar todos os dias. A solução era ser “remediado”. E remediadas eram as meninas filhas de caixeiros-viajantes, de carpinteiros (essa profissão sagrada), de costureiras, de merceeiros e eu, que era filha de militar. Ser filha de militar também era bom porque a professora dava-me sempre como exemplo na aula de história, - “O pai da “x” anda a defender a pátria das pessoas más que querem roubar os nossos territórios ultramarinos!” – eu ficava muito orgulhosa e quando ela não estava a ver olhava as outras com o desprezo de uma língua bem esticada – “Suas saloias!”. Mas o pai da Paula era sócio duma fábrica e ganhava muito dinheiro. Isso ninguém lhe perdoava, todo o povo tinha que ser, no máximo, remediado. Ela chorava e defendia-se – “Eu não sou rica! É mentira!” – e nós fazíamos uma roda diabólica à volta dela – “És! És! És! Não mintas senão levas! Parva!” – e ela chorava mais.
A mãe da Celeste tinha um café. A Celeste era loira, sardenta, tinha uns olhos azuis muito claros e ia sempre de anjo nas procissões. Roubou um maço de tabaco no café da mãe e chamou-nos. Sem ninguém saber, escondemo-nos no meio dum campo de milho verde e alto e fumámos. Tossimos muito. A Celeste contou-nos que costumava espreitar o primo, que era mais velho, quando ele se lavava e se vestia e despia. Nós queríamos saber pormenores daquela coisa de que já sabíamos a existência mas jamais havíamos visto. A Celeste contou, exagerou e nós abrimos a boca e os olhos de espanto: – “Que horror!!!”. Obrigámo-la a jurar que era mesmo como ela dizia e do tamanho que dizia. Ela jurou.
Depois, tivemos a certeza de que iríamos arder nas chamas impiedosas do inferno e arrependemo-nos muito perante a terrível visão do nosso castigo certo e merecido. Não dormimos de noite. Atormentámo-nos. Fomos à igreja e confessámos. Não o nosso prazer mórbido de torturar a Paula e de ver torturar a Olga porque isso não fazia mal. Confessámos que demos umas passas desajeitadas nuns cigarros no meio do milho e falámos de tamanhos e formatos de pilas imaginárias. O Sr. Prior deu-nos pesadas penitências e ralhou muito connosco, como se fosse ele próprio o Deus ofendido.
Fomos para casa e continuámos a torturar as mais fracas e a ser as boas meninas de sempre. Só voltámos a fumar no ciclo.

6/01/2006

As alunas da 3ª classe costumavam, durante a aula de trabalhos femininos, conversar muito com a professora a respeito de tudo o que as preocupava.
Como estavam já a poucos dias do exame, dizia uma delas naquela tarde:
- O leite-creme é o doce de que eu mais gosto. Até já aprendi a fazê-lo. Primeiro põe-se o leite ao lume até ferver. Entretanto, mistura-se o açúcar com a farinha. Depois…
- Não digas mais, que o resto já toda a gente sabe – atalhou a Albertina. Para mim, então, não há doce melhor do que o dos ovos moles. Muito finos, saborosos a valer, são verdadeira delícia.
A professora, que, sem o mostrar, ia prestando atenção a tudo, observou-lhe: - E também sabes fazê-los?
A Albertina ouviu, ficou embaraçada, e disse que ainda não sabia muito bem…
- Pois é bom saberes. E tu, Maria Filomena, de que doce gostas mais? – perguntou em seguida.
A Maria Filomena era uma menina muito tímida e modesta. Falava pouco, e tinha o costume de querer ocultar alguns dos seus méritos.
Respondeu assim:
- Eu gosto muito de arroz-doce. É o que vai mais vezes aos jantares de festa da minha aldeia enfeitado de desenhos feitos com pó de canela. Como o nome está a dizer, é arroz doce, e é cozido em leite.
- Não é preciso mais, que eu sei bem que tu já és uma cozinheira. A tua mãe conta-me tudo… E por hoje mais nada. Arrumem os trabalhos, e cada uma há-de amanhã trazer-me a receita do doce de que mais gosta, mas escrita com cuidado. Ouviram? Eu só gosto do que é bem feito, tanto em doces como na redacção…

in Livro de Leitura da 3ª Classe, Ministério da Educação Nacional