2/28/2007

CONTINUAÇÃO DO POST ANTERIOR


Quanto querem apostar em como amanhã as notícias nos jornais vão ser "Boavista perdeu" e não "Beira-Mar ganhou"?

É que nós somos tão tristes que até o futebol é triste. Há um anualmente um 1º lugar no campeonato e uma taça para distribuir. Há uma porrada (não sei quantos nem estou ralada) de clubes à partida a participar. Mas só há 3+2 ou 3 que podem ganhar e que, quando não ganham, põem toda a gente histérica e aos gritos e a fazer análises e estudos de caso. A sério, quando um dos clubes que se acha o maior do mundo e até mesmo da rua dele perde um jogo, reparem nas notícias: "Perdeu três pontos com o Rilhafoles de Cima", "Foi contrariado pelo Rilhafoles de Baixo", "Em momento de má forma perante o Rilhafoles do Meio"...

Se até nesta porcaria está a panelinha toda montada, como é que alguém nesta choldra que queira fazer alguma coisa diferente, seja em que domínio for, não há-de levar logo umas mocadas até ter juízo?


Nota: E daí talvez seja eu que preciso de férias

E TEREMOS CURA?


Somos um povo triste que canta fadinhos. Um povo que sacode responsabilidades e agita bandeirinhas de pobreza porque "eles" têm que nos dar casa e subsídios. Um povo que não produz nem quer produzir, sempre à espera que "eles" tomem conta de nós. Um povo que ainda fala dos ricos contra os pobres. Que não pode exigir porque não cumpre. Que fecha estradas e grita para as câmaras de televisão a exibição da sua pobreza. Que não aprende a ler. Que não vai a lado nenhum porque acha sempre que alguém tem que ir por si. Um povo triste.


2/26/2007

COISAS INCOMPREENSÍVEIS



O visionamento deste spot suscita-me três dúvidas:


1. Onde é que são feitos os estágios dos preservativos?
2. Que tipo de máquina está a substituir os preservativos no mercado de "trabalho"?
3. Os gajos que fazem estes spots acham-se brilhantes?


Olá queridos e queridas clientes. Hoje vou lançar um concurso de ideias com base numa sugestão do deputado do PCP na Assembleia Municipal de Aveiro, António Regala. Está claro que eu, por norma, não me misturo com estes gajos do Partido Comunista que dizem que comem criancinhas e para isso já nos basta os gajos da Casa Pia, mas neste caso abri uma excepção.

Então é o seguinte:

O deputado comuna propôs a venda do Estádio Municipal de Aveiro que, como se sabe, não serve para nada e só dá despesa. Até aqui, Sr Regala, estou de acordo. Não haja dúvida. Tivesse eu alguém que me comprasse os bibelots da feira de Março que a Tia Dores me oferece todos os anos pelo aniversário e era já a seguir. O pior é mesmo haver quem os compre. Aliás, como se sabe, temos o mesmo problema com a Madeira, não há ninguém que compre aquilo mesmo que a malta queira vender, embora aí seja por causa do inquilino que é tolo e nunca se sabe para que lado vai marrar, se parte os vasos da escada, se caga as paredes, se põe a música a tocar em altos berros a meio da noite...

Mas voltando ao nosso assunto (foca-te Rosarinho, foca-te!) e como ia dizendo, a ideia do Sr Regala é boa, mas tal como ao Beira-Mar, falta-lhe o poder de finalização, que é como quem diz, habilidade para marcar golos. Vamos vender o estádio, sim, mas temos que saber fazer as coisas, ou seja, temos que convencer quem tem dinheiro que é uma boa comprar aquilo, e depois que Deus nos perdoe. E aí é que a porca torce o rabo, porque isso exige um poder criativo maior do que o do presidente da Câmara de Lisboa a convencer-nos que não se passa nada. Eu, por exemplo, quando li a notícia no Jornal de Notícias de ontem, lembrei-me logo de vender aquilo para arrendar em habitação social. O relvado dava um espaço porreiro para estender a roupinha, as bancadas era para os vasinhos de alegrias do lar e essas coisas que eles gostam de ter. Cá fora tem um espaço porreiro para estacionar as motas. Debaixo das bancadas ficavam as barraquinhas e até há espaço para festas e romarias e para uma tasquinha. Mas pronto, eu sei, é uma ideia de m*rda.

Por isso, peço a vossa colaboração para ajudar o Sr Regala e a nós todos aqui na terra dos obosmóis.


Qual a utilidade que vamos dar ao Estádio Municipal de Aveiro para o conseguirmos vender?


O autor da melhor ideia tem direito a uma fotografia minha autografada e vestida só com um cachecol do Beira-Mar. E mais, para a semana, a ideia é publicada aqui na minha crónica.

Puxem pela cabeça e fiquem com uma grande beijaça da vossa


Rosarinho


Ah! E não vale a pena consultar o IPPAR porque parece que está a demorar 24 anos para dar um parecer, perguntem à Câmara de Vagos.

2/24/2007

PREPAREM-SE!



Agora que descobri os encantos do YouTube, os meus posts sobre arte vão ser ainda... mais merdosos!

2/23/2007

DELÍRIOS


San Francisco
Milwaukee
Houston
Philadelphia
Denver
Recife
Aracaju
Brasília
Rio de Janeiro
São Paulo
Estocolmo
Birmingham
Hamburgo
Paris
Roma
Milão
Bruxelas
Viena
Barcelona
Serra Leoa
Cidade do Cabo
Gran Canaria
Mumbai

Com leitores em cidades destas e tendo em conta que são todos portugueses ou falantes de português porque nenhum estrangeiro tem potência linguística para aprender esta língua demoníaca, sinto-me assim uma espécie de... Ruth Marlene dos blogues... é isso.

2/22/2007

O mar começa a chegar às casas na Praia de Esmoriz. A repórter pergunta aos populares: -"Quando viram o que estava a acontecer, quem é que contactaram?" - E a senhora gorda responde -"Uma senhora ali telefonou à TVI mas a TVI não veio, ligou à SIC".

Meu Deus, meu Deus! Porque nos fizeste assim?

2/21/2007

OS DESENHOS DA DIDAS

Quantos de vocês ainda guardam os desenhos que fizeram na infância?

E quantos de vocês os têm no You Tube?



Como podem ver, desperdiçou-se um grande talento...

2/20/2007

QUE MERDA DE TUGA É VOCÊ?


Caro cliente:
Você é dos que passam a vida a dizer mal do governo? Dos deputados? Da Câmara Municipal da sua terra? Do fisco? Da polícia e dos árbitros? Das leis em geral? Dos treinadores e dirigentes? É daqueles que diz a frase “por isso é que este país não vai p’ra frente” mais vezes por dia do que vai à casa de banho fazer uma mijinha?
Então este teste é para si.
A equipa de académicos do farinha amparo criou, após anos de investigação e litradas de cervejola, um teste que posiciona, de uma vez por todas, cada português no universo que lhe pertence. Depois de o fazer você ficará a saber, muito simplesmente, de que lado da barricada está. Mais simples não há. E é simples, basta marcar um ponto por cada sim que responda e ver os resultados no fim. Mas não se esqueça: Para fazer este teste tem que pertencer aos 52% de tugas que não sofrem de iliteracia (para esses estamos a desenvolver um que funciona à paulada ou só com a palavra “Uga”) e responder de forma completamente honesta.
Boa sorte.

TESTE “QUE MERDA DE TUGA É VOCÊ AFINAL?”

Pergunta 1 – Durante o último ano, alguma vez estacionou o carro em segunda fila para “ir só ali num instante”, como por exemplo para tomar um cafezinho na esplanada enquanto fica de olho no primeiro que desate a buzinar?

Pergunta 2 – Lá em casa, as garrafinhas de água vazias, as latas de cerveja, as garrafas de tintol e os jornais já lidos vão parar ao lixo comum?

Pergunta 3 – No seu prédio ou na sua rua (conforme o meio em que vive) conhece pelo menos uma história escabrosa passada com a vizinhança incluindo nomes, locais e datas?

Pergunta 4 – Foge ao fisco ou, em alternativa, fugiria se tivesse oportunidade?

Pergunta 5 – Alguma vez na vida meteu uma “cunha” ou moveu influências por forma a alterar os resultados de um concurso público, seja ele de emprego, fornecimentos ou empreitadas?

Pergunta 6 – Quando vai na rua, se tiver um papel (nem que seja de rebuçado) de que queira livrar-se, atira-o para o chão se não houver nas proximidades um caixote do lixo?

Pergunta 7 – Alguma vez na sua vida faltou ao trabalho por doença sem na realidade estar doente?

Pergunta 8 – Quando vai ao médico ou ao advogado, trata-o por senhor doutor e verga convenientemente o espinhaço, mesmo que depois venha cá para fora dizer mal do gajo?

Pergunta 9 – Alguma vez na sua vida levou a efeito uma obra clandestina? Inclua aqui mesmo coisas aparentemente simples como o fechamento de varandas para fazer marquise, a instalação de churrasqueira no pátio ou na varanda ou a colocação de azulejo na fachada.

Pergunta 10 – Quando ouve falar em qualquer alteração legal ou em qualquer outra medida da administração central ou local, tem por hábito formar uma opinião sem se preocupar em obter informação fidedigna sobre o assunto?

Pergunta 11 – Quando tem um assunto a tratar numa repartição pública, serve-se de um conhecimento pessoal que tem nessa organização para “desenrascar” o assunto mais depressa?

Pergunta 12 – Durante a sua vida, alguma vez subornou ou tentou subornar alguém para conseguir algo?

RESULTADOS:
Zero respostas afirmativas: Você tem todo o direito de dizer mal. Não contribui em nada para esta palhaçada e não se lhe pode levar a mal se, inclusivamente, resolver emigrar e não pôr cá mais os cotos. Se optar por ser mártir, lembre-se que são as pessoas como você que devem ficar e reproduzir-se.
Uma a três respostas afirmativas: Você não está mal de todo, tem uns viciozinhos de tuga típico mas ainda pode curar-se. Ainda assim, pode dizer mal do que o rodeia.
Quatro a oito respostas afirmativas: Você tem que passar por uma grande reciclagem antes de poder criticar seja o que for. Enxergue-se!
Nove a doze respostas afirmativas: Você faz parte, sem sombra de dúvida, da corja que faz este canto a choldra que ele é, contribuindo activamente para o avacalhanço reinante. Ponha uma cara alegre e se levar uma multa ou for despedido aguente-se à bronca, está entre os seus. Não tem direito de nada.

E AGORA PARA ALGO COMPLETAMENTE FÚTIL


Qual é o vosso signo?

O meu é carneiro. O primeiro do zodíaco e o primeiro do elemento fogo. Como convém a uma padeira, obrigada a lidar diariamente com o calor dos fornos, evidentemente.


Os bonecos foram indecentemente roubados aqui.

2/19/2007


Hoje sou eu que vou fazer uma pergunta à clientela porque estou aqui muito baralhadinha com um assunto e, já que passo a vida a esclarecer e a explicar, também mereço que uma vez por outra os clientes matem a cabeça a pensar um bocadinho para me esclarecerem a mim.


Hoje nas notícias da televisão vi reportagens de todos os carnavais que por aí se fazem, quer dizer, não de todos, só daqueles em que o pessoal se julga tão engraçado que até cobra bilhete, tipo Estarreja, Ovar, Sesimbra, Torres e Sines. Em todos eles, aparecia alguém a afirmar a pés juntos que se tratava do "Carnaval mais português de Portugal", embora os desfiles fossem constituídos por escolas de samba, a música fosse do "Mamãe eu quero" para baixo e as danças naquele estilo tão peculiar do ataque epilético ao ritmo do batuque, para abanar bem as celulites. Isto suscita-me algumas questões para as quais vos peço alguma contribuição no sentido de se fazer luz no meu espírito:


Primeiro - O que é uma escola de samba? O que é que se aprende lá? É que numa escola é suposto aprender-se qualquer coisa e os alunos que eu vi a dar entrevistas não se referiram a matéria nenhuma que trouxessem em estudo.

Segundo - Será que este projecto de produzir os carnavais mais portugueses de Portugal com recurso a contrafacção se insere no âmbito daquela campanha do "Cá se Fazem Cá se Compram"? É que a mim pareceu-me mais "Cá se Fazem Cá se Pagam".


Pronto.

Fico à espera de elucidação.


Fiquem vocês também com a beijoca do costume.


A vossa

Rosarinho

2/15/2007

QUE CIRCO É ESTE?


Até agora, se se perguntasse a alguém pela Clínica de Oiã ninguém sabia de nada, nunca tinha visto, e os magotes de gente que apareciam em Aveiro com ar perdido a perguntar como se ia para a tal terrinha basicamente constituída por três ruas e dez casas, vinham atraídos pelo grande potencial turístico do lugar.

Agora, de repente, já tem direito a reportagem no canal 1 em horário nobre e o doutor já aparece a dizer que pois claro sempre fizemos abortos a 450 euros mais ou menos. De clandestinos passaram a heróis num estalar de dedos, desejosos de se colar à futura nova lei. E nós temos todos que nos esquecer que durante anos aquilo foi uma máquina de fazer dinheiro livre de impostos e que as mulheres que se viam obrigadas a recorrer aos serviços prestados não tinham direito a qualquer apoio psicológico e eram postas na rua logo a seguir a uma raspagem uterina com uma caixa de comprimidos na mão e, já agora minha, não te esqueças que se alguma coisa correr mal, nunca nos vimos.

Não foi seguramente para isto que eu votei SIM.

2/14/2007

Mais pessoal perdido... tenho que pôr uma sinalização qualquer à porta...


vídeos gratuitos de cócegas
tipo... isto??? Xiii, há pessoal mais marado que nós!

as melhores cidades de portugal para viver
São basicamente todas melhores para viver do que para morrer. Mas isto sou eu a dizer.

padarias e pastelarias passa-se
As padeiras às vezes também.

eu quero ver tuning virtual na capa da janela
Eu quero que distribuam mais Xanax por este pessoal...

processo de fruto i robot trafico de droga
Juro. Quero mesmo!

bonecas insuflaveis vídeo
Pronto, com'assim também se arranja qualquer coisa.

videos de sexo(violações)
Querido, o seu lugar não é numa padaria. É na esquadra.

gajas lindas
Obrigada.

minete
Não obrigada. Mas pode deixar o contacto, a Rosarinho às vezes está sem pachorra para passar o chão a pano.

movies Pornograficos Portugueses caseiros grátis
Filma-te a ti próprio à procura dessas merdas e já está.

repente merda dura farinha
Quê?!

minha visinha e prostituta
E tu analfabeto. Estão bem um para o outro.

Apetite do urso após hibernação
Olha filho, nem sei que te diga.

teste boa de cama
É assim, chavala. Ou te ligam depois ou não te ligam. Está feito o teste. Parva!

marido corno
Se queres um, tens que o fazer...

2/11/2007

(Imagem pedida emprestada à RTP. Clicar para ver sem óculos)


E Não. Não foi por causa da nova loja de cogumelos mágicos. Nem foi preciso pôr-me à porta da escola primária com a patroa a passar rasteiras ao pessoal que entrava com ar suspeito. E amanhã já mudamos de assunto.


Beijos da Rosarinho!!!

2/08/2007

UMA HISTÓRIA MODERNA IV (na primeira pessoa)

Fui mãe aos 16 anos. Os que têm a pachorra de ler isto há mais tempo já o sabem porque já mencionei o facto.
No tempo em que eu fui mãe aos 16 anos, apesar da revolução ir de vento em popa, quem entrasse numa farmácia com a nossa idade a aviar-se de qualquer tipo de contraceptivo, ficava conhecido na cidade toda e tinha que passar a enfiar um saco na cabeça.
Será desnecessário explicar aos caríssimos clientes que não foi fácil. Quem a conhecer agora não acredita mas nessa altura, eu tinha uma mãe que dizia que o maior desgosto que podia ter na vida era uma filha dar um beijo na boca ao namorado antes da noite do casamento, por isso digamos que a frente de batalha se estendia por mais quilómetros do que em condições normais. Neste capítulo, ficamos por aqui.
E é claro que praticamente tudo na minha pacata vida foi afectado: os estudos adiados, a licenciatura só veio aos 34 anos, tive que sair da minha casa para ir viver num sítio completamente estranho onde as pessoas não comiam de faca e garfo nem tomavam banho todos os dias, onde não havia água quente canalizada, onde a toda a hora tentavam recuperar-me para a vida honesta (porque naquelo tempo a honestidade de uma mulher só se media entre as pernas), vi a minha barriga a crescer desmesuradamente numa idade em que o máximo que se faz é experimentar o bikini novo e ver se aquilo fica bem ou não e tive que sair à rua assim, com as pessoas a criticar-me, não por estar grávida mas por não disfarçar com roupa justa.
Fui remetida em correio expresso e com selo na testa para um casamento que inevitavelmente acabou um dia mais tarde. Eu fui, auto-anestesiada, e juro que hoje, mesmo que faça um esforço grande, não tenho memória dos convidados, nem do bolo, nem do vestido, nem dos convites, nem de nada. Parece que nem estive lá. Foi assim. Podia ter fumado qualquer coisa ou tomado umas drogas. Como devido ao meu estado não podia, fiz uma viagem extra-corporal e resultou na mesma.
Depois, quando chegou a hora, tive 16 horas seguidas de trabalho de parto com umas parteiras/enfermeiras gordas à minha volta a lembrarem-me em sessão contínua que, se me tivesse portado bem, não estaria a passar por aquilo.
Quando a minha filha finalmente nasceu eu olhei para ela e, fónix, era linda! A sério, podem acreditar! Fogo, mesmo linda! Não tinha a cara vermelha nem a cabeça deformada nem o cabelo agarrado à cabeça... Bolas, parecia um caraças dum anjo! Nunca tinha visto um bebé recém-nascido tão bonito como ela! E claro que não foi por isso, teria acontecido o mesmo de qualquer maneira. Mas caramba, eu aproveitei para me gabar porque acho que mereço! E o que aconteceu foi que, nesse momento, logo, logo, logo nesse momento, eu reconciliei-me ali mesmo com a vida e tive a certeza que tinha valido a pena que era, decididamente, contra o aborto.
Ao longo dos anos vim a ter mais dois filhos, três ao todo. Nenhum voltou a nascer tão bonito como se viesse directamente dos deuses, isso só acontece de vez em quando, mas também não teve mal nenhum.
Continuo a ser contra o aborto até hoje. Por isso, no próximo domingo, decidi que vou votar SIM. Porque o NÃO é ser a favor do aborto selvagem e clandestino. Porque esta merda deste mundo não é perfeito e não vale a pena andarmos aqui todos de bandeirinha na mão a fingir que é.

2/07/2007

COMENTÁRIOS QUE SUBIRAM A(de) POST(o)

Dois daqui:
Na Irlanda, uma miúda de 14 anos é violada pelo pai e fica grávida, o aborto é-lhe proibido pelos tribunais que souberam da coisa no processo-crime desencadeado contra o pai e proíbem-lhe a saída para Inglaterra para fazer lá o aborto. Consegue iludir a proibição e é presa e acusada quando regressa à Irlanda. Se isto não é primitivo e idiota, não sei o que o será. O direito à vida do feto tem que ceder. Não é um valor absoluto.
O argumento da necessidade de aumento da natalidade é uma coisa muito engraçada, num estado, como o português, que é fiscalmente impiedoso com a filharada, que não fornece rede de educação e apoio pré-escolar, que fecha escolas primárias a esmo, que mete propinas em forma de burla, que vai paulatinamente tirando a o carácter gratuito da saúde e que corta a esmo os subsídios da segurança social. Dá mesmo vontade de ter filhos...

Um daqui:
O argumento do "não" perde-se logo na actual lei em vigor: o aborto é permitido em caso de violação. Então e a "vida" não existe nesse caso!? Por ter sido "provocada" sem consentimento, deixa de ter "valor"? Já não é um bebé rosado e feliz como as fotografias? São os moralismos hipócritas, que penalizam as mulheres por terem uma vida sexual "não autorizada" pela igreja, e porque o abismo entre as classes sociais é directamente proporcional à natalidade dos menos endinheirados, para essa diferença de manter, é importante continuar a atirar estes camiões de areia para os olhos dos que não querem (ou não sabem) pensar.E sinceramente, ponho mesmo em causa a legitimidade de opinar daqueles que nunca terão esse problema (os mais idosos), dos que não podem ter filhos (infertilidade) ou numa posição extrema, mesmo do género não afectado. Porque está-se a pôr em causa o direito de uma pessoa (por azar do sexo feminino) ter poder sobre o seu corpo, transformando-a numa incubadora sem voz própria...

Outro daqui:
É chocante ver esses senhores e essas senhoras a cagar certezas sobre realidades que desconhecem. De cima do seu pedestal que lhes afasta os pés da terra, criam um mundo só seu onde juntam os seus amigos, conhecidos e similares e assim, donos da verdade, a única e suprema, querem regular o mundo. É com esta lógica e fruto da sua suprema sabedoria que somos um povo culto, educado, economicamente próspero, numa palavra, feliz. Quando vi na RTP as caras dos apoiantes do Não no debate de 2ª ou 3ª Feira, fiquei ainda mais desconfiado quanto ao futuro deste país, eram algumas das personalidades que fazem a nossa cabeça colectiva, os ditos opinion makers.Com gente assim não é fácil ter esperança no futuro, o SIM seguramente que vai vencer mas continuamos com eles, que das formas mais demagógicas e intolerantes nos vão tentar fazer felizes.

2/06/2007

UMA HISTÓRIA MODERNA III


É uma tarde de Agosto e a onda de calor varre tudo. Na casa silenciosa, mãe e filha dormem. Apenas se ouve a luta inútil duma mosca que tenta sair, desconhecedora do vidro que a impede, e os miúdos que jogam à bola lá fora. Mãe e filha dormem, abatidas pelo cansaço.

Tudo aparenta paz e pelo corredor, apenas os lençóis ensanguentados e o chão sujo denunciam a tragédia da noite anterior.

Mãe e filha dormem.

Felizmente deu-se a acalmia e mãe e filha dormem.

A mãe, mesmo adormecida, mantém a mão direita sobre a cabeça da filha adolescente que passou a noite, em segredo, a expulsar uma gravidez precoce que não queria e não podia levar adiante. Porque as dores físicas dum aborto improvisado em casa são iguais às de um parto. As outras não. Como criminosas, ambas partilham o silêncio cúmplice.

Para sempre.


Esta é mais uma história moderna.

2/05/2007

UMA HISTÓRIA MODERNA II


A B. tinha 51 anos quando se começaram a manifestar algumas irregularidades no seu ciclo biológico. A princípio encarou-as com algum alívio, como um sinal de que o seu corpo tinha finalmente acedido a ceder ao cansaço, que iria em breve encerrar o seu período de vida fértil e poderia sentir-se leve pela primeira vez. Tinha casado aos dezoito anos, apaixonada pela ideia de deixar a miséria e a servidão em que vivia. Nos cinco anos seguintes tivera cinco filhos e o marido outros tantos, fora de casa. Depois, com o corpo já gasto, ele deixou de a procurar com a mesma frequência, só quando o dia lhe corria mal ou nos intervalos das amantes. Com grande sorte, a B. não voltou a engravidar. Como não tinha profissão e a sua instrução não ia além de saber juntar algumas letras, sujeitou-se conformada a longos anos se maus tratos e insultos para poder sobreviver e que sobrevivessem também os filhos. Quando o marido finalmente envelheceu e se tornou dócil pela necessidade de cuidados que só em casa, apesar de tudo, conseguia ter, a B. pôde desfrutar de alguns momentos em que ensaiou uma felicidade desconhecida, porque os filhos estavam "arrumados" e os netos lhe enchiam a alma. E até com o carrasco de outrora conseguia agora, embora desconfiada, partilhar alguns momentos de ternura magoada.
Só que os deuses recusaram dar tréguas a B.. Após um par de semanas de enjoos que ela tão bem conhecia de outros tempos, um médico confirmou-lhe que afinal, a menopausa esperada era uma gravidez temida.
Religiosa, temente a Deus e a santos, sentiu-se perdida. Abortar era pecado. Mas, naquele tempo, ter um filho com aquela idade era quase uma certeza de tragédias várias. Envergonhada pensava nos filhos, nos netos e nela própria. Pensava no que poderia acontecer àquele ser e experimentou, a medo e lutando contra vários demónios pequeninos que lhe infernizavam os dias e as noites desde a notícia da gravidez, perguntar ao doutor se, na idade dela, não seria melhor... enfim... tirar... enquanto era tempo.
O médico, do cimo do seu palmo de superioridade lançou-lhe para cima as chamas dos infernos sob a forma de ameaça de processo judicial e de crime! A B. voltou para casa e chorou todos os dias para expiar a pena do pecado que sabia inevitável. A B. estava condenada a pecar. Sabia isso mas não sabia como nem quando porque, confusa, não contou às filhas, não contou ao marido que jamais compreenderia, não contou a ninguém. Quando finalmente arranjou coragem para recorrer a uma "parteira" que toda a gente conhecia mas ninguém admitia que conhecia, esmagada pelo peso do ignomínia, estava já grávida de cinco meses.
Por quarenta contos que saíram das suas poupanças de anos e porque "com aquele tempo todo era preciso fazer a coisa bem feita, ainda bem, Dona B., que veio cá, que eu sei fazer as coisas, não sou como qualquer uma", a habilidosa retirou das suas entranhas, sem qualquer anestesia, um bebé já perfeitamente formado que ainda estrebuchou alguns segundos perante os seus olhos antes de desistir da vida.
A B. voltou para casa e estava também morta. Alguns dias depois as filhas deram com ela a um canto, ainda ensanguentada, sem banho, sem qualquer cuidado de higiene e com os olhos inchados de chorar horas a fio. A B. tinha enlouquecido e, ainda que com o tempo tivesse recuperado alguma aparente normalidade, nunca mais conseguiu rir com vontade até ao fim da sua longa vida. Nem com a companhia dos netos.

Esta é, de acordo com algumas mentes brilhantes, mais uma história moderna.

Ilustração: Eugène Delacroix, A Mulher Louca

2/04/2007


Olá queridos e queridas! Hoje resolvi tomar uma atitude! A sonsa da patroa anda há uma porrada de dias a fazer campanha descarada pelo SIM no referendo e, não é que eu não concorde com ela (até porque já tenho tido uns atrasos que me têm lixado a cabeça toda mas graças a deus até hoje nunca foi nada grave), mas este estabelecimento é democrático! E eu até sei que a dona é ela e que cada um usa a sua padaria como muito bem quer, pronto, mas este espaço à segunda-feira é meu, foi ela que mo deu, e eu uso-o como muito bem quero.
Por isso, resolvi dar voz aos adeptos do NÃO. E acreditem, queridos clientes, que não foi nada fácil, porque me fartei de procurar e a única que consegui encontrar que conseguia juntar letras e formar algumas frases (aliás, até anda a tirar um curso de letras numa privada) e que ao mesmo tempo estivesse disponível para escrever na montra deste tasco foi a Kiki Meneses e Silva. E não! Não é minha amiga, dass! É só uma miúda que costuma cá vir comer uma torradinha aparada com uma meia de leite morna à hora do lanche com o namorado, que é um chavalo daqueles com um penteado super-moderno com umas grandes ondas cheias de laca. Foi o que se arranjou. Portanto, queridos clientes, o texto desta semana é da exclusiva autoria e responsabilidade da Kiki. Aí vai:


"Purqe é k eu sô contró aborto.

Primeiro: Porke vi unx filmes supé-giros na çeção de isquelarecimento da jota, com imbriões e isso, tôdos a mecher e a xuxar nu dedo e iço, e axei akilo o mássimo. Quando cazar com o Brono e deicharmus de faser séqueço anal vou kerer um imbrião dakeles. A mamã já me dice que paga uma ama e oma queriada para ter as dôres pur mim.

Segondo: A mamã já me dice que está supé difíssil arranjar queriadajem ôjimdia purke as mulhéres do pôbo já não kerem ter filhos às dozias cumo tinhão dantes e eu axo kisso tá mal. As gordorosas devem ser puribidas dabortar cenão kualker dia temos kir nós lavár as cazas de venho e ôtras coisas aimda pióres.

Tersseiro: Não fás mal as mulhéres do pôvo terãe moitos filhos purke elas pódãe kriar barrigas à vontá-de purke se vesteim na Zara e em logas ainda pióres e nunca uzam um terapinho de geito na vida, mexmo que a jênte lhe ôfressa um que lá teim e num gosta elas istragão logo todo. Tambãe pódeim ter moitos filhos purque eles não perssizão de moita cumida, pódeim cumer çó çôpa, o papá até dice ke les fás melhor ke a carne ke é xeia de tóquessinas.

Cuarto: O aborto pode cer puribido à vonta-de porqe acim as peçoas xikes como noz apurveitão e vão a Lomdres e fásem lá purke num são como akelas gaudérias cem dinhairo ke neim podem ir ó istramjeiro. Acim as peçôas apurveitão e fazem umas compras em Lomdres e já não ce póde deser ke fôrão pó istranjeiro gastár dinhairo pra nada.

Kinto: O aborto é uma coiza má purque é comtra a vida e às dés cemanas já batum curassão... ó dois... bem, já naum me lêmbro moito bem desta párte da vida e iço purke tanho um puebelema de com sentrassão e no dia da çeção de isquelaressimentos naum tinha tumado os comperimidos, mas axo que é açim cumeu diçe.

Pronto"

2/01/2007

E O GRANDE PRÉMIO FARINHA AMPARO PARA O MAIOR NÚMERO DE DISPARATES POR METRO QUADRADO VAI PARA!...



D. CARLOS DE AZEVEDO!

1- "O assunto é dos direitos fundamentais da ética."
Quem é essa gaja? Será a empregada do Sr. Padre, que trabalha de abortadeira em part-time e não quer perder o negócio para os grandes grupos económicos? Não conseguimos perceber.

2- "Não é compatível entrar numa igreja e ter uma dúvida num referendo destes."
Esta está certa. Nós, por exemplo, em cada terrinha que vamos, pumba, lá estamos a visitar a igreja! Não perdemos uma! Românicas, barrocas, góticas, marcha tudo... E também não temos dúvidas no referendo, vamos votar SIM!

3- "A educação sexual na escola é difícil de fazer porque lá não há valores."
Eh láááá!!! Ok, nós sabemos que há para aí escolas em que os profes novos são avisados para não levarem valores senão catam-nos logo no primeiro dia de aulas. Mas que raio tem isso a ver com as aulas de educação sexual??? Querem ver que o Sr. Prior estava a pensar em aulas práticas?! Com pagamento e tudo?! Este homem é demais à frente!!!

4- "Se ganhar o SIM, quer dizer que a igreja pode estar ERRADA?"
"Não, Quer dizer que a sociedade se está a deixar vencer por uma CERTA mentalidade."
Mas o contrário de errada não é certa??? Mau!!!