Antecipando a performance pré-anunciada da selecção nacional no Euro 2004, o comandante da Polícia Municipal de Lisboa (neste momento já ex-comandante), foi protagonista de um vigoroso remate ao poste ao afirmar que as zonas do Martim Moniz e do Intendente, na nossa querida capital, são frequentadas por pessoal que não raras vezes se esquece de ir à missa, logo, qualquer arraial que lá tivesse lugar transformar-se-ia imediatamente nisso mesmo: Um "arraial", ou, como é habitual dizer-se mais cá pelo norte, uma "cóboiada".
O nosso valentão referiu ainda que se trata de locais com um grande número de pintosos de tez negra que trazem dos seus locais de origem os seus próprios usos e costumes, o que resulta em prostituição e toxicodependência. Boa!
Analisemos então por partes:
1.Indivíduos de tez negra são, de facto, altamente suspeitos. Já quando eu era miúda me lembro de me dizerem que não falasse com estranhos na rua, especialmente com pretos porque apesar de os haver bonzinhos, a maior parte são maus. Proverbial é também o exemplo do pretinho Barnabé que tinha o feio hábito de lavar a cara com café.
2.Estes indivíduos de tez negra devem ser originários de locais bem curtidos. Não sabemos quais porque esse pormenor não foi revelado mas deve ser qualquer coisa como aquele lugar dos anúncios da TV onde inventaram o Malibu. Porque se os usos e costumes dos gajos, em vez de ser comer o bacalhau no Natal, dançar no rancho folclórico ao domingo, ir visitar as tias velhas nos aniversários e outras coisas chatas do género, são mandar umas quecas a toda a hora e meter umas ganzas, então aquilo lá deve ser uma animação!
3.As zonas referidas são por demais conhecidas e há mais tempo que fazer em França. Mesmo quem nunca pôs os pés em Lisboa já ouviu falar do Intendente como famosíssima zona de ataque e outras práticas pouco recomendáveis para cristãos, como calculamos que deve ser o Sr. Ex-Comandante. O que não sabíamos (e agradecemos agora este esclarecimento) é que tal má fama se devia a indivíduos que ainda lá não se encontravam e que só haviam de aparecer mais tarde, com o fluxo de imigração. A isto é que eu chamo "ser precedido da fama" ou "poder de antecipação"!
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