Ontem, enquanto estive na fila para a caixa do supermercado, fui desfolhando uma revista masculina que lá estava e me chamou a atenção devido a um artigo de capa. A revista chama-se "Men’s Health" e o artigo é qualquer coisa como "Pistas para saber se ela é boa na cama".
Essas pistas passam por coisas tão despropositadas como saber a idade verdadeira da tal ela (segundo eles quanto mais melhor), ver se ela sabe dançar, beijar, se tem um bom tom de voz, se come com vontade e se tem por hábito verbalizar o que quer e o que gosta.
Ora eu tenho a declarar que acho isto tudo uma grande patetice, pelo seguinte: Boa na cama sou eu e tenho a certeza que não é pelo meu tom de voz que se vê isso, muito menos pela idade. Aliás, quando era mais nova era ainda melhor. Conseguia dormir umas catorze horas seguidas sem me deixar perturbar, nem pelo despertador nem pelo sol a entrar pela janela. Agora ainda consigo dormir bastante mas já acordo com uma pontinha de dor nas costas que só começa a passar para aí no duche. Quanto a dizer o que gosto ou o que quero depende. Nos restaurantes por exemplo é uma nóia, nunca sei o que me apetece. Comer com vontade, essa parte confere, sou uma frieira. Mas deve ser só coincidência.
De resto, nem sei porque raio pode interessar a um marmanjo saber se a mulher com quem vai almoçar é ou não boa na cama. Desde que ela não adormeça com a cara em cima do bife parece-me que se está bem. O que de qualquer modo é difícil de conseguir na companhia de certos homens, que quando começam a contar as intermináveis aventuras de quando fizeram a tropa ou os pormenores dos golos do último jogo do Sporting conseguem ser mais chatos do que um filme do Manuel de Oliveira repetido dez vezes seguidas, sem som e em câmara lenta.
Realmente estas revistas de homens não ficam nada a dever à Maria nem à Cosmopolitan. É só borrar papel com tinta para vender.
Margarida Espantada
Há 1 semana
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