11/18/2004

ZARA HARDCORE

E pronto. De vez em quando lembro-me duma história com uns mil anos e venho a correr contar-vos.
Esta passou-se na Zara, já há muito tempo. Os meus filhos eram putos e foram comigo às compras.
Ora como toda a gente sabe, ou devia saber, o acto de fazer compras exige uma concentração total. Não se consegue estar a sentir a textura duma camisola, a avaliar a sua durabilidade e corte e a certificar-se que o encarnado debaixo das luzes da loja também será encarnado cá fora e ao mesmo tempo tomar conta dos putos e mandá-los estar quietos se estiverem a fazer merda. Era o que faltava! E além disso o interior duma Zara Store não está propriamente recheado de perigos como sopas ao lume, automóveis de tunning ou armas de fogo abandonadas. Está, isso sim (pelo menos naquela altura) recheado de manequins articulados, das falanges ao pescoço. E eu apercebi-me disso quando os miúdos apareceram ao pé de mim, sorridentes e orgulhosos:
- Então, achas que está giro?
- Está giro o quê? - perguntei eu com aquele ar aparvalhado de quem está a sair duma sessão de hipnoterapia.
- Os bonecos, não vês?
Olhei em volta e percebi. Todos, mas todos os manequins da loja, incluindo os das secções infantil e homem, exibiam escandalosos piretes de braços erguidos.
A seguir olhei as pessoas em volta e tive a certeza: Toda a gente tinha dado por ela menos eu.
Por segundos, ainda pensei esconder-me nos provadores ou dizer em voz alta: "A vossa mãe? Não! Não vi!"
Mas acabei por optar por sair de fininho.


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