Porque até eu, que sou uma lady, o faço.
Refiro-me à língua portuguesa.
Os clientes habituais deste estabelecimento já devem ter reparado que a padeira de serviço (eu) não faz propriamente parte daquele grupo de pessoas que acha que ainda devíamos falar e escrever em latim, porque esse é aquele pessoal delirante que ainda não captou que qualquer língua é um objecto em constante mutação e evolução, sofrendo influências de outras e das próprias transformações sociais (falo de língua no sentido de linguagem seus porcalhões!). Mas há coisas que dão vontade de rir, a sério! Vejamos:
Primeiro apareceram os super-mercados, justaposição das palavras super (de origem latina e exprimindo a noção de muito, de superioridade) com a palavra mercado, (também de origem latina e tendo como um dos significados, local de venda). Até aqui tudo bem.
Quando inventaram aquelas cenas maiores do que os super-mercados que conhecíamos foram buscar a palavra hiper (de origem grega e com o mesmíssimo sentido de super), juntando uma palavra de origem grega com uma de origem latina que queria dizer o mesmo que a que já existia, apenas sem lógica nenhuma.
Mas hoje de manhã é que eu até acordei mais depressa quando ouvi dizer nas notícias que se está a desenvolver o conceito de mini/hiper-mercado (???). Expliquem-me, caros clientes, que eu sou apenas uma padeirita. Como é que se pode ser mini e hiper ao mesmo tempo?
É que depois de bem clarificado, este conceito revolucionário poderá permitir relativizar quase tudo na vida, tipo as derrapagens dos governos, a corrupção no futebol e até, quem sabe, o peso do rabo da Simara!
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