Quando eu e o meu irmão éramos miúdos líamos aqueles livros do Tó (alguém se lembra?), que eram sobre um puto irritante que fazia imensas coisas e todas lhe saíam bem, o que é extremamente negativo na educação das crianças por motivos diversos nos quais se inclui a limitação da capacidade para lidar com a frustração.
De uma das vezes em que resolvemos imitar o Tó construímos uma casinha para passarinhos, ou seja, umas tábuas de tamanho irregular pregadas umas nas outras e com um buraco à frente. O estilo aproximadamente cubista da nossa casinha de passarinhos deveu-se à falta de força física para lidar com o objecto denominado serrote e que se encontrava à nossa disposição sem qualquer restrição porque naquele tempo o conceito de segurança infantil era desconhecido e nós sobrevivíamos na mesma.
Depois de terminada a obra pendurámo-la nos ramos duma árvore e sentámo-nos perto, à espera que uma família de pardais ou melros ou qualquer outra espécie se instalasse feliz e agradecida.
Esperámos talvez uns cinco minutos. Como nenhum pássaro apareceu maldissemos toda a classe das aves que classificámos de pouco inteligente e ingrata e fomos brincar a outra coisa... para disfarçar a tristeza que sentíamos na altura.
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