Muitas vezes as pessoas interrogam-se sobre a motivação, a utilidade e o objectivo dos referendos. Trata-se, de facto, de uma questão de resposta bastante simples embora sempre gerida como complexa pelos órgãos do poder. É imperioso que assim seja. O Farinha Amparo, no entanto, sempre atento aos fenómenos políticos e sociais e assumindo-se como um serviço público de primeiríssima água, vem esclarecer de uma vez por todas esta matéria. Não é preciso agradecer.
.Primeiro: Porquê fazer referendos?
Os referendos interessam a todos os sectores políticos. Geralmente processa-se desta forma: A esquerda não pode e não quer ser contra determinada matéria já que essa posição é própria da ala mais conservadora. No entanto, a rigor, tanto se lhe dá como se lhe deu. Por outro lado, não quer assumir-se frontalmente a favor porque já se sabe, numa sociedade profundamente tradicional e católica como a nossa, o peso dos votos do beatério, na chamada esquerda moderada, não é de menosprezar. A direita por seu lado, sabe que uma boa campanha de marketing não precisa de ser honesta nem escrupulosa, apenas boa, logo, aceita sorridentemente a ideia do referendo mesmo que muitas vezes publicamente não o declare.
.Para que servem os referendos?
A rigor para nada. O povinho pouco esclarecido limita-se a votar no que o Sr. Padre ou o partido que geralmente segue manda. Em alternativa, nem sequer lá põe os pés. Quem acaba por ganhar é a empresa que imprime os boletins de voto e as que fazem as campanhas pelo sim ou pelo não. As matérias que vão a referendo podiam perfeitamente ser legisladas pela assembleia da república já que é para isso que a gente paga, e bem, aos gajos que lá põe de quatro em quatro anos. Só que como já explicámos no ponto anterior, a esses só interessa fugir com o rabinho à seringa.
.Qual o verdadeiro objectivo dos referendos?
Logicamente limpar a cara de todos os que não se querem comprometer, nem com as referências de base das próprias ideologias que defendem, nem com as promessas eleitorais que fizeram, porque no fundo não lhes dá jeito nenhum afrontar determinados sectores e lobbies, pondo a responsabilidade das decisões nas mãos do Zé (nome completo Zé Povinho). Outra utilidade é deixar que campanhas descaradas de “desinformação” permitam que tudo continue na mesma, neste país de brandos costumes e paz podre.
-Conclusão e resumo:
Vejamos, em jeito de conclusão e para ilustrar a teoria desenvolvida nesta padaria, o caso concreto do aborto. A maior parte dos gajos que estão no poder e constituem a classe política são homens. Não engravidam e se engravidarem alguém a gente paga-lhes o suficiente para irem a uma boa clínica no estrangeiro resolver o problema. Estão-se pois, literalmente, completamente a borrifar. Não vale a pena chatearem-se com a padralhada (no caso dos de esquerda), nem cuspirem no pratinho onde comem (padralhada e multidão de acólitos) se forem de direita. Põem o Zé Pagode a decidir por eles e já sabem que basta (como bastou da primeira vez) umas ensaboadelas na missa e umas campanhas a mostrar uns embriões de plasticina em tinta vermelha para resolver o assunto a contento.
Isto tudo mostrou saber o Presidente Sampaio ao mandá-los a todos bugiar mais o referendo do aborto, que apesar de recentes escorregadelas nós continuamos a acreditar que não é parvo nenhum.
Pronto.
Margarida Espantada
Há 1 semana
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