6/11/2005

Ora então cá estamos. Para começar quero pedir desculpa aos clientes mas ontem não pude cá vir porque fui receber uma condecoração do Jorge Sampaio, quer dizer, não foi ele directamente que ma deu mas quem o fez disse-me que foi ele que mandou entregar. Cá está ela, é gira não é? Vou guardá-la para sempre. De resto foi um dia um bocado stressado porque a puta da chefe das cozinheiras, assim que me deu aquela cena, meteu na cabeça que eu havia de ir para a cozinha ajudar a fritar os rissóis e encher-me toda de gordura, logo ontem que tinha caprichado no arreio, era o que faltava! Pirei-me cá para fora para o jardim onde estava a decorrer a festa e ainda empernei com um jeitoso que lá andava a servir os canapés, só foi chato ele às tantas malhar com a bandeja na mão para cima duma tia, deu muita bandeira... e lá apareceu outra vez a gorda da cozinheira aos gritos e eu tive que a voltar a despistar. Mas esteve-se bem.
Vamos então às questões dos nossos clientes:

CAXOPA: Então e se o objectivo for não ouvir os vizinhos?
Quando o objectivo é não ouvir os vizinhos deves fazer como eu fiz num apartamento T0 que partilhei durante uns tempos com cinco amigas minhas: Quando te apercebes que eles estão a dar a pinada, e se forem demasiado barulhentos (a pontos de incomodar seis pobre almas temporariamente mal aviadas como era o nosso caso na altura), só tens que esperar que eles acabem e, no final, dar-lhes uma grandiosa ovação. Depois para finalizar pões um cartaz no placard do condomínio a felicitá-los pela proeza (identificando devidamente a fracção de onde vinha o barulho) e a afirmar que, com a idade e a triste aparência que têm, nunca pensaste que fossem capazes de tal coisa. E pronto. Estima-se que isto seja o suficiente para tirar a pica aos gajos por, pelo menos, seis meses.

BAGAÇO AMARELO: Cara Rosarinho, aproveito para perguntar porque é que os portugueses roubam sacos de plástico nos hipermercados...
Caro Bagaço, na verdade "roubar" não é o termo técnico mais apropriado. Trata-se mais de "trazer à borla". É que os portugueses têm um gene comum com a pega, pássaro conhecido por acumular no ninho montes de cenas de que não precisa rigorosamente para nada, e quando a coisa está nos genes não há remédio, como sabes. Para ilustrar isto até te posso contar o caso da minha patroa que já teve uma sogra que, quando sabia que estavam a dar alguma coisa à borla em qualquer lado (por exemplo à porta dum supermercado), ia lá e entrava e saía vezes consecutivas até levar com o vexame de lhe dizerem que "à senhora não podemos dar mais". Nem que fosse amostras de pensos higiénicos (que a senhora já não usava há anos), o que interessava era "trazer muitas à borla".

BORBOLETA DE CANELA: Rosarinho:Eu gostava de saber quais as verdadeiras consequências e possíveis hecatombes, para quem, tal como eu, não usa relógio.
Aqui está uma questão complexa. Por um lado, não usar relógio parece-me grave. Posso inclusive citar-te o nome de algumas personalidades da história que não o usavam e acabaram por morrer: Afonso Henriques, Júlio César e Cleópatra. Por outro lado, que se lixe, a vida é um risco permanente! Estás a ver a adrenalina desta merda?

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