6/27/2005

TODA A VERDADE SOBRE A MÃE DE WHISTLER

A partir de hoje dedicar-nos-emos com alguma regularidade à pintura. Está dito. Essa regularidade ainda não está definida mas será qualquer coisa entre a frequência da actividade sexual do meu chefe (que seguramente não vê o padeiro há uns 10 anos) e a frequência com que eu tomo pequeno-almoço (que é diária).
De resto já não é a primeira vez que nós aqui no farinha (serviço público de indiscutível valor cultural) apresentamos e pomos à disposição do público famosas obras de arte com melhoramentos da nossa própria autoria, característica que se manterá nos próximos posts já que como todos sabemos a maior parte das obras que vêem a tornar-se famosas não valem uma merda e ninguém percebe porque é que são transaccionadas por milhões, nem mesmo quem as compra. O pessoal só não diz nada para não passar por ignorante o que está mal! Está mal! Nós aqui no farinha temos e continuaremos a ter a frontalidade suficiente para apresentar aos nossos clientes as obras de arte como deveriam ter sido pintadas e, quiçá, como os próprios autores gostariam de as ter pintado mas não tiveram legumes para tanto.

Posto isto passamos ao tema do post de hoje. Trata-se de um quadro pintado no séc XIX por James Abbott McNeill Whistler, que ao contrário do que toda a gente pensa não se chama “A Mãe” mas sim “Composição em cinza e negro”, apesar de, de facto, retratar a mãe do marmanjo. Aqui a gente compreende. Sim. Que o gajo tenha querido passar na discreta e não dizer a ninguém que aquela era realmente a senhora que o pôs no mundo, a gente compreende. Teve foi azar, graças aos tipos da Royal Academy of Arts que não foram na treta e rejeitaram aquilo, tipo “ou assumes que não conseguiste pagar a uma modelo decente e tiveste que pedir à velha para te fazer o jeito ou não entras cá com essa trampa! Pinta qualquer coisa por cima e depois volta!” Ele não pintou e, teimoso que nem um burro, não voltou.
O que ainda ninguém percebeu foi isto. Porque é que o homem era amante da fulana que acabou por posar para um tal de Courbet num quadro
de que por acaso já falámos aqui no farinha mas apenas por sugestão do Sr Engenheiro Especialista
(isto é uma casa séria) e quem pintou (e mais o quê não sabemos) a chavala foi o outro e este teve que se contentar com a resmungona da cota. Há no entanto várias hipóteses académicas para explicar isto, todas elas como seria de esperar avançadas por nós aqui na padaria depois de aturado estudo. Primeira: Como toda a gente sabe há normalmente uma rivalidade feroz entre as mães e as gajas que lhes papam os meninos. Daí que a velha tenha imposto um ultimatum qualquer do género “Ou fazes o meu retrato em vez do dessa galdéria ou eu vou morrer do coração e tu vais ficar com remorsos para sempre!” Elas gostam muito de fazer este tipo de chantagem emocional e esta levou-a tão longe que quando estava a ser retratada ainda fingia que nem se aguentava de pé com a afronta e toca de se alapar na cadeira. Cabra!!!
Segunda hipótese e a mais simples: Nesse tempo tal como hoje e desde tempos imemoriais, o gajo que paga nem sempre é o gajo que se serve, fenómeno que costuma ser apelidado de “o último a saber”.
Terceira hipótese, embora um pouco rebuscada é a de que, como está bem patente no Museu d’Orsay e só não vê quem precisa de 200 dioptrias em cada vista, a Joanna (era assim que se chamava a bicha) era assim uma beca para o desmazelado. Vai daí que o James deve ter pensado qualquer coisa como “Ok, isto no escuro passa, mas para expor num museu alto aí, o Gustavo que fique lá com a fama de badalhoco que eu não quero nada disso!”. Só que bem se lixou porque afinal o outro é que se deu bem e ficou mais famoso, porque este, a bem dizer, se não fosse o Mr. Bean e aquele filme que passa de vez em quando no Chiado Terrasse para entreter as famílias, ninguém tinha ligado bóia a um retrato duma velha mal encarada como o susto. Bem lhe pode agradecer lá de onde estiver.
Após este ensaio que nos requereu muita, muita investigação e noites mal dormidas, resta-nos então apresentar aqui uma reprodução do quadro em causa, obviamente com uma qualidade superior ao original. Neste caso, no entanto, não se trata do quadro como o Whistler o gostaria de ter pintado (porque como sabemos, para o bicho-homem todas as fêmeas são umas vacarronas menos a mãezinha), mas sim o que nos sugere a nós aquele ar austero, aquele vestido negro de urubu e aquela touquinha de fundamentalista cristã. Com aquele aparato todo... acreditem... são as piores!!!
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3 comentários:

saltapocinhas disse...

Não sou grande (nem pequena, nem média) apreciadora deste tipo de pintura, pelo que, tudo o que faças aos quadros só os pode melhorar!

Didas disse...

Obrigada! Eu pelo menos esforço-me bué! :)

Anónimo disse...

Ainda tentei ler o post mas fiquei-me pelo título!!

Obrigado pela visita e comentário no meu humilde estaminé.

Modéstia à parte, realmente o meu nick é um "achado literário".