2/08/2006

PEQUENO APONTAMENTO NOSTÁLGICO


"Didas, garanto-te que dessas e piores aparecem todos os dias nos tribunais, a parte menos divertida é ter que aturar essa escumalha que só entendendo português vernáculo obriga normalmente o juiz a ter que descer ao nível (o que a bem dizer dá um certo colorido às sessões). Um exemplo: perguntando a um gajo, num quadro de violação, se ele se ejaculou, deparamo-nos com um "Ham?", repetindo a pergunta à exaustão o acéfalo continua embasbacado. Grandes males grandes remédio: o juiz, pedindo desculpa aos ouvidos mais sensíveis, sai-se com um sonante "Oh homem, esporrou-se? veio-se? ", ao que imediatamente obtém resposta."

Este comentário anónimo no post anterior fez-me lembrar um folheto sobre planeamento familiar que circulou mais ou menos na altura do 25 de Abril. E não era chita, era mesmo material oficial, lançado pelo Ministério da Saúde, fosse qual fosse o nome que tivesse na altura.
O facto é que a opção dos autores foi utilizar uma linguagem que chegasse aos extractos sociais mais baixos. Então, a acompanhar desenhos de senhoras camponesas de enxada na mão e lenço na cabeça, era possível ler questões do género:
.É preciso vir-se para ficar prenha?
.Os homens sim, mas as mulheres não. Não pense que se evitar vir-se não fica prenha porque fica na mesma.

Eu era na altura uma miúda de uns 12 ou 13 anos e rebolei-me a rir sozinha a ler aquilo. Na companhia dos colegas não. Levávamos todos aquele tipo de coisas a sério porque éramos politicamente muito conscientes e muito revolucionários.
Já nos passou. Hoje somos funcionários públicos, empregados de correios, donos de cafés e restaurantes, donas de casa, advogados, engenheiros e arquitectos como os outros.

Mas o que eu queria era mesmo isto: Alguém se lembra deste folheto? Alguém o tem? Alguém sabe como o arranjar? Que pena eu tenho de não ter guardado um para mostrar aos meus netos!

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