A TEORIA ZERO
Olá meus amores, cá estou eu para a minha crónica semanal.
Hoje venho apresentar uma teoria que vai salvar esta porcaria toda. Isto, se alguém com poder a souber aproveitar, claro. Se não, depois não venham dizer que a Rosarinho não tentou salvar a pátria. Lanço, portanto, aqui um apelo a todos os clientes importantes desta padaria (que sabemos que os há).
A minha teoria, desenvolvida num brainstorming este fim-de-semana à volta duns copos e dumas postas de bacalhau com clientes desta padaria chama-se a teoria zero, teoria essa que vou passar a expor.
É então assim:
Este nosso querido país anda há não sei quanto tempo (porque sou nova demais para isso), em voo rasante sobre o comummente chamado “fundo”. Ou seja, apesar de volta e meia sermos levados a pensar que “já batemos no fundo”, é mentira. Estamos quase lá, mas nunca chegámos a bater naquele ponto em que não é possível descer mais. Isto causa uma espécie de inércia da qual não conseguimos sair nem por nada. Nem para baixo (porque isso nos assusta), nem para cima (porque não há força propulsora para tal). O que está mal. Temos que fazer qualquer coisa.
E atenção que eu não quero vir aqui arrogantemente afirmar que tirando eu, ninguém tenta fazer nada, pois isso seria muito injusto. É de assinalar com muito optimismo, por exemplo, a tentativa feita hoje mesmo por tantos milhares de portugueses entre Coimbra e a Cova de Iria para batermos definitivamente nesse tal fundo, onde nem faltou o ex-ministro Bagão Félix a arrotar postas de pescada, nem a transmissão em directo por três canais de televisão nacionais em simultâneo, nem aquelas beatas todas que a gente pensa que só têm existência virtual nos bonecos do José Vilhena e depois afinal não, quando é preciso fazer alguma coisa pelo país aí estão elas de mão no peito a gritar “Presente!”. Mas não chega, a situação é grave e é preciso fazer mais.
Por tudo isso, e inspirados na quadra carnavalesca que agora atravessamos, eu e os que me acompanharam nesta ideia, nomeadamente a patroa, o patrãozinho e o Bagaço Amarelo, delineámos um plano que julgamos infalível e que consta essencialmente do seguinte:
Acabar com esta república foleira que ameaça, ameaça mas nunca mais bate na porcaria do fundo e substitui-la por uma monarquia. Não uma monarquia verdadeira pois isso não resultaria no âmbito do nosso plano (D. Duarte, filho, tens que esperar), mas sim uma monarquia tipo Carnaval onde o rei e a rainha seriam respectivamente o Zé Crispim e a Lena da Silva do Duo Ele e Ela. Os inúmeros filhos que eles têm assumiriam as pastas do governo (teria que se acrescentar alguns ministérios porque os que há não chegam para todos claro). A partir desse ponto (a que chamaríamos o ponto zero), só era possível melhorar, uma vez que se tinha batido sem qualquer margem para dúvida, no tal fundo.
Somos ou não somos brilhantes? Somos. Mesmo assim, e para aperfeiçoar a ideia, pedimos aos queridos clientes mais ideias para “bater no fundo”. Colaborem pois é pela causa pública!
E agora para finalizar, uma coisa que me deixou decididamente comovida e não posso deixar de assinalar. Um cartãozinho de S. Valentim que recebi por mail dum cliente que é um amor! A sério! Tivesse eu recebido mais cartões destes em canuca e a leitura d’Os Lusíadas para mim, no 9.º ano, tinha sido canja! Refiro-me ao tamanho, claro.
CIÊNCIA DO AMOR
POSTULADO
Se o amor olha a esquerda
e a ciência a direita,
porque não da resto zero
a conta mil vezes feita ?
Nos numeros vejo o deleite
da soma bem calculada,
no amor encontro a paz
da equação resolvida
nos braços da minha amada.
PAIXAO
Diz a ciencia bem douta
da quimica da paixão
que esta tem dopamina
e não mexe o coração !
Privado de serotina
o cerebro fica alheado
de tudo o que o rodeia
e só em Ti concentrado.
Se a quimica assim descrita
for verdade factual
o Problema do amor
é caso pra um Doutor
em ciência neuronal.
Não encontrando conforto
na paixão desacertada
o melhor é procurar
a paz o sossego o relax
em droga que assim compense
o desbalanço invulgar
da falta da minha amada.
Comprimidos de xanax ?
Há quem pense no entanto
que tudo isto são tretas
a paixão é consequência
de anjos cupidos e setas.
DESEJO
(Androgénio Esterogéneo)
Já o desejo ardente
do encontro sexual
parece ser comandado
por outro tipo de drogas
com nome nada banal.
Dos atletas conhecidas
falseando resultados
são dopping no ciclismo
no amor são aliados.
Quando os valores atingem
o nivel suficente,
não há moral que reprima
não há regras que limitem
o corpo tudo sublima,
o calor comanda a mente.
AMOR
Se ao encontro fatal
se soma oxitocina
surgem calma e conforto
vontade de acarinhar
nutrir estimar e amar
tomar para sempre a vacina.
Esta hormona do carinho
que no amor aparece
na paixão e no desejo
no mimo que enternece,
tem mantido casamentos
ligações afectuosas
amizades duradouras
e paixões bem cor de rosa.
COROLÁRIO
Se o amor olha a esquerda
e a ciência a direita,
porque não da resto zero
a conta mil vezes feita ?
Na quimica aqui descrita
com ciência rigorosa
não tenho fanatica fé
escrevo poema, não prosa !
E por hoje é tudo. Fiquem, como sempre, com uma beijoca da vossa
Rosarinho
Olá meus amores, cá estou eu para a minha crónica semanal.
Hoje venho apresentar uma teoria que vai salvar esta porcaria toda. Isto, se alguém com poder a souber aproveitar, claro. Se não, depois não venham dizer que a Rosarinho não tentou salvar a pátria. Lanço, portanto, aqui um apelo a todos os clientes importantes desta padaria (que sabemos que os há).
A minha teoria, desenvolvida num brainstorming este fim-de-semana à volta duns copos e dumas postas de bacalhau com clientes desta padaria chama-se a teoria zero, teoria essa que vou passar a expor.
É então assim:
Este nosso querido país anda há não sei quanto tempo (porque sou nova demais para isso), em voo rasante sobre o comummente chamado “fundo”. Ou seja, apesar de volta e meia sermos levados a pensar que “já batemos no fundo”, é mentira. Estamos quase lá, mas nunca chegámos a bater naquele ponto em que não é possível descer mais. Isto causa uma espécie de inércia da qual não conseguimos sair nem por nada. Nem para baixo (porque isso nos assusta), nem para cima (porque não há força propulsora para tal). O que está mal. Temos que fazer qualquer coisa.
E atenção que eu não quero vir aqui arrogantemente afirmar que tirando eu, ninguém tenta fazer nada, pois isso seria muito injusto. É de assinalar com muito optimismo, por exemplo, a tentativa feita hoje mesmo por tantos milhares de portugueses entre Coimbra e a Cova de Iria para batermos definitivamente nesse tal fundo, onde nem faltou o ex-ministro Bagão Félix a arrotar postas de pescada, nem a transmissão em directo por três canais de televisão nacionais em simultâneo, nem aquelas beatas todas que a gente pensa que só têm existência virtual nos bonecos do José Vilhena e depois afinal não, quando é preciso fazer alguma coisa pelo país aí estão elas de mão no peito a gritar “Presente!”. Mas não chega, a situação é grave e é preciso fazer mais.
Por tudo isso, e inspirados na quadra carnavalesca que agora atravessamos, eu e os que me acompanharam nesta ideia, nomeadamente a patroa, o patrãozinho e o Bagaço Amarelo, delineámos um plano que julgamos infalível e que consta essencialmente do seguinte:
Acabar com esta república foleira que ameaça, ameaça mas nunca mais bate na porcaria do fundo e substitui-la por uma monarquia. Não uma monarquia verdadeira pois isso não resultaria no âmbito do nosso plano (D. Duarte, filho, tens que esperar), mas sim uma monarquia tipo Carnaval onde o rei e a rainha seriam respectivamente o Zé Crispim e a Lena da Silva do Duo Ele e Ela. Os inúmeros filhos que eles têm assumiriam as pastas do governo (teria que se acrescentar alguns ministérios porque os que há não chegam para todos claro). A partir desse ponto (a que chamaríamos o ponto zero), só era possível melhorar, uma vez que se tinha batido sem qualquer margem para dúvida, no tal fundo.
Somos ou não somos brilhantes? Somos. Mesmo assim, e para aperfeiçoar a ideia, pedimos aos queridos clientes mais ideias para “bater no fundo”. Colaborem pois é pela causa pública!
E agora para finalizar, uma coisa que me deixou decididamente comovida e não posso deixar de assinalar. Um cartãozinho de S. Valentim que recebi por mail dum cliente que é um amor! A sério! Tivesse eu recebido mais cartões destes em canuca e a leitura d’Os Lusíadas para mim, no 9.º ano, tinha sido canja! Refiro-me ao tamanho, claro.
CIÊNCIA DO AMOR
POSTULADO
Se o amor olha a esquerda
e a ciência a direita,
porque não da resto zero
a conta mil vezes feita ?
Nos numeros vejo o deleite
da soma bem calculada,
no amor encontro a paz
da equação resolvida
nos braços da minha amada.
PAIXAO
Diz a ciencia bem douta
da quimica da paixão
que esta tem dopamina
e não mexe o coração !
Privado de serotina
o cerebro fica alheado
de tudo o que o rodeia
e só em Ti concentrado.
Se a quimica assim descrita
for verdade factual
o Problema do amor
é caso pra um Doutor
em ciência neuronal.
Não encontrando conforto
na paixão desacertada
o melhor é procurar
a paz o sossego o relax
em droga que assim compense
o desbalanço invulgar
da falta da minha amada.
Comprimidos de xanax ?
Há quem pense no entanto
que tudo isto são tretas
a paixão é consequência
de anjos cupidos e setas.
DESEJO
(Androgénio Esterogéneo)
Já o desejo ardente
do encontro sexual
parece ser comandado
por outro tipo de drogas
com nome nada banal.
Dos atletas conhecidas
falseando resultados
são dopping no ciclismo
no amor são aliados.
Quando os valores atingem
o nivel suficente,
não há moral que reprima
não há regras que limitem
o corpo tudo sublima,
o calor comanda a mente.
AMOR
Se ao encontro fatal
se soma oxitocina
surgem calma e conforto
vontade de acarinhar
nutrir estimar e amar
tomar para sempre a vacina.
Esta hormona do carinho
que no amor aparece
na paixão e no desejo
no mimo que enternece,
tem mantido casamentos
ligações afectuosas
amizades duradouras
e paixões bem cor de rosa.
COROLÁRIO
Se o amor olha a esquerda
e a ciência a direita,
porque não da resto zero
a conta mil vezes feita ?
Na quimica aqui descrita
com ciência rigorosa
não tenho fanatica fé
escrevo poema, não prosa !
E por hoje é tudo. Fiquem, como sempre, com uma beijoca da vossa
Rosarinho
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