3/15/2007

O DIA EM QUE A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA ME ATACOU


Como sempre faço, saí do emprego e meti-me no carro para bazar dali bem rapidinho. Como sempre, até podia ter caído um meteorito em cima do chaço durante o dia que eu só dava por ela se não conseguisse lá entrar nem dar à chave. Por isso, não vi que tinha um panfleto entalado no limpa pára-brisas, uma cena daquelas de publicidade que devia ser proibido andar a pôr nos carros estacionados e por acaso até é mas ninguém liga nada.
Retomando, só me apercebi da coisa quando já estava sentadita, de cinto posto, motor a trabalhar e rádio sintonizado. Está visto que não me apeteceu ir lá fora tirar aquilo. Arranquei e, uns metros mais à frente, tive a brilhante ideia de esguichar aquela coisa que dá uns borrifos para o vidro da frente e pôr os limpadores a funcionar na velocidade máxima a ver se aquela porcaria voava para qualquer lado. Azar. O panfleto, que na altura me apercebi ser uma propaganda contra o sim com a imagem da senhora de Fátima estampada, com a ajuda da água e da passagem a ferro, ficou coladinho no vidro mesmo à frente da minha cara.
Como não quis dar parte de fraca, lá tive que continuar a conduzir mas, sem visibilidade, a espreitar por baixo da estampa para ter a certeza que não ia contra nenhum poste ou carro da frente. Claro que, como já ia chateada q.b. com a situação, mal se atravessou um peão à minha frente com o semáforo vermelho, buzinei-lhe à força toda.
E só me apercebi da verdadeira dimensão da situação quando o vi especado, com cara de parvo, a pensar porque raio uma gaja que conduzia com a nossa senhora colada no pára-brisas lhe estava a buzinar assim.

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