Recebi por mail, um convite para assinar uma petição contra a criação de um museu dedicado a Salazar (não, não é à senhora dos trapos, é mesmo ao velhote que malhou da cadeira abaixo quando já estava xexé). Como geralmente até sou uma cachopa observadora e atenta, juro-vos que fiquei uma beca espantada por ainda não me ter apercebido do histerismo que por aí vai à pala do dito museu. Para ser franca, queridos clientes, não estou mesmo a perceber qual é a nóia. É só mais um sítio, no caso vertente uma casota nos confins de Santa Comba com uns retratos e umas merdas alusivas ao velhinho. Se não fosse isso era um centro cultural para os ensaios do rancho ou uma sala de espectáculos com 32 lugares para tocar a banda. Nessas terreolas o pessoal está-se sempre a lembrar de fazer qualquer coisa do género, ele é mais museu menos museu. O importante mesmo é que esta choldra toda, de norte a sul, de este a oeste, incluindo ilhas, é uma mega e permanente sessão de homenagem a Salazar. Isso sim, é que era importante acabar de vez. Infelizmente é como as carraças, nunca se sabe muito bem onde estão nem como as tirar e o animal vai ficando cada vez mais doente. E se não acreditam no que vos digo, eu posso-vos provar com inúmeros exemplos. Infelizmente o espaço para me esticar não é muito, porque já se sabe que num estabelecimento deste tipo o pessoal vem para comer uma sandoca rápida e se vir coisa difícil de digerir baza, é mesmo assim. Por isso, vou apresentar-vos só um caso comparativo e depois vocês digam-me se, em tudo o que fazemos, não estamos sempre a reproduzir as lições do defunto, mantendo-o assim mais vivo que nunca e sem precisar de merda de museu nenhum.
Caso 1. Livro de Leitura da Terceira Classe, Ministério da Educação Nacional, pág. 43 – Tempo do Sr. António Salazar.
“A Maria da Várzea chegava da horta. Trazia à cabeça uma cesta com feijão verde, cenouras, pimentos, couves e nabos, e, ao colo, um filhinho ainda de leite. Na sua frente corria, já em direcção a casa, o Manuel, de cinco anos.
Ao vê-la chegar cheia de cansaço e logo rodeada pelos outros quatro filhos, que tinham ficado em casa sob a direcção da mais velha, a Srª D. Arminda, de Lisboa, que estava a passar férias na aldeia, não pôde conter-se que não dissesse:
- Que pena me faz, senhora Maria da Várzea! Ainda tão nova e já com tantos filhos e tantas fadigas! Eu tenho um, e já me dá que fazer.
Resposta pronta:
- Pois eu, com tanto trabalho e tantos filhos, sinto-me muito feliz, minha senhora. É a vida das mulheres casadas cá da nossa aldeia. Os filhos e as canseiras que eles nos dão é que são a nossa riqueza. É por eles que nós somos felizes.”
Caso 2. Síntese de algumas notícias publicadas sobre o caso da criança raptada do Hospital de Penafiel – Tempo da UE e do choque tecnológico.
“A criança, Andreia Elizabete, fora raptada do hospital Padre Américo/Vale do Sousa com apenas três dias de vida a 17 de Fevereiro do ano passado. A criança e os pais biológicos, Isaura e Albino Pinto, foram segunda-feira submetidos a testes de ADN prevendo-se que até ao final da semana Andreia seja entregue à família. O casal Isaura Pinto e Albino Pinto tem mais seis filhos, com idades entre os 17 e os 4 anos. A rapariga mais velha vive com a avó, três vivem com o casal numa modesta casa de Cernadelo, Lousada, e duas meninas, de 9 e 10 anos, estão à guarda de uma família de acolhimento por ordem do tribunal de Lousada. Em declarações aos jornalistas, a progenitora, que vive na pequena aldeia de Cernadelo, Lousada, confirmou que fez a promessa de ir a pé ao Santuário de Fátima "logo que a bebé aparecesse". Entretanto, os vizinhos da família preparam uma festa para celebrar o baptizado de Andreia Elisabete Pinto, a menina de 1 ano retirada à sua família biológica há pouco mais de um ano.”
Caso 1. Livro de Leitura da Terceira Classe, Ministério da Educação Nacional, pág. 43 – Tempo do Sr. António Salazar.
“A Maria da Várzea chegava da horta. Trazia à cabeça uma cesta com feijão verde, cenouras, pimentos, couves e nabos, e, ao colo, um filhinho ainda de leite. Na sua frente corria, já em direcção a casa, o Manuel, de cinco anos.
Ao vê-la chegar cheia de cansaço e logo rodeada pelos outros quatro filhos, que tinham ficado em casa sob a direcção da mais velha, a Srª D. Arminda, de Lisboa, que estava a passar férias na aldeia, não pôde conter-se que não dissesse:
- Que pena me faz, senhora Maria da Várzea! Ainda tão nova e já com tantos filhos e tantas fadigas! Eu tenho um, e já me dá que fazer.
Resposta pronta:
- Pois eu, com tanto trabalho e tantos filhos, sinto-me muito feliz, minha senhora. É a vida das mulheres casadas cá da nossa aldeia. Os filhos e as canseiras que eles nos dão é que são a nossa riqueza. É por eles que nós somos felizes.”
Caso 2. Síntese de algumas notícias publicadas sobre o caso da criança raptada do Hospital de Penafiel – Tempo da UE e do choque tecnológico.
“A criança, Andreia Elizabete, fora raptada do hospital Padre Américo/Vale do Sousa com apenas três dias de vida a 17 de Fevereiro do ano passado. A criança e os pais biológicos, Isaura e Albino Pinto, foram segunda-feira submetidos a testes de ADN prevendo-se que até ao final da semana Andreia seja entregue à família. O casal Isaura Pinto e Albino Pinto tem mais seis filhos, com idades entre os 17 e os 4 anos. A rapariga mais velha vive com a avó, três vivem com o casal numa modesta casa de Cernadelo, Lousada, e duas meninas, de 9 e 10 anos, estão à guarda de uma família de acolhimento por ordem do tribunal de Lousada. Em declarações aos jornalistas, a progenitora, que vive na pequena aldeia de Cernadelo, Lousada, confirmou que fez a promessa de ir a pé ao Santuário de Fátima "logo que a bebé aparecesse". Entretanto, os vizinhos da família preparam uma festa para celebrar o baptizado de Andreia Elisabete Pinto, a menina de 1 ano retirada à sua família biológica há pouco mais de um ano.”
E pronto, queridos clientes, tenham uma semaninha pouco dolorosa e fiquem, como sempre, com uma grande beijoca da vossa
Rosarinho
2 comentários:
excelente abordagem, rosarinho!
continuas assim e a patroa vai ter que te subir de posto melher!
;)
Ela é que não há meio de meter na cabeça que eu sou melhor! É assim, quem manda pode :(((
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