Graças ao convívio com uma avó que adorava histórias fantásticas e que, mesmo sem saber ler nem escrever, a levou a ver o Quo Vadis, A Túnica e Os Dez Mandamentos, a Didas, ainda de tenra idade, conhecia quase todas as histórias da bíblia. No entanto, se quase todas exigiam do ouvinte uma capacidade de raciocínio que ultrapassava a necessária para aprender a resolver equações ou saber para que lado e com que vigor era preciso mexer a maionese para ela não desandar, havia uma da qual a Didas, mesmo depois de muito se esforçar, nunca conseguiu juntar as peças de forma a fazer sentido: Babel.
Durante algum tempo e para desespero dos adultos circundantes, a Didas continuou a fazer perguntas cujas respostas a poderiam levar, talvez, à resolução do mistério. Depois, outros interesses acabaram por adquirir um maior espaço nas suas preocupações e desistiu. Apesar disso, mesmo depois de crescida, a Didas nunca chegou a perceber como é que um grupo de técnicos vários, a trabalhar num projecto comum, conseguiu diversificar as linguagens de tal forma que teve, em extremo, que abandonar os trabalhos. Porque a lógica mais básica era que, estando os gajos a construir um arranha-céus daquela envergadura, a acordar todos juntos nos contentores da obra, a andarem juntos nos andaimes e nas gruas e até quem sabe a partilhar a marmita, o mais certo era que ao fim de pouco tempo desenvolvessem um código linguístico comum. Mesmo que houvesse para lá bué de imigrantes.
2 comentários:
estás muito mais à frente que eu, que não entendo a maioria delas!!
Ah, mas eu tive muitos anos disto!
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