Hoje comemorou-se o Dia dos Avós e, ainda que não interesse nadinha a ninguém, tenho a revelar algumas coisas que me passaram pela cabeça a propósito do tema.
1- Não gosto do Jorge Gabriel. Mas hoje achei que ele merece o que ganha.
2-A avó mais famosa junto das crianças é a da Capuchinho Vermelho. E foi comida e vomitada por um lobo. Não é um bom exemplo.
3-Não é que alguma vez tenha ligado alguma coisa ao dia em si, mas foi o primeiro dia dos avós que passei sem ter nenhum deles.
4-Não sei como se chamava a minha avó paterna. Morreu muito jovem e muitos anos antes de eu nascer com uma doença que hoje poderia ter curado. Procurei em todos os cantos da minha memória e senti-me má e culpada por concluir que não sei o nome dela. Nunca a vi, nunca lhe tiraram fotografias, mas já soube pelo meu pai que eu sou tão parecida com ela como se fosse uma segunda edição.
5-A minha avó materna conheci, e muito. Foi embora no último natal. Ofereceu-me o meu primeiro triciclo que era azul e levava-me a comer pastéis com creme sem ninguém saber quando eu era pequenina.
6-O meu avô paterno ensinou-me a usar navalhas para esculpir bonecos em madeira macia e eu cortei-me muitas vezes. Ainda tenho as cicatrizes nos dedos. Ensinou-me também a dizer mal de Salazar e dos padres. Penso que naquele tempo podia ter sido preso e se fosse agora também podia. Mas por motivos diferentes.
7- O meu avô materno era meu padrinho de baptismo e dava-me todos os anos uma nota, mas só depois de eu pedir muito como só as crianças sabem pedir, ou seja, massacrar. Se não fosse isso só me dava moedas. Era dono duma loja daquelas antigas com balcão de madeira escura e uma balança com muitos pesos diferentes todos alinhados. A loja vendia muitos produtos perigosos e eu ia para lá mergulhar as mãos e respirar pós químicos coloridos de que nem sei o nome e que se guardavam em enormes bidons sem tampa. Nesse tempo ninguém se preocupava com isso.
E pronto.
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