Hoje, quando vi a reportagem sobre a entrega do abaixo-assinado contra a criação do Museu Salazar fiquei contente. Contente por não ter assinado.
Não que eu tenha algum tipo de admiração pelo raio do velho, só me faltava! Bolor só no pão e é quando a gente se distrai aqui na padaria e não o deita fora no dia certo! Aliás, como exercício académico acho que era divertidíssimo (além de didáctico), fazer uma escolha ao pessoal que defende o salazarismo e tirar-lhe aquelas coisitas que o velho do verdete não admitia nem com febres altas, tipo pensões de sobrevivência, férias pagas, subsídios de desemprego e outras banalidades. Só para ver se eram coerentes.
Só que tão triste como babar-se por um tempo em que era preciso tirar licença para ter uma porcaria dum isqueiro é ver matulões a chorar baba e ranho com medo dum museuseco qualquer.
Parece que foi de propósito e foi mesmo. Quando recebi via mail o link para o abaixo-assinado enviei umas questões: “Porque não se há-de criar um museu do estado novo se este é um período que, mal ou bem, faz parte da nossa história e ponto final” e “De que evidências dispõe a associação que lhe permitam afirmar que o tal museu não vai ser um espaço museológico onde o tema seja tratado com o devido rigor científico e isenção”? De resposta recebi o que esperava. Que aquilo ia ser um santuário do fascismo porque sim e que confiasse neles porque eles já sabiam e estavam ali para nos proteger e à democracia. Fónix! Paternalismos? Outra vez? Como no tempo do bolorento das botas? Mais uns iluminados a guiar o povo ignorante através das trevas? Esta merda está-nos mesmo nos genes, só muda o vocabulário! Eu cá por mim quero que eles se cozam todos, uns e outros. Ah!
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