Mas o que dá vantagem a uns e desvantagem a outros nesta competição linguística é mesmo isto: um gajo de Lisboa, desde que possua um mínimo de elasticidade fonética, consegue imitar um gajo do Porto. O contrário é impossível. E é-o de tal maneira que, dada a subtileza do sotaque da capital, os mais duros de ouvido são capazes de jurar que, simplesmente, eles não têm sotaque. Mas têm. Vejamos alguns exemplos:
Dizem "t'fone" em vez de "telefone".
Dizem "s'pé" quando querem dizer "muito". Por exemplo, "s'pé giro" significa "muito giro", "s'pé caro" significa "muito caro", "s'pé chato" significa "f*dido" e por aí adiante.
Dizem "bêbê" em vez de "bebé".
Dão um soprozinho no "d" e no "t".
E passam a vida a dizer "então vááá!", que significa "Tá bem c*ralho!"
Eu por acaso tenho sorte. Troco os bês pelos bês à força toda mas quando quero consigo imitar qualquer um, na boa. Só preciso de treinar mais o açoreano e o lelo. O lelo é mesmo muito difícil. Mas lá chegaremos.
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