1/21/2008

LIÇÃO DE FONÉTICA. APROVEITEM QUE EU NÃO DURO SEMPRE

Toda a gente tem sotaque. Toda, sem excepção. Mas há sotaques que são mais massacrados do que outros. São aqueles que se usam para contar anedotas no café, para encenar rábulas nos programas de humor e para imitar alguém de quem não se gosta ou se considera simplesmente "um cromo". É lixado. Mas isto é assim por uma razão muito simples: Há sotaques que, quando os ouvimos, caem em cima de nós como uma chuva de pedregulhos por uma ribanceira abaixo, e quem os tem entranhados, ou encara aquilo como uma religião ou vai passar os dias no psiquiatra porque não tem cura. É o caso do sotaque morcão, o beirão interior e o alentejano entre outros. Não há nada a fazer.

Mas o que dá vantagem a uns e desvantagem a outros nesta competição linguística é mesmo isto: um gajo de Lisboa, desde que possua um mínimo de elasticidade fonética, consegue imitar um gajo do Porto. O contrário é impossível. E é-o de tal maneira que, dada a subtileza do sotaque da capital, os mais duros de ouvido são capazes de jurar que, simplesmente, eles não têm sotaque. Mas têm. Vejamos alguns exemplos:


Dizem "t'fone" em vez de "telefone".


Dizem "s'pé" quando querem dizer "muito". Por exemplo, "s'pé giro" significa "muito giro", "s'pé caro" significa "muito caro", "s'pé chato" significa "f*dido" e por aí adiante.


Dizem "bêbê" em vez de "bebé".


Dão um soprozinho no "d" e no "t".


E passam a vida a dizer "então vááá!", que significa "Tá bem c*ralho!"




Eu por acaso tenho sorte. Troco os bês pelos bês à força toda mas quando quero consigo imitar qualquer um, na boa. Só preciso de treinar mais o açoreano e o lelo. O lelo é mesmo muito difícil. Mas lá chegaremos.

Sem comentários: