2/03/2008


Olá queridos clientes! Ora então cá estou eu para vos explicar com todos os pormenores as recentes alterações no governo, incluindo manobras de bastidores totalmente inventadas por mim e outros segredos ainda não revelados porque também não são verdade.
Para começar, vamos desfazer o primeiro equívoco: a palavra remodelação. Nos telejornais, assim que se soube que dois ministros tinham sido enxotados, desataram a dizer que tinha havido uma “remodelação de ministros”. Isso era se tivessem feito, por exemplo, uma lipo-aspiração abdominal ao ministro da saúde. Que eu saiba não fizeram nem ele pediu, até porque não confia nos médicos e faz muito bem. O que houve foi uma remodelação no governo, isso sim. Até eu que só fiz o nono ano sei isto!
Agora que já fizemos os preliminares, continuamos então para o que interessa.

Em primeiros, os verdadeiros motivos da substituição na saúde:
O ministro da saúde aguentou-se a tudo quanto era romarias e histerismos do pessoal da feijoada, a ataques políticos, ao prós e contras com os saloios de Anadia aos berros no segundo-balcão… Por isso, perguntam vocês, porque é que de repente, do nada, o mandaram embora? Ora, está-se mesmo a ver que foi por causa daquela gravação da gaja do INEM a discutir pontos de crochet durante meia hora ao telefone com o bombeiro atrasado, enquanto um cota, na aldeia de Não Sei Quantos, batia a bota. Ou seja, o ministro da saúde foi com os pitos por haver, em Favaios, um anormal que até para f… os tomates lhe estorvam. E o povo, que tem que se fazer à vida todos os dias sem medos senão bem se lixa, fica muito impressionado com coisas desse tipo de coisas. Moral da história: Há que escolher muito bem o staff, porque até a gaja da limpeza nos pode fazer “dançar”. Só que isto, num ministério com centenas de ramificações e dependências por tudo quanto é sítio, é difícil. Azar!
Agora o que vocês também não sabem: os verdadeiros motivos da escolha da Drª Ana Jorge para avançada no terreno. Pois está claro que esta malta não brinca em serviço, aquilo é pensado até ao pormenor. Já viram bem a senhora? Com aquele penteado em forma de capacetezinho mal amanhado num cabeleireiro de subúrbio, aqueles óculos de massa enormes numa cara pequenina e aquela vozinha de quem nem se aguenta a dar um traque, o que é que ela vos faz lembrar? Vá, façam um esforço! Não chegam lá? Então? Imaginem-na de bata branca num centro de saúde, a chamar a D. Cesaltina no intercomunicador como quem vai desfalecer logo a seguir com o esforço, a receitar ultra-levures para a tripa dos velhinhos e eles a comentar uns com os outros – “A Drª Ana é que é uma santa, valha-a Deus!” – Então, não é tal e qual? Era mesmo isto que fazia falta para acalmar os ânimos! Pimba! Mas não se iludam, que a gaja vai já começar a comer as papas em cima da cabeça do pessoal e vai ser bem-feito! Para já, já escolheu para secretário duma cena qualquer o tipo que foi o autor da lei da procriação medicamente assistida. Fónix! Se isto não é prepotência, o que é?

Já no Ministério da Cultura, as coisas não são tão óbvias, e até eu que sou uma rapariga esperta, tive que andar dias e dias a dar cabo da moleirinha até conseguir chegar a uma conclusão. Mas pelos clientes faço tudo, carago! Cá vai:
Ninguém esperava que num ministério sossegado como o da cultura acontecesse qualquer coisa, aliás, não costuma acontecer mesmo nada. Aquilo no princípio vai-se à cartilha, que já vigora quase desde o tempo do João de Deus e vai-se picando: “Subsídio para mais 500000 km de fita do Manoel de Oliveira” – feito. “Aparecer numa abertura duma exposição qualquer” – feito. “Ir ao cabeleireiro” – feito. Só que vendo bem, a Drª Isabel quis ser espirituosa e deu umas voltas à cartilha. Em vez de ficar sossegada no seu canto, não é que a mulher começou a inventar? Ok, o subsídio para o Manoel de Oliveira saiu, para aquele filme com um travesti a fazer de moradora de Cuba há muito tempo, mas isso, também, se não saísse, era considerado heresia e dava direito a fogueira no Terreiro do Paço. Agora cá só entre mim e vocês, acham mesmo que os tachistas que ela andou a pôr no lugar, tipo directora do MNAA, director do Teatro Nacional e chulos do bailado, não moviam todas as influências e mais algumas para lhe fazerem a folha? Não se iludam, isto é uma aldeia, seja em Lisboa ou em Gulpilhares de Baixo!
Mas do que eu gostei mesmo foi de ver o substituto! Upa Upa! Um advogado especializado em direito comercial na cultura! É o ideal para não se meter em alhadas! Está feito! Esse não chateia mais! E então a maneira como foi apresentado pela comunicação social diz tudo: Advogado dos Gato Fedorento! O cromo Berardo, seu amigo (valha-nos nossa senhora!) considera-o “um médico amigo que dá consultas à borla”.

Isto é uma comédia!

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