- Sabe, os novos têm que aprender a tratar destas coisas sozinhos!
- Vá lá! Tens que preencher isso! É complicado mas a senhora explica!
- Sabe, ele coitadinho, não está habituado. O pai é que tratava de tudo para ele. Mas agora já é um homenzinho!
- Não é M********?
(O M******** fez um esgar de contentamento, como que a dizer "A minha mãe é muito boazinha para mim!", e continuou de cabeça enfiada no impresso, língua de fora (com o esforço), e gestos grosseiros, com a letra a subir e a descer em relação às linhas, ora mais leve, ora quase a rasgar)
- M********! Tens que pôr o "ésse" a seguir ao número! Senão as cartas não vão lá ter!
O M******** falou pela primeira vez:
- É com "ésse" de cão?
- Sim! É "ésse" de cão! - e a mãe sorriu, com ar desvelado. Depois dirigiu-se a mim novamente:
-Se o visse a escrever no computador! Aquilo é sempre seguido seguido seguido! Agora assim com caneta não está habituado, coitadinho!
Eu, durante o tempo todo, contive-me para não dizer o que me estava quase a sair pela boca fora sem eu querer:
- Oh minha senhora! Se eu tivesse um filho assim cobria a minha cara de m*rda!
Sem comentários:
Enviar um comentário