A Mulher que Não Sabia Dizer Não. Era o título dum filme porno que, depois de circular em versão VHS pirateada por toda a miudagem da altura (não havia internet, pois, não havia internet, nem DVD's), veio parar ao meu círculo de convivência.
Penso que nunca tinha visto um filme pornográfico. Nunca assim duma ponta à outra, com os créditos e tudo. Só tinha espreitado umas revistas foleiras que, dada a minha pouca idade e o facto de só ter lido Corin Tellado, me causaram um ataque temporário de vegetarianismo. De noite, nos meus pesadelos, aquelas imagens de carne crua assombraram-me durante, pelo menos duas semanas, e impediram-me de comer carne pelas voltas que davam ao meu estômago assim que a minha mãe me punha um bife à frente.
Adiante. A mulher que não sabia dizer não era a história duma infeliz que, embora nunca tivesse vontadinha nenhuma, era assediada uma e outra e outra vez por uns tipos com o mau aspecto dos trolhas que nos mandavam bocas de cima das obras e, perante a insistência agressiva destes, acabava por condescender. De cada vez, lá vinha mais uma cena com música de orquestra de baile em fundo em que a desgraçada levava aqui, ali e finalmente ali, até o gajo a deixar em paz.
Todos os tipos que estavam presentes acharam aquilo o máximo. Ou porque tinham ali um vislumbre do que poderiam conseguir se fossem persistentes, ou porque sempre é verdade aquele cliché segundo o qual não há nada mais simplista do que a cabeça dum homem. Já nós, as raparigas, saímos dali um tanto ou quanto desconsoladas.
Margarida Espantada
Há 1 semana
4 comentários:
Ora viva Dª Didas!
Vejo que continuas com a tua veia feminista bem apurada! Ainda bem!
Esses "tipos" do teu "círculo de convivência" deixam muito a desejar... ;)
Um abraço d'O Piadas!
Nos filmes porno um gajo nunca fica bem esclarecido sobre o verdadeiro significado do que possa ser um duplo.
Sobre a utilização avulsa de carnes, isso dava uma postagem e tanto!!!
Oh Piadas, se isto é feminismo vou ali e já venho!
jg, há duplos nesses filmes?!
Tens razão Didas mas reconhece que, há outras coisas que também tiram o apetite de comer carne uns tempos.
É tudo uma questão de habituação.
Imagina um coveiro nos seus primeiros dias de trabalho...
Lixadinho, não?
Passado uns tempos, até é capaz de fazer uma exumação e de seguida comer um frango de churrasco ou comer sardinhas assadas sem lavar as mãos.
Gostei do teu Blogue.
Um bom ano
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