12/28/2009

Um gajo a conduzir é assim


Não estou a falar daqueles toscos que quitam os carros nem dos que penduram o galhardete do Fêquêpê no retrovisor. Esses pertencem a um universo paralelo a que não me dedicarei neste post. Eu estou a falar dos gajos normais que vocês e eu conhecemos, dos que não têm a mania que o carro vem agarrado à pila nem nada disso. Então, um gajo a conduzir é assim:

1. Antes de entrar no automóvel dá uma vista de olhos geral capaz de detectar, em menos dum nano-segundo, qualquer risco ou amolgadela, na pintura, nas jantes ou em qualquer outro local. A coisa fantástica aqui é que nós, mulheres, nunca conseguimos perceber como é que eles fazem isso sem precisarem de se abaixar nem pôr os óculos. É como se fosse assim um super-poder que os gajos têm e que é equivalente à nossa capacidade de orientação dentro duma loja em saldos.

2. Gajo que é gajo nunca põe o cinto de segurança. Quer dizer, põe, mas só depois de arrancar, quando se começa a ouvir aquele pi-pi-pi irritante de aviso. Depois, aí vão eles durante um bocado a conduzir só com uma mão, aos zigue-zagues, e a tentar encaixar o cinto com a outra.

3. Quando um gajo está parado num semáforo e passa a verde, só arranca depois do gajo de trás apitar. Até porque se fosse ele a estar lá atrás, fazia o mesmo. O segundo da fila é que tem que estar com atenção.

4. Gajo que é gajo não mete gasolina quando o depósito entra na reserva, isso é para maricas! Gajo que é gajo ainda faz, pelo menos, uma viagem Paris-Dakar (ou tenta) só para mostrar que não tem medo dessas merdas.

5. Quando um gajo está a estacionar e vai umas cinco vezes contra o passeio e umas dez contra o pára-choques do carro de trás, nunca diz: "Sou um azelha a estacionar". Diz sempre: "Hoje estou um azelha a estacionar, não sei porquê!". Nos casos mais graves, chega mesmo a dizer para a gaja que está ao lado muito caladita e apenas a fazer um certo ar trocista, embora inocente: "Estás-me a enervar e assim eu nem consigo estacionar!"

11 comentários:

António Conceição disse...

1- Sou completamente gaja. Não faço a mais pequena ideia sequer da matrícula do meu carro. Sei apenas que tem um DI no meio.

2- Sou absolutamente gajo. Ponho sempre o cinto, mas não me passa pela cabeça fazê-lo sem estar em andamento.

3- 50% gajo, 50% gaja. Continuo parado no verde, quando estou a ler o jornal.

4- Sou de luas. às vezes deixo passar para lá de reserva, outras meto logo gasolina, quando o depósito baixa cinco centilitros.

5 - Nunca me desculpo. Costumo dizer - e é rigorosamente verdade - que o único estacionamento perfeito que fiz na vida foi no exame de condução.

A.B. disse...

E as senhoras, cumé qué? Vá, vá...

jg disse...

Adenda ao ponto 1.
Qual é a diferença entre o carro de um gajo e a respectiva mulher?!
O carro, se lho fo*$#*, ele topa na hora!!!!

A.B. disse...

E até porque um gajo que é gajo pára sempre metro e meio adiante do semáforo, sabe lá quando é que aquilo muda de côr, é um sistema audiovisual, o segundo da fila vê, o primeiro ouve a buzinadela e é tudo muito hi-tech.

kuka disse...

A gaja ao lado muito caladita?
Também há gajas assim?

Carteiro disse...

Imperdoável heheheeehehe e as limpezas “narigais” que os semáforos facultam?

Fica bem

mfc disse...

Queres ver que sou bicha?!

Anónimo disse...

Embora concordando, em parte, com a descrição, não percebo como é que a Didas consegue ter a percepção tão afinada.
Será que percebe a coisa do seu lugar de "gajo", ou "vê" a dita do sítio da "gaja"?
Hum...
Mas não vê tudo,...por ex. também os há "lampiões" e "lagartos"...

Cumprimentos Zeca

polittikus disse...

Sou gajo... não sou é imbecil ao volante. Esquqceste-te daqueles que conduzem com uma mão de fora da janela, que se sentam de tal forma paredce que estão ajoelhados... FELIZ 2010

Didas disse...

Funes, todo o gajo tem uma gaja dentro de si. E vice-versa. Eu às vezes dou comigo a mandar lavar o carro!

AB, isso não me compete a mim dizer, então?

jg, está certo. É uma adenda oportuna. Pronto.

AB outra vez, essa do hi tech ainda não lhe tinha ouvido chamar. Eles inventam cada uma!

Há pois Kuka! Vocês é que não sabem dar o valor aos nossos silêncios!

Carteiro, é verdade, mas isso é matéria para um estudo académico muito complexo.

mfc, bicha não, gaja. Nestas coisas, homo ou hetero é tudo farinha do mesmo saco.

Oh Zeca, eu tenho tiques de gajo, mas poucos. E lampiões e lagartos são espécies a que não me dedico. Nem a morcões claro.

pollitikus, eu expliquei que este post não se dedicava a espécies que vivem em universos paralelos.

A.B. disse...

Está bem Didas, senhoras ao volante. Você pediu.

No geral são como os homens, irritantes, excepto alguns detalhes mais irritantes.

Os homens quando fazem merda, ou vêm que o outro tipo lhes está a facilitar a vida, costumam levantar a mão num gesto que se tornou sinal universal de desculpas/agradecimentos. É tipo "epa, sorry" ou "epa, gracias". É quanto basta para cortar a road-rage. As mulheres nunca agradecem, são as senhoras da rua.

A estacionar são umas cabras. Um tipo vê outro a saír, faz o pisca e espera para estacionar. Se vier um homem que não repare, dá-se uma apitadela amistosa, o outro levanta a mão, nós levantamos a mão num ok tudo bem, ele recua e estacionamos. As senhoras estacionam, não ouvem apitadelas, nem o que às vezes lhes chamam. Fecham o carro, empinam o nariz e lá vão com uma cara de era só o que faltava, um lugar tão bom e eu ia mesmo desperdiçá-lo.

Houve uma estatística parva aqui há anos, feita por um tipo que foi deportado para a Sibéria, que dizia que as mulheres tinham menos acidentes, logo eram melhores condutoras. Houve até seguradoras, que faliram por baixar os prémios caso o tomador fosse uma ela. Ora as mulheres não são melhores condutoras, têm até muito mais acidentes, são é, em geral, menos graves porque como não sabem meter a segunda andam devagar - os homens em batem menos, quando batem nem a caixa negra se aproveita e fica o assunto resolvido. Mas, os acidentes provocados pelas mulheres, se contabilizarmos o tempo perdido nas seguradoras (porque elas nunca se dão como culpadas, porque a estatística tal e coiso) saem muito mais caros a toda a gente em tempo e calmantes.

As mulheres sabem que o botanito que acende os 4 piscas é para uma emergência. O conceito de emergência é que é muito vasto. Entupir uma rua para marcar hora no cabeleireiro. Parar no passeio em cima duma passadeira para ir ao cabeleireiro. Enfim, cada vez que páram é uma emergência, o pessoal espera que apareça alguém a esvaír-se em sangue e sai uma garina com duas camisas da lavandaria ou dois gaiatos da creche. Quando não ficam a testar a paciência da fila, a discutir porque é que o Quinzinho deixou a Quinzinha. Os homens também páram em locais impróprios, mas não ligam lá os piscas. É tipo roleta, ou se é multado ou não, mas não se anda a fingir que morreu gente só para ir ao multibanco.

Não sei se deva falar nos telemóveis. Os homens também os usam ao volante, embora não andem com eles como se estivessem colados com supercola3 à orelha. Mas junte-se a isso o cigarrito e o retoque da maquilhagem e conclui-se que duas mãos não bastam. Felizmente que as senhoras, sensatamente, páram para fazer isso, geralmente nos semáforos. Mas depois não arrancam, até a buzinaria ser tão grande que percebem que são elas, e aí, costumeiramente, saem disparadas com o laranja já a mudar para vermelho deixando todos os outros pendurados.

As mulheres nunca lêm o livro de instruções, nem sabem onde está. Quando acende uma luzinha vermelha no painel telefonam ao marido a dizer que o carro tem uma avaria. O desgraçado lá vai a correr, para descobrir que foi uma porta que ficou mal fechada. Quando regressa ao trabalho, se gosta da esposa diz que as mulheres são todas umas estúpidas que metem dó, se não gosta diz que ela fechou mal uma porta.

Os homens são muito acusados de estar sempre a mimar os carros, lavá-los com jogos de escovinhas e cotonetes, usar produtos específicos para as jantes, para os pneus, para os plásticos, para os estofos, para o escape, para os vidros por dentro, para os vidros por fora (é diferente), pôr cera, polir, aspirar, ver a pressão dos pneus seis vezes ao dia, e por isso alguma mulher disse que o carro é uma extensão do pénis. Pela maneira como as senhoras tratam os popós, sempre cheios de tralha e cobertos duma camada de merda de pardal com pó, se forem uma extensão da vagina não adianta muito pôr um Brise na sofagem.

E pronto, fui mauzinho.