6/09/2010

Cá vamos cantando e rindo, e com muita paciência


Aposto que a Escola do 1.º Ciclo das Barrocas, em Aveiro e a professora Joaquina Mourato, nunca pensaram chegar ao estrelato desta maneira, e bem podem agradecer à malta do Bloco. Aliás, o Bloco de Esquerda tem esta capacidade de elevar à categoria de coisa importante coisas que doutra forma passariam totalmente despercebidas. Estou-me a lembrar da comemoração dos 100 anos de república do Agrupamento de Escolas de Aveiro (agora em causa) e também recentemente do tema folclórico-reles do Quim Barreiros: Casamento Gay. É um histerismo incompreensível que roça o comportamento de seita e me faz lembrar alguns discursos que ouvi em tempos do pastor jeová quando involuntariamente frequentei o meio.
Para quem ainda não deu por nada, eu explico. O Agrupamento de Escolas de Aveiro decidiu levar a cabo um projecto que consistia na representação, em diversos pontos da cidade, dos vários momentos considerados ilustrativos da história dos últimos 100 anos em Portugal. Um desses momentos era o estado novo (que, sim pessoal do BE, aconteceu e foi durante a vigência da república!), com as crianças vestidas de mocidade portuguesa. Isto não passaria, claro, de mais um projecto escolar dos muitos que acontecem todos os dias por esse país fora, não fora o Bloco de Esquerda se ter indignado com o que rotulou de "Revisionismo inaceitável da história" e ter feito um espalhafato ridículo à volta disso.
Foi hoje. Eu estive lá. E garanto-vos, o que ali aconteceu teve com certeza um efeito muito mais eficaz na cabeça daqueles miúdos no sentido de abominar o fascismo e tudo o que lhe está associado do que quinhentos discursos enfatuados dos enfadonhos políticos do Bloco.
Eu estive lá. A RTP também, bem como dezenas de outros jornalistas. Foi o auge! Bolas, a escola bem podia agradecer ao Bloco!

17 comentários:

Anónimo disse...

Boa! Vou ver se consigo ver as notícias ;-) A minha filhota também andou por lá, debaixo de alguma chuva, que também faz parte da história e ficou com uma grande dor nas pernocas!!! Bom feriado Padeira ;-)

Didas disse...

Chuva e frio coitadinhos! Onde está o aquecimento global quando é preciso?
Nas notícias não referiram nada. Deve ter sido porque afinal a montanha pariu um rato...

saltapocinhas disse...

é verdade, graças ao BE ficaram todos famosos e falados e comentados em imensos blogs.
Estou a pensar em como hei-de vestir os meus cachopos: também quero ser famosa!

Quanto ao BE, eles têm a sua razão: num país onde não há problemas de espécie nenhuma para serem discutidos, têm de inventar alguns!

Didas disse...

Saltapocinhas, para fazeres melhor do que isto tens que mandar vestir os miúdos de SS por alturas da comemoração do armistício. Memos que isso não dá. Ou então posas para a Playboy.

Luís Maia disse...

É isso mesmo Didas, para comemorar épocas não há nada como escolher o pior das suas consequência e já falámos que Ditadura não é República.

Para comemorar a Monarquia nada como relembrar a matança da Igreja de São Domingos, ou o assassinato de judeus em massa por D.João II.

O destino que D.João II deu aos filhos menores dos judeus, enviado-os para a ilha de São Tomé, depois de baptizados e "apartados das suas famílias para que fossem bons cristãos" e em crescendo pudessem povoar a ilha.

Os que não tinham dinheiro para abandonar o País, foi fácil a solução, foram vendidos ou oferecidos como escravos.

Rivera disse...

Em primeiro lugar concordo e dou todo o meu apoio à divulgação junto da população escolar de quadros históricos, desde logo porque um povo sem memória não poderá ter grande futuro.

Em segundo lugar essa divulgação só poderá beneficiar com pequenos teatros (e a forma do desfile parece-me perfeitamente adequada).

Contudo, o que falhou em Aveiro foi a presença de um verdadeiro professor de história, que tenha ou o mínimo de cultura ou sentido pedagógico ou não tenha intenção política.

Porque representar a monarquia com danças palacianas só pode vir da cabeça de uma pobre alma que 90% do que leu sobre história foram os filmes da Sissi! A monarquia só foram bailes de palácio para meia dúzia de famílias nobres! E as discriminações legais e fácticas? A perseguição a quem não era católico? Não seria melhor representar um auto-de-fé (pelo menos muitos mais participaram em Autos-de-fé, nomeadamente na fogueira, que em danças e bailes palacianos!)

Porquê representar a proclamação da República nos paços do concelho e não a construção de escolas e universidades, a constituição, as liberdades várias?

E, busilis da questão, o estado novo representado pelo desfile de um mílicia infantil fascista? E a PIDE? A fome dos anos trinta (que muitos apresentam como esforço de equilíbrio orçamental)? A perseguição a Aristides Sousa Mendes que recusou cumprir a ordem de Salazar de entregar dezenas de milhares de judeus e outros a uma morte certa?

A mocidade portugueza é uma imitação da juventude hitleriana e fascista de Mussolini, com saudação romana (nazi) cânticos apropriados e toda a canga ideológica, representa a participação voluntária de Salazar no pesadelo nazi que se abateu na Europa e no qual Salazar contribuiu com fornecimentos de matérias-primas e tirando a nacionalidade aos judeus de origem portuguesa (que a República tinha dado depois das perseguições da monarquia) bem como e decorrentemente qualquer protecção consular.

Concluindo, ou os professores de Aveiro são uns ignorantes, ao nivel da sopeiragem mais reles com uma cultura ao nível da "Hola!" ou têm um programa efectivo de falsificação e revisionismo da história, o que é extremamente perigoso.

Didas disse...

Luís, falar falámos (falou) o que não quer dizer que seja verdade. A ditadura aconteceu em regime republicano e não sei como desdizer isso sem se ter uma grande lata. E eu também nunca disse que em monarquia não aconteceram coisas lamentáveis. A questão nem sequer é essa. Mas pronto...

Rivera, também eu reparei em algumas pequenas incorrecções, que de qualquer modo não me pareceram graves. Quanto ao resto, parece que está a gozar apesar do tom não ser de gozo. O projecto destinava-se a crianças, tinha que ser simples e feito de algumas ideias centrais. Tenha dó, miúdos daquela idade?... Só daqui a uns anitos hão-de ler Oliveira Marques! E por acaso até me pareceu adequada a escolha da Mocidade Portuguesa para retratar o estado novo, já que era uma instituição que se destinava a crianças, logo o conceito pode ser apreendido com mais facilidade. Quanto ao resto, não me lixe. Se sabe assim tanto de história, saberá que nem a monarquia era tão má nem a mudança para a república foi assim tão boa. Por isso mesmo não demorou muito para que um ditadorzinho (ainda por cima de merda e vindo das Berjenjas) tomasse conta disto.

saltapocinhas disse...

O Rivera não deve fazer ideia do que é o 1.º ciclo, balhamedeus!
faz-me lembrar alguns formadores da universidade que também parece que vivem noutro planeta e que nunca andaram na escola!!

Didas disse...

Lol! Eu não diria melhor!

jg disse...

Começo a acreditar que a melhor forma de implantar a democracia, a verdadeira e não aquela que cada um acha que é, como alguns comentadores desta posta, é com o recurso a bom par de lambadas nas trombas de determinados indígenas.
Esta canalhada do BE tem a filosofia dos escuteiros: Obrigar-me a ser feliz.

Didas disse...

Eles são os grandes educadores do pobre povo ignorante. Quando vi o deputad a mandar postas de pescada na reportagem da RTP até me arrepiei.

Ana Paula Lopes disse...

Eu tb lá estive e o Fernando Pessa tb!
Ainda pensei que houvesse mais barulho no dia da representação, mas não correu tudo muito bem.

Didas disse...

A montanha pariu um rato.

Ivar C disse...

O histerismo do Bloco não é nenhum quando comparado com o teu contra o Bloco. Qualquer coisa que o Bloco faça incomoda-te, o que é só sinal que o Bloco está no caminho certo.
Suponho que estarias de acordo, por exemplo, que na Alemanha se fizesse esse revisionismo com fardas das SS. O problema é que os familiares das vítimas não estariam. :)

Didas disse...

Tem paciência, até alguns tipos do bloco acharam isto ridículo.
Apesar disso o que dizes é ilustrativo. Estar no caminho certo, para esse partido, é incomodar. Vamos longe assim vamos...

Ivar C disse...

didas, eu já percebi que desde que entrei para o Bloco que este se tornou o teu ódio de estimação. até aí tudo bem.
Por acaso fiz parte dos que fizeram a comunicação sobre este facto, ou seja, também a mim estás a chamar histérico incompreensível e espalhafatoso ridículo. Assumo-o com orgulho, admito. Agora não te vou chamar nada porque não discuto política a este nível barato, mas acho que a estupidez tem que ter um limite. É só isso...

Didas disse...

Eu por acaso nem sabia que tinhas feito parte dessa palhaçada. Achava-te mais inteligente do que isso e continuo a achar, apesar de não entender.
E já não gostava do bloco antes, o que não tem nada a ver contigo pessoalmente. A não ser que tu queiras.