Na mesa ao meu lado, no centro comercial, mãe e filha devoravam hambúrgueres e batatas fritas como se não houvesse amanhã ou como se tivessem medo que, algures entre o tabuleiro e a boca, alguém lhes roubasse a comida.
A mãe usava uns shorts dois números abaixo do que pediam as carnes, que explodiam logo abaixo em duas coxas flácidas e cheias de varizes sob a imensa barriga que, na posição de sentada, se deixava cair relaxada até aos joelhos. O cabelo oleoso e sem conhecimento de pente algum era preso atrás por um elástico imundo.
A filha, de uns oito anos de idade, ostentava umas sobrancelhas que fariam inveja a Frida Khalo mas que ainda assim não igualavam o bigode também já farto. Só a mãe tinha direito a depilação, feita com certeza a corta-relva.
Durante todo o tempo não falaram. Apenas comeram como ses estivessem em jejum há 15 dias e de boca aberta e, no final, levantaram-se e foram embora com com alguns rugidos vagos que trocaram entre ambas.
Qualquer uma, incluindo a mãe, tinha idade para já pertencer à geração que teve escola perto de casa e leis de escolaridade obrigatória, mais métodos pedagógicos moderníssimos e currículos adaptados.
Este é o povo que quer ser competitivo na Europa.
Margarida Espantada
Há 1 semana
9 comentários:
Direi mais sáo as mesma mulheres que chagam a casa e são maltratadas pelos maridos e que alinham no números das pessoas que maltratam os nosso velhos,(somos dos melhores europeus nessa matéria).
Sempre competitivos como se vê um país que importa alhos, palitos e folhas de cartolina, merece o lixo em que nos colocaram.
Além disso somos um pais que tem um Silva a presidir-nos que não tem estofo para ser o símbolo de Portugal.
É isso tudo e mais coisas.
Quanto a sobrancelhas, sobrancelhas? Já viste as sobrancelhas da Madame Veiga, sim, já viste as sobrancelhas de Madame Veiga?!!!
Ao pé delas, as de Frida Khalo eram penungens...
nunquinha!
E eu que consegui ler o post todo enquanto como batatas fritas?
que deprimente!
são também essas mães e essas meninas que nos aparecem na escola e normalmente são as que mais problemas levantam, porque as professoras não são suficientemente competentes, as auxiliares idem e as refeições da cantina idem, idem...
O que dói mais é que esse exemplo é mesmo um exemplo, a falta de uma educação mais profunda que notamos por todos os lados. O desleixo instituído como norma é coisa que me arrepia.
escrevi ontem lá no meu estaminé um post a que chamei «O lapso» ou as novas faces da miséria onde chamava a atenção para uma coisa que me choca - o desconhecimento de como gerir melhor o pouco dinheiro que temos. Uma visitante não concordou comigo, achou o meu tom 'paternalista de classe', mas a mim parece-me que quanto muito é de idade, não tanto de classe. Porque no «meu tempo» desleixo era desleixo!
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E depois de ter clicado para entrar vi que faltava uma coisa importante: os hambúrgueres com batatas fritas, responsáveis de certo por parte dos pneus da mãe e e dos futuros pneus da filha, dariam à vontade para um frasco de shampô para as cabecinhas desse par. Continuo a teimar em que há muito pouco dinheiro mas, o que há está muito mal gerido!!!
Conatantino, o menino faça favor de limpar as migalhas!
Saltapocinhas, são exigentes não são? Eu tenho cada história também aqui na padaria!
Pé-de-cereja, só tive pena que aqui no blogger não dê para pôr "like" nos comentários!
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