Hoje vou-vos contar a minha aventura numa loja de vinhos, daquelas finórias onde há um gajo de fatinho a dar-nos conselhos sobre o melhor vinho para isto e para aquilo... quando eu até pensava que o vinho só servia mesmo para beber. Não me interpretem mal, não é que eu não beba vinho e muito menos que não goste. Muito menos ainda que não saiba dizer "Que porra de m*rda é esta?" quando aquilo me sabe a mijo de cão! Só que estou habituadinha a ter quem escolha por mim, o que é porreiro, e nem nunca abri uma garrafa daquilo nem sei mexer num saca-rolhas! Cada um é para o que nasce!
Foi lindo. Entrei determinada a gastar "x" (que era o que eu tinha) e a demorar o menor tempo possível porque tinha mais que fazer e de repente dei comigo numa sala cheia de garrafas inclinadas para trás como se estivessem na piscina, às escuras como se estivessem na discoteque e com uns termómetros aqui e ali como se estivessem de cama com gripe. Atrás de mim veio logo um bacano que me perguntou se eu procurava um vinho de mesa. "Chiça!" - pensei eu por ter acabado de descobrir que nem todos os vinhos são de mesa e também os deve haver de cadeira ou psiché - "Se a primeira pergunta já é assim difícil, imagino a próxima!", pelo que decidi pôr o gajo com dono. Pus o meu ar de quem percebe a potes daquilo e respondi: "Obrigada, se eu precisar de algum esclarecimento falo consigo", péu! E lá fiquei a olhar para aquelas garrafas parvinha de todo. Tintos, brancos, rosés, verdes, maduros... cum caraças! Dez segundos mais tarde já tinha concluído que há garrafas de vinho que custam tanto dinheiro como eu ganho numa semana e comecei de repente a sentir uma certa simpatia pela democracia da super-bock. Depois comecei a olhar para os nomes. Pareceu-me uma boa, porque tenho alguma recordação de ter visto apreciar vinhos com nomes ordinarões parecidos com "porcalhona de não sei quê" ou "pancalhona não sei de onde", mas não havia nenhum desses. Mau! Passei à apreciação do design do rótulo. Na minha cabeça, o mesmo deveria ser sóbrio e discreto, porém elegantérrimo. Sem esquecer o preço, claro, já que era meu objectivo sair dali sem o alarme tocar. Finalmente encontrei um, lá escondido num cantinho, que correspondia a todos os itens. Peguei no telemóvel e liguei ao especialista de serviço, baixinho e escondida a um canto como nos filmes de agentes secretos: "Ouve lá oh morcão, o xpto 14 presta para alguma coisa? Diz-me depressa!". "Que colheita?" - ouvi do outro lado. Oh que carago! Para que me meto eu com homens? - "Eh pá, onde é que se vê isso???" - respondi eu já a inspeccionar a garrafa por todos os lados. "É o ano!". "Ok, é... 2004... acho..." - e lá ficou o filósofo do tinto a pensar, e eu, bem... demorou mais do que a ajuda do Quem quer ser Milionário, desliga!
Peguei na porcaria da garrafa, fui pagar, mandei fazer um embrulho à maneira e pus-me ao fresco. Pelo que custou também não deve ser nenhum carrascão de de certezinha!
E fiz uma promessa. Para a próxima ofereço meias e cuecas!
4 comentários:
para mim só existem 2 qualidades de vinho: os de que gosto e os de que não gosto...
quando quero oferecer, escolho o rótulo mais lindo. se o vinho não prestar, que fiquem com a garrafa de recordação!
Ora ainda bem que mais alguém escolhe o vinho pelo rótulo como eu. Já me estava a sentir anormal!
O melhor vinho do mundo é o q nos dá prazer na hora....caso contrário é um erro, mais, é indiferente se é caro ou se é barato, se não fizer a diferença na hora do beber, se não nos der prazer, é um desperdicio de tempo.
Há diferenças no vinho ? Claro q há, mas nem todos estamos preparados para conseguir saborear o mesmo vinho, ler o mesmo livro, ou gostar do mesmo tipo de mulher....
Cump.s
Carlos Figueiredo
Até dizem que é por isso que o mundo não se vira!
Enviar um comentário