2/12/2012

Porque se isto resulta, está claro que o defeito só pode ser meu

Nos tempos em que via a minha bisavó a falar com a televisão ainda não me interrogava sobre isto porque nesse tempo, do alto dos meus 6 anos de idade, sabia que era impossível alguma vez me acontecer o mesmo. Não o falar com a televisão, claro, pois esse era um objecto que eu dominava completamente. Nem sequer vir a achar estranho que ela ganhasse cores ou um número impressionante de canais para escolher. O que eu só muito mais tarde me comecei a perguntar foi quando é que a vida nos ultrapassa. Qual é o momento em que sentimos que alguma coisa está irremediavelmente fora da nossa compreensão. Aquele primeiro momento em que caminhamos para actos que farão os mais novos olhar para nós como peças de museu que vivem num tempo distante e a preto e branco.
Acho que esse primeiro momento me aconteceu recentemente com o conceito das "presenças pagas". Compreender a lógica que leva alguém que é ignorante, boçal até, que não tem qualquer talento nem sabe que a África não é um país a ser contratado para estar numa discoteca com um copo na mão a fim de atrair clientes está decididamente além da minha capacidade de compreensão. A partir daqui vai ser sempre a descer. Penso eu de que...

2 comentários:

São Rosas disse...

Vês? Vês? Mais um texto que ficava tão bem no «Persuacção»...

tiago leal disse...

Se o tempo for um gajo justo há-de te fazer justiça e voltar a por essas pessoas longe das luzes da ribalta, que não fazem lá falta nenhuma... :D

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