Faz hoje um ano que começou a campanha eleitoral. As Legislativas 2011, foram o corolário lógico de uma campanha mediática, iniciada mais de um ano antes e que teve como final “esperado” a vitória do PPD /PSD.
A um ano de distância, os portugueses interrogam-se agora sobre aquilo que lhes foi prometido, aquilo que ouviram da boca dos políticos.
O culto da demagogia é uma arte que só alguns políticos sabem utilizar bem. Não é demagogo quem quer! Tal como o ser-se piroso, a capacidade de se ser demagogo é algo inato, que nasce com a pessoa e desenvolve-se ao longo da vida. Para que percebam melhor, dou-vos alguns exemplos; António Sala não é piroso, mas quem o tenta imitar é, e muito!!!! Marco Paulo nunca foi pimba, mas quem o copia, é rasca!
Percebem a ideia? Óptimo!
A demagogia, é portanto a grande arma dos políticos em tempos de campanha eleitoral. Digam lá, se não é uma maravilha, ver um dirigente nacional do CDS, armado em defensor dos pobres e oprimidos, neste caso dos utentes dos colégios particulares (gente com parcos recursos portanto), a manifestar-se contra a “ofensiva” quase antidemocrática que o Governo de Sócrates estava a desenvolver contra o ensino privado (em causa estava o corte de subsídios a estas instituições em favor do ensino público). Digam lá se uma coisa assim, não estava mesmo a pedir o aluguer de um avião com uma tarja publicitária para sobrevoar o local onde o então Primeiro-ministro se encontrava…claro que estava!!
Mas vem isto a propósito de quem???? De Passos Coelho, claro!
Dele, Manuela Ferreira Leite disse o que o Diabo não disse da cruz. Em pleno campanha para o Congresso do PSD, Paulo Rangel acusava Passos Coelho de ajudar o governo de José Sócrates e os “barões” laranjas encolhiam-se com receio que a pouca experiência política de Coelho pudesse deitar tudo a perder.
Não fosse o padrinho Ângelo Correia e Passos Coelho ainda hoje não passava de um ex candidato derrotado à presidência da Câmara Municipal da Amadora.
De facto, o ex ministro da administração interna de Cavaco Silva, de quem já se disse ser das pessoas mais influentes em Portugal, teve o condão de ver em Coelho o jovem guerreiro que Santana Lopes não conseguiu ser. A isto junta-se Felícia Cabrita, que num rasgo de rara poesia lírica, escreve a biografia do “Jovem Loiro”.
Para os anais da história fica esta passagem do “livro”; "Era dado a cóleras súbitas. Um dia quis mostrar a pilinha num restaurante."
Tenho insónias só de pensar no que poderia ter acontecido!! Boa parte do sucesso das nossas negociações com a Troika, devem-se ao facto dos responsáveis do FMI terem receio que Passos concretize esta ameaça numa das reuniões!
Mas enfim… este era o cenário que estava montado, bastava adicionar uma boa dose de pragmatismo, uma pose de S. João Bosco em dia de Feira de Carcavelos e demagogia q.b.
Os portugueses, passaram a ouvir diariamente aquilo que lhes confortava a alma. Os nossos problemas iriam ser resolvidos. Finamente!
Sem aumento de IVA
Com subsidio de férias assegurado
O 13º mês era garantido
A figura do Estado despesista tinha os dias contados
As nomeações passariam a ser transparentes
Os ordenados dos gestores seriam controlados
Lembram-se disto? "Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar o futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa."
Ou desta? "O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimentos."
A tudo isto, os portugueses disseram SIM e atribuíram uma maioria clara ao PPD/PSD
Aliás, se bem se lembram, a primeira medida de Passos Coelho, enquanto primeiro-ministro, foi o exemplo claro de que a demagogia quando nasce, não é para todos (infelizmente para ele). A partir de agora os membros do governo só viajam de avião com bilhete de 2ª classe!!!!
Estava dado o mote, para o corte da despesa e não só…
Infelizmente para todos nós, não eram só os bilhetes que passariam a ser de segunda. Todo o Governo era de 2ª classe! E esta é uma realidade que dificilmente os eleitores demoraram a assimilar.
Um ano depois de ser eleito, Passos Coelho é um homem cansado.
Sucedem-se os “casos” quase que diariamente, até parece que este executivo está no poder há mais de 5 anos.
Temos um ministro “coiso” que escolheu o Pastel de Nata como prioritário para o desenvolvimento da economia.
Temos um ministro das finanças, que quer roubar o Pastel de Nata ao ministro coiso.
Temos um Ministro dos Assuntos Parlamentares, que ameaçou atirar um Pastel de Nata a uma jornalista.
E temos um Ministro da Economia, que não exercendo, não fazendo parte deste executivo, comporta-se como se de facto o fosse. Sim, António Borges é o verdadeiro Super Ministro deste Governo. Não foi nomeado, não foi inquirido, nem nunca será!
Temo, só de pensar, que tal como no anúncio do BANIF, para Ângelo Correia a solução está de facto no Banco e António Borges poderá ser a próxima aposta deste homem forte de Cavaco.
Reparem que propositadamente, não referi o caso das “secretas” que envergonha qualquer democrata de bom senso.
Passos Coelho deixou passar ao lado, a oportunidade da sua vida. Não mostrou a pilinha no restaurante e está cada vez mais sozinho.
A eventual saída/demissão de Miguel Relvas deixará Coelho sem um dos seus melhores trunfos.
Manuela Ferreira Leite já percebeu isso e já está em bico dos pés.
Marcelo Rebelo de Sousa, pela segunda semana consecutiva, envia avisos à navegação.
Paulo Portas está seriamente preocupado.
A execução orçamental deixa muito a desejar.
E os portugueses…
Bem… os portugueses, questionam-se sobre o paradeiro daquele homem do leme, que há um ano atrás lhes prometeu uma nova quimera, o homem que lhes disse:
"Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português."
Se persistir neste caminho, esta “Opera Bufa”, vai-nos levar, infelizmente e uma vez mais, a umas inevitáveis eleições.
Resta saber se Cavaco ainda será Presidente nessa altura e quem é que as vai disputar por parte do Partido Socialista.
Resta saber quem é que de facto está em condições de restituir aos portugueses a sua dignidade perdida.
O caminho está aberto, será que ainda temos coragem para o percorrer?
A história, a nossa história, a história das mulheres e homens que diariamente teimam em manter vivo este país soberano, está repleta de episódios como este, sim, porque este ano que passou, foi apenas um simples episódio, triste, fugaz e insípido.
De tanto que foi prometido, muito pouco ou nada restou.
Mais do que um balão que murcha ao ver o ar a fugir, Passos Coelho não é mais do que um simples e mortiço “peido”.
Prometia muito, mas não passou de uma leve e suave brisa. Já passou, mas continua a cheirar mal!
3 comentários:
Se escolheram esta cor para não se conseguir ler nada, conseguiram. Parabens.
Não, cara Lídia, não foi de propósito. Foi mesmo só acidente. Demasiado tempo no forno e esturrou.
Parabéns a Fernando Neves
"colaborador" da padaria!
É evidente que os seguidistas e os que comem não desistem!
Acordem os que estão adormecidos!
Zé de Aveiro
Enviar um comentário