AVISO: O POST QUE SE SEGUE CONTÉM LINGUAGEM GROSSEIRA (VULGO CARALHADAS), PELO QUE NÃO SE ACONSELHA A SUA LEITURA A MENORES DE 18 ANOS OU PESSOAL ESQUISITO COM ESTAS COISAS.
Sou herdeira dum tempo em que o feminismo era uma coisa feroz e radical. Um tempo em que era ponto assente que as meninas só brincavam com bonecas porque os seus cerebrozinhos eram moldados para isso desde tenra idade e outras coisas assim giras. Como é evidente também eu partilhei desse espírito e também eu fui uma feminista feroz. Como é evidente, apesar de já ter serenado os meus ânimos e relativizado os meus juízos, admito que foi um movimento de imprescindível existência no contexto político e social da época em que se desenvolveu. Não tivesse o pessoal posto as garras de fora à força toda e ainda hoje, minhas meninas, tínhamos que nos contentar em ser domésticas, professoras da instrução primária ou enfermeiras e e!...
Apesar de mais calma (e porque estas militâncias nunca se curam totalmente), há aqui e ali um ou outro acontecimento que faz voltar à tona a minha antiga forma e desatar por aí a espingardar para todo o lado. Até porque convém continuar a ir aos treinos para não esquecer...
É o que está a suceder com um e-mail que tenho recebido repetida e insistentemente, até mesmo de pessoas que considero pensantes e inteligentes. Trata-se de um “scanning” de um Diário da República que contém uma gralha que resultou na troca de género do nome de Paulo Portas, que assim saiu como Paula Portas. Esse e-mail é enviado acompanhado de insinuações jocosas do tipo “Este gajo nunca me enganou!”
Vou passar a explicar porque esse e-mail me deixa tão podre e vou tentar ser breve nas minhas explicações:
1. O facto de Paulo Portas ser supostamente (já que não se assume como tal) homossexual não faz dele uma mulher e é de mau gosto insinuá-lo. De mau gosto para nós mulheres claro!
2. Um homem homossexual não é uma mulher mas sim um homem que se sente sexualmente atraído por outros homens o que, desde que não me peçam a cama emprestada, me é totalmente igual ao litro e não é por aí que avalio o valor de ninguém.
3. O facto de Paulo Portas ser um mau político também não faz dele uma mulher.
4. Repugna-me a forma como, com a maior naturalidade do mundo, pessoas como já referi até inteligentes e pensantes, atribuem características femininas a tudo o que é desprovido de qualidades nobres e, por oposição, características masculinas a tudo o que é elevado e meritório. Senão vejamos as expressões idiomáticas (neste caso postas de pescada merdosas) que se seguem, que são utilizadas no português corrente e que, em última análise valem tanto como dizer que “O Paulo Portas é um paneleiro incompetente e por isso não é Paulo mas Paula”.
4.1. “Ele é um conas.” – Significa que um determinado homem não tem qualquer personalidade nem préstimo e por isso só pode ser comparado aos genitais femininos.
4.2. “Ele/a tem tomates.” – Significa que alguém possui uma personalidade forte e uma boa dose de coragem e que por isso é óbvio (?) que só pode estar munido/a com um par de testículos, que como todos sabemos são a fonte de sabedoria e restantes qualidades humanas.
Assim e posto isto, quero deixar aqui bem claro que não tendo, não querendo ter, nem tendo inveja de quem tem os ditos tomates, rejeito toda e qualquer atitude chauvinista do género da que acima descrevo. Até porque, tanto quanto sei, um pontapé nos ditos é o suficiente para deixar inoperacional por uns tempos quem o leva. Material falsificado portanto...
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