2/12/2004

BALÕES DE FARINHA 2003 - Take Five

E cá estamos queridíssimos leitores, para terminar a atribuição dos balões de farinha 2003, desta feita na categoria literatura. Agora, só nos resta seguir a saga do festival eurovisão da canção enquanto esperamos pelos balões de farinha 2004.
Durante o pretérito ano de 2003 foram lançados tantos livros e com tanta qualidade que, confesso, tivemos dificuldade aqui no farinha em escolher os que deveriam ser premiados. É assim com alguma pena e algum receio de estarmos a ser injustos que vos vamos apresentar os escolhidos.
Desejo esclarecer antes de mais nada que os critérios que seguimos (tem sempre que haver critérios não é?) foram:
1. Os livros escolhidos, apesar de terem sido lançados com toda a força, não se desmancharam, não se romperam nem perderam nenhuma folha;
2. Os livros escolhidos provaram ser bons, não só para cartuchos de castanhas ou pevides, mas até (pasme-se) para tremoços, coisa que vem geralmente com um maior grau de humidade;
3. Os livros escolhidos estão impressos com milhares e milhares de caracteres e nem assim nos borraram as castanhas, as pevides ou mesmo os tais tremoços.
Quero apenas terminar esta pequena introdução esclarecendo que o melhor livro em todos estes testes (Causas da Cultura do Dr P.S.L.), não poderá com pena nossa ser premiado por ter sido lançado já em 2004.

BALÃO DE OURO 2003 PARA LITERATURA
O MEU PIPI
AUTOR: ANÓNIMO
Se os meus caros leitores nunca tiveram a experiência de ir a correr por uma ladeira (cheia de óleo) abaixo à frente de um camião TIR sem travões, façam o favor de ler este livro. Tem a mesma subtileza da experiência anterior. E como é enternecedor ver o preocupado autor esclarecer-nos que, por exemplo, "fazer amor não é o mesmo que foder", ou que "há nuances importantes que distinguem dar uma trancada de saltar para a espinha", para no fim nos confessar que "A mim, tudo me serve para arrebitar a picha". Eu diria mais, acho que um golpe de sorte como este de conseguir vender uma pomada destas, até agora, a 25.000 rotos (como é referido pela própria editora), faria arrebitar a picha a qualquer um, mesmo que não a tivesse.

BALÃO DE PRATA 2003 PARA LITERATURA
I'M IN LOVE WITH A POP STAR
AUTORA: MARGARIDA REBELO PINTO
Este prémio foi conferido;
a) Pela fantástica originalidade das suas grandes e surpreendentes tiradas, como por exemplo:
"... estou paralisada de felicidade." ou "...sinto-me embalada numa espécie de navegação espiritual."
b) Pela grande capacidade de construir uma narrativa a partir do nada, senão vejamos:
A partir desta frase "...desde miúda que não me lembro de ter tido nenhum problema grave.", poderíamos desatar a escrever um livro inteiro com 20 ou 30 volumes, seria apenas uma questão de imaginação, até porque se a moça se define pela negativa (não se lembra de...) qualquer coisa serve para continuar. Vamos dar alguns exemplos:
Desde miúda que não me lembro de ter tido nenhum problema grave, nem de ter ido à República Checa, nem de ter praticado sexo com os tios da minha mãe, nem de ter percorrido 50 km ao pé coxinho e de marcha-atrás, nem de ter enfiado um cabo de alta tensão pelo cu acima, and so on, and so on, and so on... Não é lindo?
c) Pela grande sinceridade e capacidade de auto-reflexão:
"... eu sinto-me uma vaca no cimo de um patamar..."

BALÃO DE BRONZE 2003 PARA LITERATURA
GUIA DO AMOR 2004
AUTOR: PAULO CARDOSO
Uma obra fundamental na língua portuguesa, na qual o autor analisa o movimento de Vénus nos céus para que o leitor possa por sua vez analisar os meses mais e menos favoráveis no que toca à sua vida sentimental. Nem mais. Não conseguimos descortinar o que tem o cu a ver com as calças (e se nós que somos tão inteligentes não percebemos é porque é mesmo profundo e complexo), por isso lhe atribuímos este prémio. Esperamos que durante o corrente ano o autor nos surpreenda mais, fazendo a correlação entre vários factores e não apenas dois, como o preço das azeitonas avulso no supermercado, a rotação da Lua, o aumento de peso da Samantha Fox e a plantação de cannabis nos diversos pontos do globo.

E pronto.
Só não queremos terminar sem um momento alto, como é habitual e politicamente correcto nestas cerimónias. Isso mesmo, vamos lançar uma campanha de solidariedade tipo "We are the world, we are the children", todos de mãozinhas no ar. A campanha chama-se: Vamos todos visitar este blog que está com falta de público! Força!

Sem comentários: