3/29/2004

PRECONCEITOS

Gabo-me de ser uma pessoa muito à frente e sem preconceitos idiotas. É mentira claro. Sofro desse mal como toda a gente. É inevitável.
Hoje, ao navegar até um blog do lado de lá do atlântico, lembrei-me da minha amiga Lu. É brasileira, de S. Paulo.
A Lu veio a Portugal para fazer um estágio e trabalhou comigo durante nove meses. Eu fui a orientadora do estágio dela.

Um belo dia lembro-me de estar no meu gabinete e receber um telefonema a informar-me que iria ter uma estagiária brasileira. Fiquei logo para lá de mal disposta, virei-me para as colegas e avisei:
- Meninas... vamos ter aqui uma brasileira durante nove meses.
(Olhares enjoados)
- É verdade. Disseram-me agora mesmo. Vamos tentar passar esses nove meses de forma pacífica, ok? Quando ela começar com aquelas baboseiras lá deles, façam de conta que não é nada. É só um tempinho e depois ela vai embora. Vamos evitar problemas.
A Lu chegou. Fizemos as apresentações formais, de forma cordial, destinei-lhe algumas tarefas e tentei não mostrar muito a minha contrariedade. Ao fim de apenas alguns dias começou a nascer uma amizade porque a Lu, além de brasileira, era uma pessoa simpática, modesta, discreta e inteligente.
Quando o grau de confiança entre nós chegou àquele ponto em que já se permitem confidências, a Lu confessou-nos que chegou a Portugal com medo, julgando que vinha passar nove meses numa espécie de Afeganistão em versão lusa, onde todas as mulheres teriam bigode e usariam lenço na cabeça e tamancos nos pés, onde a música seria o Malhão Malhão de manhã à noite e onde (pasme-se) ela nem conseguia imaginar que existissem jovens!!!
Sentimo-nos as duas patetas.
A Lu já regressou ao Brasil e há muito tempo que não a vejo... nem sei se a voltarei a ver de novo.
Mas tenho muitas saudades e gosto muito dela.


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