4/21/2004

MOMENTOS EMBARAÇOSOS

Foi em frente a uma esplanada, no Verão. Uma rua sossegada e sem trânsito.
Um cão e uma cadela que passaram não fizeram cerimónia e acasalaram ali mesmo, a uns dois metros dos clientes que aproveitavam um dia de excepção numa cidade ventosa.
Enquanto a assistência involuntária da constrangedora cena fazia os possíveis para torná-la invisível, disfarçando, desviando o olhar para um ponto indefinido no horizonte, reiniciando conversas de circunstância que há uns segundos atrás tinham sido abruptamente cortadas pelo inesperado espectáculo, a minha filha então com dois anos de idade saltou da cadeira, aproximou-se do quadrúpede casal e apontando gritava, com ar feliz:
- Mamã! Mamã! Cãezinhos!
- Sim filha, sim - respondi - vem acabar de beber o teu sumo.
- São dois! - insistia ela com os deditos indicador e médio levantados, numa demonstração de já saber contar mais do que uma unidade - Dois cãezinhos! Dois cãezinhos mamã!
Eu chamei o empregado, paguei a conta, pequei na miúda ao colo e desapareci com ela. Enquanto nos afastávamos, ela continuava a olhar a cena com o mesmo entusiasmo e, desta feita numa tentativa de comunicar com os animais, talvez despedir-se, esticou-se toda no meu colo e gritou:
- ÃO! ÃO! ÃO!

E vocês? Já passaram por algo parecido com isto?


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