5/14/2004

AINDA NO RESCALDO DE FÁTIMA

Lembrei-me de uma espécie de cruzamento oratório/caixinha de música que a minha avó tinha quando eu era canuca. Foi adquirido em Fátima e, tal como hoje, era do mais puro estilo kitch não intencional. Uma espécie de capelinha azul escura, com lâmpadas que acendiam e apagavam a emoldurar a porta. Lá dentro a imagem da dita santa, com a habitual coroa, em cima de uma núvem plástica. Quando se abria a porta tocava o "Avé Maria".

Eu gostava de brincar com aquilo. Abria a portinha, escondia-me atrás do sofá a uns três metros de distância, com uma bolinha de trapos na mão, e mentalmente decidia em que momento da canção é que ia fazer a porta fechar-se, levantando-me de trás do sofá e atirando a bola.

Se conseguisse fazia um ponto. E ia contando os pontos uns atrás dos outros nas minhas tardes de brincadeira solitária na casa da minha avó.

O oratório não durou muito.
A fé da minha avó pela Nossa Senhora de Fátima também não, por motivos que nada tiveram a ver com o meu ímpeto destruidor de objectos de culto religioso.
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É preciso salientar aqui que nesse tempo ainda não tinham inventado a playstation.

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