Quando eu era uma chavalita de 13 ou 14 anos, os pensos higiénicos tinham que ser comprados nas farmácias.
Lembro-me que isso, para nós, era motivo de grandes embaraços, especialmente se do outro lado do balcão aparecia um marmanjo em vez duma senhora.
Quando era para comprar tampões, isso então era uma aflição. Decorávamos o texto em casa com antecedência e treinávamos ao espelho para termos a certeza que estávamos a conseguir pôr um ar seguro e despreocupado como nos anúncios aos ditos.
Depois quando lá chegávamos e nos víamos no meio de mais 14 ou 27 clientes a ter que pedir em voz alta "Tampões Tampax, se faz favor... tamanho mini..." enrolávamos a língua toda e tropeçávamos nas sílabas, o que nos obrigava a repetir a cena várias vezes, cada uma mais penosa do que a anterior.
Só que na altura em que eu tinha essa ingrata idade as revistas femininas começaram a encharcar-nos a cabeça com publicidade que afirmava categoricamente "Se não usas tampões, és antiquada!", e qual a miúda que em pleno ambiente revolucionário queria arriscar ser catalogada de antiquada, mesmo que para isso tivesse que passar por dolorosas insersões tamponais que, ainda que fossem de tamanho mini, era um Deus nos Acuda para conseguir aplicar?
Era neste tempo que nós achávamos uma injustiça não existir um código farmacêutico como existia para os preservativos, equivalente àquele tossir e piscar o olho acompanhado de um "Queria uma aspirina! Com lubrificante!"
No nosso caso podia ser qualquer coisa como "Cof cof cof... queria uma caixa de supositórios... cof cof cof... daqueles grandes em algodão... cof... e em forma de foguete..."
Margarida Espantada
Há 1 semana
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