11/02/2004

MAIS UMA HISTÓRIA DE CONTORNOS DOENTIOS

Hoje apetece-me fazer-vos gramar com mais uma historinha aqui do meu local de trabalho. É sobre o Silva, um dos nossos cromos de serviço que se reformou há uns anos e apareceu cá hoje de manhã para tratar de um assunto qualquer.

O Silva era o que se pode classificar como uma alma pura, coitado, devia ter um blog mas falhou na geração em que nasceu.
Para ele, era tão natural falar sobre os trâmites dos processos de que se ocupava no trabalho como sobre a conta bancária ou sobre um problema de hemorroidal que tinha tido depois de ir comer ao chinês. Punha em todos os assuntos a mesma candura.
Por isso havia muito quem se aproveitasse do Silva e o usasse para dar aos dias entediantes alguma animação.

Um dia, logo pela manhã, quando estávamos todos a chegar e a dar os bons dias, o Zé lembrou-se de lhe perguntar, como quem atira o barro à parede:
-Então Silva, tudo bem? Correu bem esta noite lá com a patroa?
Ora acontece que o Silva, homem de configuração muito alta e magra, casado com uma senhora que ao longe mais parecia uma bola de praia com pernas, logo tratou de responder:
-Oh pá! Foi muito mau! Experimentámos com ela por cima, mas às tantas eu já nem conseguia respirar e tive que lhe dizer "Ao contrário mulher, ao contrário!"

Esta expressão foi apropriada aqui no trabalho e ficou, para sempre, a nossa private joke preferida. Sempre que alguém diz qualquer coisa como, por exemplo, "Olha aí, isto preenche-se assim ou é ao contrário?", recebe logo como resposta: "Ao contrário é como o Silva pá!"
Até os putos novos que já para cá entraram depois do infeliz se ter reformado usam a expressão sem saberem muito bem porquê.

Sem comentários: