1/25/2006

LOST IN TRANSLATION

Recebo um toque... ou um kolmi... (as versões modernas do "Oh Mããããeeeeeeee!!!"). Ligo de volta.

-Olha uma coisa...
-Sim...
-Nós ficámos de chegar a casa à meia-noite...
-Pois.
-Mas é que, estás a ver, surgiu aqui um problema gravíssimo estás a ver?
-Então?
-É uma colega nossa, tipo, quer ir à Estação da Luz e isso, estás a ver?
-Mais ou menos.
-E não tem mais companhia nenhuma, está quase a chorar, coitada, só nos tem a nós... Então, tipo, podemos ir com ela e chegar uma bequita mais tarde?
-Uma bequita de que tamanho?
-Tipo... às 3?
-Espera aí que vou só ali colocar as orelhas de burro e já te respondo (esta parte é só mental). Está bem, pronto.
-Yes! Tchau!
-Portem-se bem!
-Sim! Tchau!
(desliga)

Depois fico a pensar porque insisto em dizer esta expressão, "porta-te bem", a miúdas entre os 15 e os 17 anos. Deve ser qualquer que está gravado na memória dos nossos genes. Porque qualquer mortal com um QI médio-baixo sabe que são duas palavras que, juntas por esta ordem, não fazem qualquer sentido na cabeça delas. E até nem é por mal, simplesmente não há, no mundo real, qualquer conceito que lhe corresponda.

Talvez fosse melhor começar a especificar o que significa a expressão no meu universo lexical:
-Não bebam álcool (pelo menos a partir do momento em que começarem a sentir a cabeça flutuar ligeiramente acima do corpo),
-Não se pastilhem nem que vos peçam de joelhos,
-Não acreditem na cantiga do bandido nem no fado do desgraçadinho,
-Não apanhem boleia de ninguém que tenha um carro anterior a 1980, modificado e artilhado,
-Não fumem,
-Não assaltem carros, nem casas, nem molestem ninguém. Afastem-se de quem vos possa parecer minimamente inclinado a actividades dessa natureza,
-Não se metam em zaragatas,
-Se se sentirem ameaçadas digam que o vosso último namorado está a morrer com uma doença contagiosa que a ciência ainda não identificou e provoca a desintegração gradual do corpo a começar pelos genitais.

Mas depois, também, o dinheirão que se gastava em telemóvel...

2 comentários:

Chibo Ranhoso ® disse...

Pois é. E ao preço que estão as chamadas.

luis manuel disse...

Uma beca de comentário :
Frase repetida, ene vezes.
Expressão seriamente desenvolvida!

Mais um papo-seco para a fornada !
Boa semana