Porque é que as coisas deixaram de ser?
Não sei se repararam, caros clientes, mas parece que hoje em dia (e eu até nem gosto de usar esta expressão, soa a cota fora de prazo, mas não arranjei outra assim de repente) já nada É. Só é quase. É um intento, um plano, uma acção provisória.
Lembro-me de um grupo de pessoas a tocar música, boa ou má, ser um conjunto, um grupo, mais tarde uma banda. Agora é um projecto.
Um livro era um livro, um romance, uma novela, o que fosse. Agora é um projecto.
Uma acção, mesmo que não desse em nada de nada, era pelo menos isso, ou um programa. Agora é um projecto, um projecto anti-pobreza, anti-exclusão, anti-qualquer coisa.
Até uma porcaria dum bar ou dum restaurante ou uma loja de souvenirs é um projecto.
Já ninguém tem o descaramento de dar um nome explícito a nada do que faz. Todos estamos envolvidos em projectos que nunca mais deixam de o ser.
A puta da vida passou a projecto.
Parece que toda a gente passa o dia a esquematizar projectos, depois vai para casa fazer um projecto de jantar e a seguir dá um projecto de queca da qual vão saindo uns projectos de criaturas que um dia farão mais projectos como os pais.
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