COMO UNS BATEM PUNHETAS E OS OUTROS APLAUDEM
O buraco de 3.000.000 e picos de euros que o Tribunal de Contas encontrou na Companhia Nacional de Bailado deve-se a despesas sem dotação orçamental, ou seja, despesas que simplesmente lhes apeteceu fazer e fizeram, sem qualquer regra, do tipo de jantares, viagens, contratação misteriosa de pessoal, prémios e o que a vossa imaginação conseguir encontrar.
Agora vamos fazer uma aposta. O que é que vai acontecer depois de descoberta a marosca? Podem escolher uma ou mais variáveis:
a) Nada,
b) Os responsáveis vão responder disciplinar e criminalmente e aguentar-se à bronca com as consequências,
c) Vai-se juntar um grupinho de tachistas (tal como aconteceu no caso do Bailado Gulbenkian*) com umas tias e tios muito histéricos a bradar aos céus que querem acabar com a cultura neste país e o povinho vai na onda,
d) Vai assistir-se a uma campanha orquestrada nos media provando por A+B que os grandes criativos não podem perder tempo nem cortar a sua superior veia criadora com questõezinhas prosaicas como orçamentos.
Somos um país de artistas e artolas. Um lugarejo onde a escolaridade continua a ser baixa e a cultura das pessoas se resume a saber trautear as músicas do Quim Barreiros e conhecer os nomes dos jogadores do benfica. O habitat ideal para se desenvolver uma sociedade dividida entre “Os Iluminados” e “Os Outros Todos”.
Os iluminados são os artistas e os outros todos somos nós, os artolas, que picamos o ponto todos os dias e vamos trabalhar, e nem sequer queremos ser apanhados na curva com a suspeita de não sabermos apreciar um filme sem imagem, um bailado em que todos parecem estar acometidos de espasmos epiléticos ou um sarau de poesia com uma tia balofa e chata a ler umas linhas à média luz com ar de quem está quase quase a vir mas nunca mais vem.
Esta merda, sinceramente, ofende-me. É obscena. É pobre, acima de tudo.
*Para quem não estiver lembrado, o bailado da Gulbenkian foi extinto, entre brados e prantos de desespero, por ter despesas incomportáveis para qualquer mortal (entre vencimentos dos iluminados e produções caríssimas) e não haver público suficiente que tivesse pachorra para os ir ver a coçarem-se em palco.
Margarida Espantada
Há 1 semana
6 comentários:
eu acho que está certa a resposta b)
Ooops, este post é a sério?
não tinha reparado!
(eu gosto do quim barreiros e não gosto do abrunhosa...E dito isto, espero que não apagues o meu comentário!
Se a ementa da CNB fosse, de vez em quando, Q.Barreiros, talvez o "fosso" não fosse tão grande!
Olhem, não sei. Entre Quim Barreiros e Abrunhosa prefiro cantar sozinha no duche. Mas não me parece que se deva a grande qualidade de programação o tal fosso, é só mesmo intrujice, com ou sem Quim Barreiros.
A resposta certa é a C)sem tirar nem pôr... Os tios e tias continuam mais interessados no bailado, do que nos bailes que levamos à conta dos € públicos!
Best regards from NY! »
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