10/17/2006

SEXO ORAL, ANAL E OUTROS


Em Madrid, mesmo em frente ao Palácio Real, há uma enormidade a que eles chamam Catedral de Almudena. Não sei se os estimados clientes já tiveram oportunidade ou não de visitar a dita, mas a minha experiência foi nesta base:
Por fora parece um edifício de arquitectura clássica... mas ao mesmo tempo, não parece. É demasiado fresco para tal.
Entramos, naquela do “deixa cá ver o que é isto” e, “surprise!”, lá dentro tem umas arcadas góticas, uns vitrais kitsch com umas bonecadas saloias a fazer lembrar o meu antigo catecismo, umas esculturas tipo Barraquinha da Feira de São Mateus (ou seja, realismo barato), mas maiores e umas pinturas no tecto que são qualquer coisa entre a imitação de padrões árabes e o papel de parede da casa da tia da Rosarinho. Podemos ainda observar outros pormenores fatelas aqui e ali, sem que nenhum tenha rigorosamente nada a ver com o outro.
A sumptuosidade e a enormidade do edifício, no entanto, não passam despercebidas a ninguém. Barato ele não foi.
À medida que exploramos o espaço cresce a perplexidade. Como raio vieram aqui parar uns arcos góticos? O edifício parece recente! O que é isto? Como foi feito? Com que intenção? Quem terá tido tal ideia?
Procuramos uma inscrição, um folheto, uma informação qualquer que satisfaça a nossa curiosidade mas não há nada!
Foi só mais tarde, já de volta ao hotel e na posse de literatura trazida de Portugal, que descubro que aquela coisa foi construída em... 1992 (???!!!). Pasme-se! O intento foi, nada mais nada menos, do que haver uma catedral em Madrid porque não havia. Voilá! Parece que a única coisa “importante” que lá aconteceu até hoje foi o casamento dos príncipes das Astúrias. E parece também que, na altura da construção, algumas vozes se terão levantado contra tal ofensa ao mais básico do bom senso... e do gosto.
Agora, envergonhados, tratam aquela coisa como se simplesmente não existisse. Da literatura distribuída nos circuitos turísticos nada consta. Como se fosse um “Ups! Vamos esquecer!”. Pronto. Infelizmente para eles, o tamanho não permite que a asneira passe sem ninguém dar por ela.
Para mim, portuguesa, foi uma experiência alucinante.
Porque não consegui deixar de pensar no exemplo do Centro Cultural de Belém, tão discreto e subtil e simples e, à vista daquilo, tão coerente e integrado, e que na altura foi tão criticado por tanta gente. Imagino o que seria a construção duma Catedral gótico-clássico-chunga por cá. Uma guerra civil? Ou será que o pessoal gostava?
Porque é que somos sempre tão duros connosco quando os outros conseguem ser tão piores?

PS: Caramba! Há qu'anos que não me enganava assim no título dum post! Perdon!

4 comentários:

Tiburcius disse...

Tornem-se comentadores habituais do blog mais critico e polémico da blogosfera e tenham a honra de deixar marca na mítica frase do mês!
Os vossos comentários contam e nós contamos com eles.

inominável disse...

Sabes que mais? Adorei o título... e o seu despropósito em relação ao comentário... Li até ao fim... com água na boca... não é mesmo a melhor forma de dar credibilidade ao título????

São Rosas disse...

Onde tens o livro de reclamações?
;-)

Didas disse...

Tiburcius! Depois eu mando-te a tabela de taxas da publicidade! :)))

Oh Inominável! É que eu de vez em quando tenho estes enganos! É da idade!

São, rapariga! Eu sabia que tu eras mulher para apreciar arcos góticos! :)))