Paulinha dos 25 era a alcunha dada a uma senhora que frequentou a cidade há uns quinze anos. Paulinha porque provavelmente seria Paula. O diminutivo era o indicativo de estatuto menor... ou de tratamento carinhoso... ou ambos ao mesmo tempo. Vinte e cinco, a alusão ao montante que supostamente custava algum tempo de intimidade com ela. Vinte e cinco contos, já que era no tempo do dinheiro velho.
Diziam os homens frustrados da cidade com os olhinhos a brilhar, aqueles que vivem à espera dum momento intenso nas suas vidas mas nunca tiveram, ou coragem ou oportunidade, que os vinte e cinco contos (à altura uma quantia mais ou menos considerável) eram muito bem pagos, pois a experiência era inesquecível, o que provocava um sorriso misericordioso nas mulheres.
A Paulinha passava os dias na montra do café Zig-Zag, onde supostamente efectuava as suas negociações. Vi-a lá muitas vezes. Era vistosa e não passava despercebida a ninguém. Óbvia necessidade do ofício.
Quando ela desapareceu, circulou o rumor de que teria morrido. O mistério da morte adequava-se à aura da personagem.
Não morreu. Disseram-me há tempos que é dona dum estabelecimento mal frequentado.
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