E eu nem sou esquisita!

Eh pá eu até nem tenho nada contra o natal. Até me aguento bem com as lojas apinhadas de gente sob hipnose profunda a mandar embrulhar porcarias que não interessam nem ao menino Jesus, com as decorações foleiras, com o raio das mensagens de amor e solidariedade da treta, com os jantares e as bubas mesmo que não as possa apanhar eu por ir a conduzir, com as trocas de prendinhas até dois euros compradas no chinês, com os mails de desejos de boas festas a entupir tudo, com gajos vestidos de Pai Natal a chegar aos centros comerciais acompanhados dumas tolas vestidas de ajudantes, com o coro de santo amaro de Oeiras a cantar o A Todos Um Bom Nata-a-a-a-al, com os filmes da matiné que ainda são mais imbecis que de costume nesta época, com a lingerie mãe natal nas montras a sugerir aos tristes que também podem ter uma vida sexual, com mais uma versão do Jingle Bells, com mais uma versão do conto de Natal do Dickens desta vez com bonecas insufláveis, com as pessoas que não nos conhecem de lado nenhum e se estão a cagar para nós a desejar-nos boas festas, com a dinheirama maluca que se gasta nesta época sem a gente saber bem em quê, com o cheiro a fritos por todo o lado...
O que eu já não aguento é acordar de manhã, ligar a televisão ainda meio ensonada, e estar a dar mais um circo em Montecarlo com a voz off do Eládio Clímaco a explicar que os trapezistas são gémeos siameses falsos e vieram da Conchichina a escorregar por uma tábua abaixo.