2/01/2010

Olá queridos! Têm passado benzinho? Eu sim, obrigada. Vamos ver então os acontecimentos mais importantes da semana que passou:

1. Em entrevista, o Sr Belmiro de Azevedo afirmou que Cavaco Silva é um ditador. Assim, nem mais!... Por falar nisso, o Belmiro é aquele que no Natal disse que os empregados não iam fazer greve e eles não fizeram mesmo... não é?

2. Ricardo Salgado, presidente do BES, disse que com a tributação dos prémios, os gestores vão começar a sair do país. Fazemos todos votos de que não seja só uma promessa, como é costume.

3. Esta semana tiveram início as comemorações dos cem anos de república que afinal são só 52 porque o estado-novo não conta. E bem conversadinho ainda se tiravam mais alguns. Mas como ia dizendo, tiveram início as comemorações, no Porto, com uma espécie duma cegada que parecia os miúdos a brincar aos "cobóis" na rua. Na verdade, tenho pena de ter perdido porque aquilo ao vivo deve ter sido um fartote.

4. Teixeira dos Santos disse que o TGV vai ser adaptado à realidade orçamental. Ok, já estamos a imaginar.

E pronto queridos clientes, por hoje é tudo. Fiquem bem e tomem lá a beijoca do costume da vossa

Rosarinho

8 comentários:

A.B. disse...

Rosarinho, francamente!
Em todos os negócios que tenho com o Sr. Belmiro recebo coisas em troca do meu picanito - leite, detergentes, queijos, etc. Quase sempre dentro do prazo de validade. Não é o mesmo com o outro, do qual não recebi nada a não ser dívidas públicas e opiniões parvas. Algumas sem validade.
Veja lá que também acho que o Salgado tem razão. O Estado não tem que meter o nariz onde não é chamado - e o BES nunca o chamou - e se continuam a taxar desta boa maneira até as manicures saem do país. Há uma coisa que se chama mérito. Os políticos já nem sabem o que isso é. Os Portugueses não estão habituados, não entendem nem suportam que desde o pedreiro ao gestor, o melhor merece ganhar mais. Acha mesmo que quando os nossos melhores gestores forem o Sócrates&Cia ficamos melhor? Esses é que ganham demais, não são os dos bancos. A não ser talvez os da CGD, que não ficam atrás dos do BPN.

Rosarinho disse...

Porra que mau feitio! Olhe, se me arranjarem um tacho de gestora, mesmo com tributação, eu prometo que não sio do país. Esses prémios são uma vergonha num país onde há pobreza!
Quanto ao Belmiro, eu não estava a defender o Cavaco, Deus me livre!

A.B. disse...

Eu não tenho mau feitio. Bem, não sempre.
Rosarinho, eu não percebo qual é a autoridade do Estado para limitar aquilo que não sai do bolso do contribuinte - sobretudo quando faz o que faz ao que sai do bolso do contribuinte.
Experiências passadas mostraram que, se trabalhar muito ou pouco dá o mesmo no fim do mês, acaba tudo a coçar os tomates e a nivelar por baixo - estranho, de repente veio-me à cabeça a função pública.
Pondo a questão doutra maneira; a competência deve ou não ser recompensada? Eu vou a uma médica há anos. É boa médica, tem sempre filas de gente à espera. Não muito longe há um consultório cheio de médicos que está mais ou menos às moscas. A minha médica faz, de certeza, muito mais dinheiro que o outro consultório todo junto - também trabalha mais.
Eu não aceitava de bom grado que o Estado me obrigasse a ir a outro médico (estamos a falar de clínicas privadas), por exemplo limitando o número máximo de doentes que ela pode atender por mês. Ela é que se limita, e assim é que deve ser.
Lembre-me um dia para eu lhe contar como tive que aumentar clandestinamente os meus empregados, para não ser linchado pelos colegas do ramo...

Didas disse...

AB, acredito no mérito. Sou totalmente contra o cinzentismo que se apoderou duma sociedade com tiques de esquerda em que já nem na escola se pode fazer um quadro de honra dos putos que valem para isso. Mas prémios de milhões à custa dos desgraçados que se vêem à rasca para pagar a casa ao banco, é imoral. E como era para responder a sério nem deixei vir a Rosarinho, vim eu.

A.B. disse...

Didas, se quer levar o assunto para o campo da moralidade não tenho argumentos. Há famílias em África que não têm para um dia a água que um homem gasta de manhã a fazer a barba, e acredite que tenho a penosa consciência disso. E isto não tem a ver com mérito, mas com direito. Com respeito pela propriedade. O Estado tanto tem o direito de tutelar o banco do Sr. Salgado como a tasca do Sr. Gomes. Ou tem, ou não tem. Se fôr uma economia intervencionada (comunista, fascista), tem. Numa democracia não tem. Se o Sr. Salgado entende dar um prémio milionário a um gestor, ou se o Sr. Gomes entende dar um prémio extraordinário à empregada da limpeza, por alguma razão será. O Sr. Salgado se calhar quer manter o gestor e o Sr. Gomes quer papar a empregada, não interessa. Se o Sr. Salgado e o Sr. Gomes por isso têm que aumentar os spreads ou o preço das minis, estão sujeitos a ficar sem clientes. Mas, se o Estado começa a tutelar o Sr. Salgado, o precedente histórico mostra que não demora muito a tutelar o Sr. Gomes. Mesmo invocando motivos extraordinários - e é assim que começa -, a partir do momento em que se põe de parte o direito, o caminho é o do totalitarismo. Aí, Didas, a moral é simples: é a oficial. Olhe, se é verdade o que se diz do Mário Crespo e do Rebelo de Sousa, já andámos mais longe disso.

A.B. disse...

E permita-me acrescentar ao longo comentário que a moral tem as costas muito largas e os limites muito vagos. Cada qual traça a sua linha divisória onde lhe convém, ou onde se sente cómodo. Sendo a vida um processo evolutivo, a linha não é estática. O que a Didas também já certamente observou, é a rapidez com que certas pessoas mudam a linha ao sabor do vento. A minha maneira de pensar traz-me alguns dissabores, mas por enquanto não estou preparado para abdicar do que acredito só porque não é popular ou conveniente. Conheço demasiadas pessoas que eram comunistas na juventude, e hoje votam no CDS porque não há nada mais à direita. Correram a paleta à medida que foram subindo na carreira e passando do Fiat para o BMW. Se há um duvidoso elogio que posso fazer a mim mesmo, é que na juventude não sabia bem o que era, e hoje continuo sem saber. Sei mais um pouco a cada dia, ou pelo menos assim espero.

Didas disse...

Como eu, mais ou menos como eu. Mas já vi que nesta questão da chulice dos bancos não estamos de acordo e ponto final.

A.B. disse...

É uma honra poder estar em desacordo consigo, Didas.