- Sabe o que é que faz falta a este país? - dizia ele a propósito dos parquímetros - É um novo Salazar para pôr isto tudo na ordem!
Encolhi os ombros. Além de estar a trabalhar e não ter tempo para conversa do tipo "não vamos a lado nenhum", um novo Salazar só serviria, no caso do estacionamento pago, para que gajos como ele não andassem por aí a resmungar contra o poder que o faz pagar trinta cêntimos para deixar o carro em frente à repartição pública onde vai tratar dum assunto. O que por acaso até seria bom, não há pachorra para esta gente.
Mas perante a minha atitude ele mudou. Do ar afável de velhinho simpático passou de repente a um olhar viperino de quem me queria fulminar.
- A senhora!... - dizia ele com um dedo no ar apontado a mim - Sem dizer uma única palavra mostrou tudo o que é!
Isto como se não gramar a personagem "Salazar" nem nada do que a criatura representa fosse um segredo terrível que se tenta esconder.
Há gente tão estranha...
3 comentários:
Todos temos um salazar na gaveta da cozinha.
Provavelmente uma pessoa que há 40 anos reclamava contra a ditadura, mas então de si para si.
R.
sim jg... na verdade... que sentimento profundo...
R., de certezinha, corto tudo rentinho.
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