Não é com este tipo de mensagem demagógica (bem disposta, mas demagógica) que conseguem convencer quem quer que seja a aderir à causa monárquica. O despesismo português já vem de bem longe, bem antes da República, quando nos deslumbrámos com o ouro que vinha do Brasil. E D. Carlos não tinha propriamente fama de ser poupado. Até hoje no Reino Unido, por exemplo, existe um debate sobre os gastos elevados da Coroa (sim, que isto de manter palácios e mordomias tem que ser o povo a pagar). Perseguições também as houve no tempo da Monarquia, ou não? Não creio que o Marquês de Pombal fosse um feroz republicano... Foi nos tempos da Monarquia que começámos a perder o comboio em relação ao resto da Europa que entrava com fulgor na Revolução Industrial. Acho de mau tom associar-se a República ao Estado Novo como se os ideais perfilhados fossem os mesmos - que não eram, de todo! - e como se as monarquias fossem imunes a ditaduras. E se é verdade que podia ter corrido muita coisa melhor após o 25 de Abril, o cenário descrito no vídeo parece-me demasiado negro e catastrofista, pois ignora uma inegável evolução em áreas como a Saúde e Educação e uma melhoria da qualidade de vida em termos gerais. Não é por estarmos em crise que podemos esquecer isso. A Finlândia, que recentemente foi considerado o país com melhor qualidade de vida, é uma república. Assim como são a França, a Alemanha, a Suíça, os EUA. Não digo que a Monarquia pode impedir o desenvolvimento económico e social, mas também não é um garantia disso. E digo o mesmo da República. Afirmar o contrário parece-me desonestidade intelectual.
Desculpem-me, mas mal ou bem, prefiro escolher quem representa o meu país e prefiro que qualquer cidadão tenha esse direito. É uma questão de princípio. Não morreria de desgosto se tivesse um rei (mesmo que fosse o D. Duarte), mas alguém, aparte ideiais romantizados, acredita mesmo que estariamos melhor?
Parabéns. Há muito que não vinha a este blogue, mas gostei deste ponto de vista. Para variar das solenidades do momento, em que anda tudo a dormir... Faltaram os últimos 6 anos...
HG, bom comentário, dos que dão luta. Sim senhor. Mas vamos por partes. 1. Eu sei que monarquia não é garantia de nada. Mas a verdade é que república também não é garantia de nada e é isso que nos andam a vender. Sem vergonha nenhuma 2. Sei bem que muita coisa evoluiu (para melhor) depois do 25 de Abril. A minha dúvida é se isso se deveu mesmo ao 25 de Abril ou se são conquistas civilizacionais que teriam acontecido "no matter what". 3. A mais importante de todas. Aí está a grande diferença entre nós: O mais alto representante da nação, quanto a mim, não devia ser eleito. Deveria ser uma figura permanente, um símbolo forte da união do povo. Acho que um rei consegue ser isso. Um presidente, eleito de 5 em 5 anos num leilão de partidos políticos, não consegue nunca ser o representante de todos os portugueses. É sempre um gajo que subiu dentro dum partido, que deve favores, que está comprometido. O presidente, assim como o rei, é mais uma figura simbólica do que outra coisa. A eleição não tem interesse nesse caso, tem mais interesse o valor simbólico da figura. 4. Mesmo no Reino Unido, com aqueles gastos malucos, cada britânico não desembolsa tanto para sustentar aquilo como cada portuga desembolsa para sustentar o Sr. Aníbal, D. Maria e companhia.
Nadinha, por favor veja com mais atenção. Não faltaram anos nenhuns. 16+48+36=100. Matemática pura!
Não resisti a colocar este vídeo no Terra Imunda, como irá notar, dizendo a fonte, claro. Como resultado, também o partilhei no Facebook, pois tenho os blogues no Facebook. Muita gente adorou. Não sou monárquica, mas é tudo verdade. Sim, já vi que refere vagamente 16 anos, mas os últimos 6 foram os mais inconcebíveis dos 16... este blogue não está no Facebook?
7 comentários:
Não é com este tipo de mensagem demagógica (bem disposta, mas demagógica) que conseguem convencer quem quer que seja a aderir à causa monárquica. O despesismo português já vem de bem longe, bem antes da República, quando nos deslumbrámos com o ouro que vinha do Brasil. E D. Carlos não tinha propriamente fama de ser poupado. Até hoje no Reino Unido, por exemplo, existe um debate sobre os gastos elevados da Coroa (sim, que isto de manter palácios e mordomias tem que ser o povo a pagar). Perseguições também as houve no tempo da Monarquia, ou não? Não creio que o Marquês de Pombal fosse um feroz republicano... Foi nos tempos da Monarquia que começámos a perder o comboio em relação ao resto da Europa que entrava com fulgor na Revolução Industrial. Acho de mau tom associar-se a República ao Estado Novo como se os ideais perfilhados fossem os mesmos - que não eram, de todo! - e como se as monarquias fossem imunes a ditaduras. E se é verdade que podia ter corrido muita coisa melhor após o 25 de Abril, o cenário descrito no vídeo parece-me demasiado negro e catastrofista, pois ignora uma inegável evolução em áreas como a Saúde e Educação e uma melhoria da qualidade de vida em termos gerais. Não é por estarmos em crise que podemos esquecer isso. A Finlândia, que recentemente foi considerado o país com melhor qualidade de vida, é uma república. Assim como são a França, a Alemanha, a Suíça, os EUA. Não digo que a Monarquia pode impedir o desenvolvimento económico e social, mas também não é um garantia disso. E digo o mesmo da República. Afirmar o contrário parece-me desonestidade intelectual.
Desculpem-me, mas mal ou bem, prefiro escolher quem representa o meu país e prefiro que qualquer cidadão tenha esse direito. É uma questão de princípio. Não morreria de desgosto se tivesse um rei (mesmo que fosse o D. Duarte), mas alguém, aparte ideiais romantizados, acredita mesmo que estariamos melhor?
Parabéns. Há muito que não vinha a este blogue, mas gostei deste ponto de vista. Para variar das solenidades do momento, em que anda tudo a dormir...
Faltaram os últimos 6 anos...
HG, bom comentário, dos que dão luta. Sim senhor. Mas vamos por partes.
1. Eu sei que monarquia não é garantia de nada. Mas a verdade é que república também não é garantia de nada e é isso que nos andam a vender. Sem vergonha nenhuma
2. Sei bem que muita coisa evoluiu (para melhor) depois do 25 de Abril. A minha dúvida é se isso se deveu mesmo ao 25 de Abril ou se são conquistas civilizacionais que teriam acontecido "no matter what".
3. A mais importante de todas. Aí está a grande diferença entre nós: O mais alto representante da nação, quanto a mim, não devia ser eleito. Deveria ser uma figura permanente, um símbolo forte da união do povo. Acho que um rei consegue ser isso. Um presidente, eleito de 5 em 5 anos num leilão de partidos políticos, não consegue nunca ser o representante de todos os portugueses. É sempre um gajo que subiu dentro dum partido, que deve favores, que está comprometido. O presidente, assim como o rei, é mais uma figura simbólica do que outra coisa. A eleição não tem interesse nesse caso, tem mais interesse o valor simbólico da figura.
4. Mesmo no Reino Unido, com aqueles gastos malucos, cada britânico não desembolsa tanto para sustentar aquilo como cada portuga desembolsa para sustentar o Sr. Aníbal, D. Maria e companhia.
Nadinha, por favor veja com mais atenção. Não faltaram anos nenhuns. 16+48+36=100. Matemática pura!
Não resisti a colocar este vídeo no Terra Imunda, como irá notar, dizendo a fonte, claro. Como resultado, também o partilhei no Facebook, pois tenho os blogues no Facebook.
Muita gente adorou.
Não sou monárquica, mas é tudo verdade.
Sim, já vi que refere vagamente 16 anos, mas os últimos 6 foram os mais inconcebíveis dos 16...
este blogue não está no Facebook?
Dos 36! 36! Os 16 são os primeiros! Ok, acaba tudo em 6 :)
Sim, este blogue está no facebook. Está o link ali ao lado! :)
Eu gosto é destas visões optimistas... ;)
R.
Isto é passado, não é futuro. É mesmo só história.
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