Há uns vinte anos, mais coisa menos coisa, deixei de ir a um famoso restaurante aqui do burgo. Só por sugestão, porque os pobres não tiveram culpa nenhuma do que aconteceu. Simplesmente, depois de ter visto o matarruano na mesa ao lado a tirar a dentadura e sacar os bocaditos de carne entre os dentes da dita com a unhaca do dedo mindinho não dava. Não dava mesmo. Até porque ainda que lá não entrasse, aquela visão continuou a povoar os meus piores pesadelos, a par com a queda dum prédio de 150 andares e uma noite de amor com o Sr. Aníbal Silva a espumar-se pelos cantos da boca. Mas como o povo diz que o tempo tudo cura e eu de vez em quando acredito no povo, e como aquela imagem já longínqua se começou a esfumar em bruma, ontem voltei lá. Durante uns dez minutos a contar do momento em que entrámos e nos sentámos, tudo bem. Tudo bem até que o empregado de mesa trouxe a lista de vinhos e a abrimos. Lá dentro, descontraída, com as antenazinhas a dar a dar como que indecisa entre um Barca Velha tinto e um reserva Ferreirinha, passeava uma barata. Caramba, estava a correr tão bem! Reclamámos, claro. Reclamámos com quem deve ter tido menos culpa que era o gajo que estava ali à nossa frente. E o pobre, com cara de quem pensava que nunca devia ter saído da cama naquela manhã, a tentar acertar no bicho com um guardanapo que tirou da mesa ao lado até que conseguiu esborrachá-lo sem piedade diante dos nossos olhos. Pá... há coisas que parece karma... quando não dá não dá.
7 comentários:
Como prémio de consolação imagina o gajo de há 20 anos atrás a tirar com a unhaca as antenas e os restos da barata esborrachada de entre os dentes da dentadura postiça...era um bocadinho mais nojento, mas quando não dá, não dá.
Também tinha um episódio parecido para contar mas, para pior, já basta assim!
Que galo!!
É que é mesmo galo!!
Com o guardanapo? Daqueles de pano, que a gente só lava e volta a usar?
mas os frangos de lá são muito bons... deve ser de se alimentarem de baratas!
É nojento e à portuguesa!...
Zé de Aveiro
Oh Vítor, porra!
Jorge, conta! Conta! Conta!
mfc, por acaso foi leitão. Sabe Deus com quê no molho!
Mirian, sim, desses.
Saltapocinhas, se as galinhas as comessem elas não andavam a passear na carta de vinhos!
Zé, estou certa que isto não é um exclusivo português. Cheira-me.
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